03: Aparências

9.4K 1.1K 448
                                    

                  Encosto a cabeça na parede e observo as pessoas ao meu redor

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

                  Encosto a cabeça na parede e observo as pessoas ao meu redor. Em seguida, caminho até o parapeito da sacada e encaro o gramado. Meus olhos vão em direção a uma situação específica. Sempre me pergunto: "Por que algumas meninas se comportam de certa maneira, apenas para chamar a atenção dos meninos? Será que elas não percebem que existe um mundo diferente, além de ter um "cara" para beijar e exibir aos amigos idiotas dele?

Sinto-me comovida com uma garota loira magra, sentada no colo do namorado dela. Ele colocou uma mão na coxa dela e depois olhou em direção aos amigos. Com roupas coloridas e um sorriso de revista, logo percebi que ela faz parte da equipe de torcida. Seu namorado, o valentão, usa uma roupa do time de basquete e a beija intensamente. Ele tem aquele ar machão: popular, forte e rodeado de pessoas legais.

Afastei os pés do parapeito e ouvi alguém gritar:

— O que está olhando, esquisita? Seu namorado não te beija assim? — Encarei a garota loira, que se agarrou ao namorado e sorriu para mim, como se aquele insulto fosse um elogio para ela.

Revirei os olhos, endireitei a postura e comecei a andar para trás, sem prestar atenção no mundo ao meu redor. Quando o sinal finalmente tocou, um garoto passou correndo pelo corredor e esbarrou em mim. Nossos corpos caíram no chão e, por um momento, pareceu que o tempo havia parado.

"Como isso havia acontecido?", perguntei a mim mesma, enquanto o garoto se levantava, se afastava e começava a rir do que havia ocorrido.

— "Cara", você é louco! — Seu amigo de cabelos raspados e pele morena bateu em seu ombro, observando-me encostada no chão.

Levantei-me, organizei meus materiais e segui para dentro da sala de aula. Com a mente conturbada, sentei-me na primeira carteira próxima às janelas.

Meu futuro nesta escola depende de minha grande entrada. É aqui onde as pessoas vão me avaliar e formar sua opinião sobre quem eu sou ou, pelo menos, quem eu aparento ser para elas.

Retiro o material da mochila e espero pelo silêncio. De repente, todos os outros alunos, incluindo o garoto que esbarrou em mim, entram na sala de aula ao lado do professor de Inglês.

— Vamos lá, pessoal! Vocês precisam entrar... — diz o professor, fechando a porta da sala. Todos entram e sentam-se.

Eu espero que o professor não repare em mim, mas é uma esperança falsa. Ao virar-se à direita, ele encara-me com um sorriso e acena para mim.

— Temos uma nova aluna. Venha até aqui, menina. Vou te apresentar à turma — ele fala, devolvendo-me o papel. — Pessoal, essa é a nossa nova aluna, Christin — ele continua, enquanto escuto sussurros sobre mim e percebo as pessoas começando a montar duplas.

Como imaginei, minha imagem não agradou ao júri. Serei a mesma garota de sempre: estranha e sem amigos. Volto para minha mesa e observo as pessoas criarem seus grupos. Abro meu livro e começo a fazer o trabalho sozinha.

Durante a aula, mantenho-me espremida entre minha carteira, tentando fingir que não estou escutando o que dizem sobre mim:

"Cabelo estranho... Esquisita... Corpo estranho... Orelhas pontiagudas...". As pessoas não se importam com o que você sente. Antes mesmo de conhecê-lo, elas o apontam e lhe dão etiquetas. Elas são céticas, acreditam apenas no que veem ou no que lhes convêm. E eu, ou quem minha aparência afirmava ser para eles, não as agradei.

Escrevi um poema, e meu professor disse que gostou. Ele perguntou se eu permitiria que ele o colocasse no jornal da escola, e eu disse com a cabeça que sim.

Antes de sair da sala, vi o garoto que esbarrou em mim. Ele estava ao lado do amigo e me encarou de volta quando o encarei também. O amigo dele passou por mim e derrubou meus livros no chão.

— Bem-vinda! — fala o idiota, rindo e indo em direção aos seus amigos valentões.

Nesse momento, uma música toca na minha cabeça:

2. Lorde, Yellow Flicker Beat (Hunger Games), 2014).

Agorasou visível. Mas não da maneira que imaginei que seria. Ando pelos corredorespara minha próxima aula e imagino um mundo de contos de fadas. Seria tão legalse pudesse ter poderes ou asas... Talvez conseguisse fugir para longe.

A Garota Que Não Tinha Cores: YellowWhere stories live. Discover now