Viva Intensamente

Capítulo 1 O Voo

Tudo o que eu queria agora era estar deitada na minha cama, com o ar condicionado ligado no 18º, e assim poder ficar toda enrolada nas cobertas, sozinha e bem quietinha para que essa maldita dor de cabeça, que estava começando a martelar cada vez mais forte parasse, e não numa fila esperando para fazer o ckeck-in, ansiosa e nervosíssima para viajar pela primeira vez de avião, e enfrentar toda essa mudança que a minha vida iria sofrer.

Sabia que aquelas doses de tequila que tomei com a "Turma da Casa" para aguentar forte a despedida não foi uma ideia muito boa, porém foi divertido e naquele momento deu certo, todos aquentaram firme e não choraram com a minha partida, só não deveríamos ter exagerado tanto assim nas doses assim de meio dia, ou melhor eu não deveria ter exagerado tanto, ainda mais que eu nem consegui comer nada, de estômago vazio a tontura que antes estava ajudando a deixar toda a despedida alegre, agora estava causando náuseas e uma dor de cabeça latejante.

Não que estava a favor nem contra toda essa mudança repentina na minha vida, eu não tive escolha, estava sim ansiosa. Durante anos fui enganada que minha mãe nem sabia quem era, afinal meu pai, e agora depois de perder ela assim tão de repente, recebo essa carta, que ela mesmo escreveu, contando quem era o meu pai, e que ele nunca soube de minha existência, e agora tenho que viver com ele até completar a maior idade. Sem eu ter ao menos o direito de decidir se queria conhece-lo, ou se queria isso para a minha vida?

Precisava sim de várias doses de tequila para suportar tudo isso.

Aquela doença maldita, a levou muito ligeiro. O que não entendo é porque não podia pelo menos ter continuado deixando eu acreditar que ela nem sabia quem era o meu pai, pois tinha dormido com muitos caras aquela noite. Assim poderia continuar a minha vida, ao lado de meus amigos, dando aquela força e amor que eles sempre deram, e não tendo que enfrentar essa dor, num estado longe, numa casa que eu nem sei se vou poder chamar de lar, com uma família que nunca soube de minha existência.

Todas as pessoas que sempre estiveram ao meu redor, logo se apegavam a mim, pelo jeito simples e o carinho que eu tinha sempre por todos, nunca julgando as escolhas que faziam para a sua própria vida, como falavam "eu era uma garota fácil de ser amável", mas agora tinha que conquistar o amor de minha nova família, contudo na verdade nem sei se vou querer ter alguma relação com eles, pois pelos meus planos vou ficar apenas alguns meses lá, logo completo 18 anos, e vou voltar para a vida que sempre tive, e quem sabe finalmente tomar coragem e enviar as minhas composições para aquele contato que Lucas conseguiu para mim nos Estados Unidos . Procurando viver um dia após o outro, sendo feliz!

Eu sei que na verdade nunca fui verdadeiramente feliz, apesar de estar sempre sorrindo, entretanto no fundo mesmo, faltava alguma coisa para a minha vida, uma família, uma família normal, de verdade com uma rotina, um novo ar, assim poderia decidir o que quero mesmo para a minha vida. Conhecer novas pessoas faria super bem para mim. Agora teria um novo começo, nunca tive medo dos obstáculos e faria como sempre fiz, iria deixar a vida me levar.

Não aguentando esses pensamentos todos na minha cabeça, com aquela dor terrível cada vez mais forte, e todo o movimento e falatório daquelas pessoas esperando seus voos, falei para Mirela:

-Eu estou de saco cheio de ficar aqui nessa fila, preciso ir ao banheiro! - falei irritada para ela, esfregando as minhas mãos, suadas pelo nervosismo.

-Chega dessas desculpas de ir ao banheiro, você nem tem mais nada o que esvaziar, aí, é só a ansiedade! - me puxou para um abraço e continuou - relaxa aí Natty, logo é a sua vez.

E quando ela terminou de falar, a atendente me chamou:

-Natacha Garcia Belune?

Para mim, ainda é difícil escutar o meu nome completo, mas naquele momento queria logo acabar com toda essa espera e partir logo para enfrentar tudo o que viria pela frente.