Capítulo Único

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E nós éramos apenas duas crianças quando nos apaixonamos. Ela tinha acabado de completar dezesseis e eu apenas um mês antes, dezessete.

Não foi como dizem nos filmes rápido e sexy, também não foi apenas uma troca de olhares ou um sorriso cúmplice.Foi um sentimento que se alastrou por minha pele, corroendo minhas entranhas de um jeito novo. Totalmente inovador e delicioso.

Não me apaixonei por ela como em um romance colegial, onde o cara popular se apaixona pela geek. E ela também não foi uma transa que evoluiu para algo mais.

Me apaixonar por ela foi uma combinação bizarra de olhares cúmplices, sorrisos marotos, bolos compartilhados, brigas caóticas, beijos roubados e é claro corações quebrados.

Não vou dizer que não foi clichê. Porque estaria sendo hipócrita, foi um dos maiores clichês existentes. Afinal eu me apaixonei por minha melhor amiga.

Tão lento como uma doença que se alastra por você e que inconscientemente você se entrega a ela de bom grado.

Poderia dizer cada incontável e inesquecível momento em que me apaixonei por ela. Mas por fim, minha memória sempre buscaria pelos dias que eu realmente a via, os que realmente me mostraram que era a mulher da minha vida.

Eu me lembrava com perfeição a primeira vez que tive essa certeza, fazia parecer que acontecera momentos atrás e não que estava a anos de distância. Era a estação que eu chamava de amor.

Eu mal sabia o que era o amor, e quão grande por alguém ele poderia ser e ela estava ali me ajudando.

Seu vestido branco, sua pele suave, suas sardas, seu cabelo vermelho flamejante e seus olhos castanhos. Todo esse conjunto de perfeição estava a minha frente, apenas me apoiando.

Estava chovendo, chovendo muito mais do que esperávamos, e nós naquele chalé de madeira, olhando a chuva passar caótica, lavando e purificando o mundo a nossa volta, nos perguntando quando deveríamos agir.

Admito ter sido um covarde sangrento. Ela precisou dar o primeiro passo, um toque gentil em meu braço.

Era tudo o que eu precisava para me forçar a encarar.

— Eu sinto muito. — Peço me referindo a todas as coisas que eu pus como obstáculo para amá-la.

Seus olhos me fitam com aquela intensidade infinita, que parecia guardar milhões de constelações cintilantes e ainda assim serem singelos, serem lar.

Era esse o olhar que sempre me consolou, desde o jardim de infância me acompanhava, trazia segurança e felicidade.

— Você não precisa se desculpar, um pouco disso também é culpa minha. — Ela responde suavemente, pegando em minha mão com seus dedos gelados.

Sorrimos cúmplices, nenhuma palavra a mais precisava ser dita, tudo que queríamos dizer se fazia presente em nosso olhar.

— Venha, venha dançar na chuva comigo Harry. — Pede ela retirando sua sandália de salto delicada, chegando a apenas em meus ombros.

— Você vai estragar seu vestido Gin. — Aviso, já tirando meu sapato. — E não temos música.

Ela abre um sorriso, daqueles que iluminam dias chuvosos como esse e consegue deixar feliz até mesmo a mais amarga das pessoas.

— Imagine nossa própria música. — Fala me tomando em suas mãos, e por fim começamos a bailar ao ritmo de nossas respirações, com a chuva acompanhando graciosamente nossos passos e nos encharcando por completo.

Seu vestido branco de verão estava encharcado, colando em seu corpo, deixando visíveis todas as suas imperfeições, seus cabelos de um vermelho vivo, que outrora estava arrumado em cachos perfeitos, estava agora em um estado de calamidade.

Completamente arruinado, e novamente liso. Sua maquiagem a muito não estava presente, e seus dedos do pé estavam cheios de grama e eu não poderia deixar de como ela parecia linda.

Poderia ousar a dizer que ia além de linda. Ela estava Perfeita.

Com toda sua simplicidade em seu sorriso e olhar, bailando em ritmo da música, totalmente entregue em meus braços, ela parecia ter alcançado aquela beleza que todos procuram.

Eu sei que nunca poderia descrever com precisão quão perfeita ela estava, e quão bela parecia.

Apenas sabia que tinha algo naquele olhar cintilante e em seu sorriso radiante, que apenas me faziam pensar em quão bom seria ter um futuro com ela.

Compartilhar muito mais que meus segredos, mas minha vida, um lar.

Ter crianças ou apenas e simplesmente amá-la, pois naquele momento eu sabia que estava caído de amor por minha melhor amiga e o momento não poderia parecer nada além de...

Perfeito.

Era perfeito o modo que nós beijávamos, perfeito como nos conhecíamos.

Sem conseguir resistir por um só segundo a mais, a seguro firmemente pela cintura, observando seus olhos ternos a me fitarem, para por fim a beijá-la.

Me fazia sentir no paraíso, era como eu imaginava uma dádiva divina.

O escovar suave de seus lábios nos meus, a forma como segurava se em mim como se precisasse garantir que eu permaneceria ali.

O modo que me abraçava quando por fim parávamos, apenas para me fitar com seus intensos olhos, abrir um sorriso sereno e como em um sopro suave de brisa mostrar todo teu amor sem dizer uma palavra sequer.

A perfeição que cabia a ela e apenas a ela vinha de uma forma muito singela.

Estava presente em cada nuance sua fragrância suave de flores silvestres que ela sempre colocava mais atrás da orelha do que em seu pescoço. No modo de olhar para cada pessoa amiga como se ela fosse a mais importante de todo o mundo e fazer a pessoa acreditar nisso.

Em sua espontaneidade que trazia a seu grupo de amigos gargalhadas sinceras e conversas amáveis.

A perfeição de Ginny Weasley se apresentava dos jeitos mais diversos que alguém poderia imaginar, e a cada novo nuance, eu me via mais apaixonado por ela.

E agora, quando eu a via se encaminhar em minha direção, com seu vestido branco andando por toda extensão do tapete vermelho que contrastava com a grama verde da primavera, as bochechas coradas e os olhos repletos de lágrimas.

Eu me vi ainda mais apaixonado, era como se a cada dia sua perfeição se mostrasse de um jeito totalmente inovador.

Eu ainda era uma criança, tinha apenas 23 anos, uma vida inteira pela frente, e hoje nesta noite estrelada de primavera, dançando com a minha esposa fitando seus olhos que guardavam para si sua própria constelação, eu não poderia estar mais feliz.

E não conseguiria parar de pensar que não merecia todo teu amor e em quão linda ela estava, assim como não poderia deixar de demonstrar isto a ela.

E ao pé de seu ouvido, observando deliciado, seus pelos da nuca se arrepiarem sussurro apaixonadamente a única palavra que poderia descrevê-la.

— Você está perfeita. — Falo amorosamente, beijando o local perto de seu ouvido, observando nossos amigos e familiares se divertirem. — Eu amo você.

— E eu amo você. — Ela sussurra no mesmo tom de voz amoroso que usei e lentamente me beija, me segurando da forma que sempre fazia, desde quando éramos apenas crianças e não sabíamos o que era o amor.

Mas hoje, estávamos perfeitos, vivendo nossa noite perfeita, de muitas que ainda viriam.

Porque afinal a vida é perfeita, até mesmo com nossas imperfeições.

N/A: Apenas uma fanfic fofinha baseada em Perfect e em Friends - fanfic de minha autoria -. Espero que tenham gostado. Comentem e favoritem pois é muito importante para mim. Beijos e caso se interessem confira minha fanfic Friends.

PerfectWhere stories live. Discover now