Prólogo

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Sinto meus olhos pesarem, e o cansaço percorrer todo o meu corpo. Passo o dorso da minha mão pela minha testa e tiro todo o suor acumulado.

Minha barriga não parava de reclamar e pedir uma atenção especial. Mas eu não podia parar, porque a minha mãe... ops... quer dizer. A Josie. Não iria gostar de chegar do jantar beneficente e achar toda essa bagunça.

Respiro fundo, esfregando incansavelmente uma mancha preta que estava grudada em uma das janelas. Os pestinhas dos meus primos postiços, vieram passar o fim de semana aqui em casa. E mais, parecia que havia passado um furacão. Era bagunça para todos os lados. E claro que sobraria para mim.

Afinal a Maya e a Bettany, vulgo minhas “irmãs”, estariam muito ocupadas treinando para a competição internacional de patins. E só de pensar nisso, meu coração doía. Claro que fico feliz por elas, mas é errado achar injusto eu não poder patinar também?

Sendo que eu fui convocada para a equipe “Sobre rodas”. Porém a Josie, quando descobriu, ficou uma fera. Pois a Bettany não havia conseguido se classificar, porque o último lugar na equipe eu havia conquistado.

A vida inteira patinar foi um sonho, eu dormia sobre rodas e acordava patinando. Então quando eu recebi a carta da Samanta Moody, a melhor patinadora do mundo, me dando os parabéns pela convocação eu não acreditei. Era bom de mais para ser verdade e foi. Quer dizer... não foi.

Porque a Josie me fez recusar, deixando então o lugar livre para a Bettany poder patinar com a equipe. Naquele momento ela me fez realmente acreditar que era o melhor a se fazer. Afinal eu deveria ser grata, pelo o que a família Campos Sales havia feito por mim. Não deveria?

Duas horas depois, e finalmente eu terminei todo o trabalho pesado. Tomei um banho e fui para o quarto no sótão. Onde eu dormia. Ele não era muito convidativo, mas pelo menos era meu. Deitei na minha pequena cama, agradecendo por mais um dia.

Me embrulho e encosto minha cabeça no travesseiro e deixo meus olhos irem até o meu par desgastado e surrado de patins jogado no fundo do quarto. Sem querer já sinto as lágrimas, inundarem os meus olhos. Fecho os mesmos e suspiro, caindo no sono de tão cansada.



Uma Cinderela Sobre Rodas Where stories live. Discover now