Como tudo começou

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A aula de dança já começara. Todos da sala estavam presentes no pátio. Ela e suas melhores amigas estavam numa conversa, parecia ser bem interessante por sinal. Eu tentando acompanhar os passos juntamente a professora, ocorria alguns tropeços devido ao meu nervosismo. Estar perto dela me deixava muito estranho. A aula de dança era opcional, ela e suas amigas não praticavam apenas observavam os meninos e algumas meninas.
Tenho certeza que estavam me olhando pois acabei pisando no pé da pessoa ao meu lado.
Ouvi risinhos do fundo, passei mico de novo.

Pior, ficar estranho na frente dela não era o único problema. Alguns dos garotos do colégio me caçoavam por eu não iguais a eles, nem mesmo seguir o padrão deles.
Meu estilo é diferente. Eu gosto de ser bastante original, usar roupas de acordo com minha personalidade. O que muitas pessoas não conseguem entender. Bosta de sociedade.

— Ah desculpa princesinha! - Disse um dos vagabundos da minha sala após colocar o pé na frente e eu beijar o chão.

Seus amigos deram risada e chutaram um dos meus livros caídos. Bando de filho de um cacete. Eu não posso revidar porque sou fraco, não magrelo mas com certeza eles tinham mais corpo que eu. E mais força também.
Acho que é por isso que não me dou muito bem a conquistar a garota da minha vida. Não tenho uma boa reputação escolar.
Me defino em ser anti social, tímido e totalmente atrapalhado, desde os meus 4 anos. Por isso quando era bebê eu só ia com a minha mãe e mais ninguém.

— Oii Taehyung! - Disse Lili. Uma das melhores amigas da minha princesa.

— Ah-h, o-oii. - Gaguejei. Merda. Para com isso Taehyung.

— A gente queria te convidar pra minha festa que vai ter no sábado. - Falou a minha preciosa.

— Ahh, então-o, é-eee eu vo-vou.

Ela me entregou um envelope cor de rosa. Era uma festa na piscina. Finalmente uma oportunidade a ficar ao seu lado.

— E aí gatinhas, como vão? Oi mulherzinha. - Se intrometeu um dos vândalos.

— Rick, para de chamar ele assim. - Keire me defendeu.

— Não tenho culpa se ele é transsexual. Ah propósito mocinha, já desceu pra você?

Eu tive vontade de socar a cara dele. Mas uma outra parte estava magoada, eu sou homem mas não sou de ferro. Sai no mesmo instante. Lágrimas atrapalhavam meu campo de visão. Eu nunca fui de fazer drama e chorar por qualquer coisa. Tudo bem sofrer bullying mas não podia falar calado? Ninguém se importa mais com os sentimentos das pessoas. Eu não posso fazer nada, sou fraco e ainda tenho que sofrer por uma garota que nem sabe direito que eu existo. Aposto que ela só me convidou por sentir pena de mim, por saber que eu não tinha ninguém pra me abraçar.

No dia seguinte fui com os olhos parecendo uma bola de boliche pra escola. Estava péssimo, meu rosto parecia quem acaba de ser atropelado por uma caminhão. Não gosto de ir de qualquer jeito pra escola porém eu não estava ligando pra beleza no momento.
Hoje tinha educação física, geralmente eles juntam as salas pra ensinar trabalho em equipe. Não fiz aula, disse ao professor que estava com muita dor de cabeça e porque eu estava mesmo, só vim pela obrigação dos meus pais superprotetores.

— Oi. - Disse uma voz ao meu lado.

— Ah, o-oi. - Assenti a pessoa.

— Prazer, me chamo (S/N) e você?

— Taehyung. Prazer. - Apertei sua mão.

— Parece acabado. Aconteceu algo?

— Nada de muito interessante. Tô tão horrível assim? - Perguntei lhe encarando.

— Não. Quer dizer, um pouquinho.

— Obrigado pela sinceridade. - Disse sorrindo.

— De nada. - (S/N) sorriu.

Ficamos conversando até o som do sinal tocar.

— Aí eu sempre me assusto com esse sinal. Parece aquelas sirenes usadas pra avisar uma cidade que vai ter tsunami. - Falou dando risada.

Eu ri.

— É porque tá na hora de outra desgraça vindo por aí, chamada aula.

— Verdade. - Riu.

Mais tarde cheguei em casa exausto. (S/N) estava dizendo a verdade, parece que um tsunami em forma de chuva atacou a cidade de vez. Como a escola era perto da minha casa eu ia andando, porém hoje eu fui correndo. Acho que os céus não estão de bem comigo. Ninguém nunca está.

— Taehyung não enfia tudo na boca seu porquinho! Use a faca para melhor manuseamento. - Minha mãe dizia como sempre. Que vida perfeita.

— Filho obedeça sua mãe. - Papai resolveu se envolver no assunto.

Apenas assenti. Eu não estava com a menor paciência pra aulas de boas maneiras.

— Como foi a aula filho? - Mamãe perguntou limpando a boca.

— Boa. - A mesma resposta que estava costumado a dizer.

Eles ficaram um tempo calados se olhando. Mas não me importei muito, minha fome estava mais forte que minha curiosidade.

— Filho. Seu pai e eu queremos conversar com você, civilizadamente e sem escândalo. - Mamãe disse me encarando.

Olhei para eles e vi que ambos pareciam sérios me observando.

— Pode falar.

— Olha filho, sabe que nós te amamos muito e vamos estar do seu lado pra qualquer coisa. Precisamos que você seja sincero conosco. - Meu pai prosseguiu segurando a mão da minha mãe.

— Vocês estão me assustando. Falem logo.

Mamãe olhou com um ar de reprovação por ter levantado a voz. Mas se acalmou dando um suspiro.

— Filho... - Ela começou.

Minha mão começou a tremer. Será que ela vai perguntar sobre o que ocorreu na escola?

— Você...

— Diga. - Socorro.

— Se você...

Meu Jesus pra que tanta demora pra fazer uma pergunta?

— Filho queremos muito saber se você é...

Aí cacete ninguém se manifesta em terminar a merda da pergunta! Eu hein.

— Falem logo pelo amor de Deus! - Me irritei.

— Gay? - Os dois disseram juntos.

Eu não sabia o que fazer. Fiquei com uma raiva que só Deus. Eu não conseguia dizer nada, minha garganta secou num instante.
De onde em que universo paralelo eu sou gay???

— Filho não precisa esconder. Pode contar com nosso apoio. Você sabe que nós te amamos. - Papai dizia segurando minha mão direita que estava caída sobre a mesa.

— Você não sabem de nada. Nada mesmo!

Subi as escadas para meu quarto e fiquei por lá. A raiva me dominava. Não tenho nada contra gays afinal meu melhor amigo é gay. Mas a forma que meus pais não confiem em mim. Desde quando eu era menor eu dizia que pretendia me casar com uma garota. Isso não podia estar acontecendo. Pior, eu passei anos tentando fazer a menina dos meus sonhos me enxergar mas nem isso eu consegui e pra retribuição sou chamado de gay.
Peguei meu violão e comecei a tocar umas notas. A música de certa forma me acalmava, eu precisava relaxar um pouco.

Lições de como conquistar uma garota [Imagine Taehyung]Where stories live. Discover now