Encosto a cabeça na parede e observo as pessoas ao meu redor. Em seguida, caminho até o parapeito da sacada e encaro o gramado. Meus olhos vão em direção a uma situação específica. Sempre me pergunto: "Por que algumas meninas se comportam de certa maneira, apenas para chamar a atenção dos meninos? Será que elas não percebem que existe um mundo diferente, além de ter um "cara" para beijar e exibir aos amigos idiotas dele?
Sinto-me comovida com uma garota loira magra, sentada no colo do namorado dela. Ele colocou uma mão na coxa dela e depois olhou em direção aos amigos. Com roupas coloridas e um sorriso de revista, logo percebi que ela faz parte da equipe de torcida. Seu namorado, o valentão, usa uma roupa do time de basquete e a beija intensamente. Ele tem aquele ar machão: popular, forte e rodeado de pessoas legais.
Afastei os pés do parapeito e ouvi alguém gritar:
— O que está olhando, esquisita? Seu namorado não te beija assim? — Encarei a garota loira, que se agarrou ao namorado e sorriu para mim, como se aquele insulto fosse um elogio para ela.
Revirei os olhos, endireitei a postura e comecei a andar para trás, sem prestar atenção no mundo ao meu redor. Quando o sinal finalmente tocou, um garoto passou correndo pelo corredor e esbarrou em mim. Nossos corpos caíram no chão e, por um momento, pareceu que o tempo havia parado.
"Como isso havia acontecido?", perguntei a mim mesma, enquanto o garoto se levantava, se afastava e começava a rir do que havia ocorrido.
— "Cara", você é louco! — Seu amigo de cabelos raspados e pele morena bateu em seu ombro, observando-me encostada no chão.
Levantei-me, organizei meus materiais e segui para dentro da sala de aula. Com a mente conturbada, sentei-me na primeira carteira próxima às janelas.
Meu futuro nesta escola depende de minha grande entrada. É aqui onde as pessoas vão me avaliar e formar sua opinião sobre quem eu sou ou, pelo menos, quem eu aparento ser para elas.
Retiro o material da mochila e espero pelo silêncio. De repente, todos os outros alunos, incluindo o garoto que esbarrou em mim, entram na sala de aula ao lado do professor de Inglês.
— Vamos lá, pessoal! Vocês precisam entrar... — diz o professor, fechando a porta da sala. Todos entram e sentam-se.
Eu espero que o professor não repare em mim, mas é uma esperança falsa. Ao virar-se à direita, ele encara-me com um sorriso e acena para mim.
— Temos uma nova aluna. Venha até aqui, menina. Vou te apresentar à turma — ele fala, devolvendo-me o papel. — Pessoal, essa é a nossa nova aluna, Christin — ele continua, enquanto escuto sussurros sobre mim e percebo as pessoas começando a montar duplas.
Como imaginei, minha imagem não agradou ao júri. Serei a mesma garota de sempre: estranha e sem amigos. Volto para minha mesa e observo as pessoas criarem seus grupos. Abro meu livro e começo a fazer o trabalho sozinha.
Durante a aula, mantenho-me espremida entre minha carteira, tentando fingir que não estou escutando o que dizem sobre mim:
"Cabelo estranho... Esquisita... Corpo estranho... Orelhas pontiagudas...". As pessoas não se importam com o que você sente. Antes mesmo de conhecê-lo, elas o apontam e lhe dão etiquetas. Elas são céticas, acreditam apenas no que veem ou no que lhes convêm. E eu, ou quem minha aparência afirmava ser para eles, não as agradei.
Escrevi um poema, e meu professor disse que gostou. Ele perguntou se eu permitiria que ele o colocasse no jornal da escola, e eu disse com a cabeça que sim.
Antes de sair da sala, vi o garoto que esbarrou em mim. Ele estava ao lado do amigo e me encarou de volta quando o encarei também. O amigo dele passou por mim e derrubou meus livros no chão.
— Bem-vinda! — fala o idiota, rindo e indo em direção aos seus amigos valentões.
Nesse momento, uma música toca na minha cabeça:
2. Lorde, Yellow Flicker Beat (Hunger Games), 2014).
Agorasou visível. Mas não da maneira que imaginei que seria. Ando pelos corredorespara minha próxima aula e imagino um mundo de contos de fadas. Seria tão legalse pudesse ter poderes ou asas... Talvez conseguisse fugir para longe.
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A Garota Que Não Tinha Cores: Yellow
Teen Fiction"... se as pessoas pudessem ser uma cor, eu seria amarelo." No drama adolescente, Christin Dank, uma garota de 15 anos de idade, solitária e com uma família conturbada, tenta se adaptar a uma nova escola. Sua luta entre a empatia, o bullying e os c...