The world seems clearer now

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Fazia frio na pequena Doncaster, especialmente naquela noite em que tudo parecia obscuro demais para Louis. Ele havia recebido novamente uma mensagem.

Checou novamente o celular, vendo o número privado o qual tanto odiava - ou era grato, ele realmente não sabia dizer -, seguido de uma foto de Stanley, seu noivo, aos beijos com o homem alto e loiro em um restaurante londrino. Mais uma confirmação do que ele tinha tanto medo de enfrentar: estava sendo traído.

Louis tinha a ficha completa, pode-se dizer, porque havia esse número privado que lhe passava todas as informações desde o começo do ano (secretária de Stanley que tinha misericórdia de um pobre corno? Talvez); sabia o nome do loiro alto - François, sim, François -, os pontos de encontro estratégicos dos dois, há quanto tempo estavam tendo um caso e... Tudo.

Mas o que mais lhe doía não era saber da mentira mantida por tanto tempo; mas sim o olhar que Stanley lançava para François, pois era algo que ele nunca havia experimentado. Louis sempre teve uma coisa com olhares, eles poderiam expressar os minúsculos sentimentos de um ser apenas com um movimento ou um brilho, então ele sabia. Ele sempre soube que Stanley não era para si, mas achou que fosse uma pequena falha em seu sentido, que Stanley era indecifrável. Por que, afinal, ele tinha que ser o cara, certo? Eles estavam noivos.

Louis suspirou derrotado e viu as horas antes de desligar o celular. Duas horas da manhã. Stanley chegaria em menos de uma hora, precisava se apressar. Depois de hoje, Stanley Lucas nunca mais veria Louis Tomlinson.

Releu novamente a carta que havia deixado e, quando a pôs em cima da mesa de centro, tirou sua linda aliança brilhante e pô-la em cima do papel. Depois, deu uma última olhada para casa e puxou suas duas malas para fora.

[...]

Anne Twist estava com câncer. Anne. Twist. Sua mãe. Câncer. Harry não aceitava.

Aquela era a mulher mais importante de sua vida, seu escudo, sua âncora, seu tudo. Pensar nela com uma doença que poderia lhe destruir em questão de meses sufocava cada vez mais Harry. A vida não poderia ser tão injusta, Anne era dele, era de sua irmã Gemma, era de seu padrasto, Robin. Ela tinha razões para ficar, pessoas para cuidar, não poderia ir embora.

Então, pensando em tudo isso, Harry não aguentou. Ele acabou fazendo o que faria no auge dos seus quinze anos de idade, quando sua mãe o proibia de ir à alguma festa ou sair para jogar videogame com Niall Horan, seu melhor amigo: ele trancou a porta de seu minúsculo quarto e pulou a janela.

Harry não vivia em Doncaster, nunca viveu. Nasceu e cresceu em Holmes Chapel, um pequeno vilarejo em Manchester que sua mãe odiava com todas as forças. Quando se mudou de Holmes Chapel, toda sua família foi para Doncaster, e tem vivido lá desde então. Ele procurava visitá-los todos os fins de semana, mas ali estava ele. Quarta-feira. Caminhando pelas ruas frias e desertas da pequena cidade.

Ele esperava andar por toda merda de lugar até suas pernas caírem para que ele finalmente pudesse esquecer todo o caos de sua vida pessoal - câncer, divórcio, solidão - ou, no mínimo, até algum parque com um banco para que ele pudesse sentar e tentar esquecer tudo, o que falharia miseravelmente. É, cair as pernas seria uma boa.

Harry caminhou por bastante tempo, ele poderia dizer. Quando olhou para seu celular, marcavam cinco horas da manhã e bem. Ele não fazia ideia de onde estava. Nunca conheceu muito Doncaster, apesar de ser um lugar pequeno. Sua locomoção pela cidade se limitava a casa de sua família, mercado e pequeno shopping, e nada mais que isso, então era fácil ele se perder.

Exausto demais para chamar um táxi e voltar para casa, deu graças a Deus quando um parque magicamente apareceu diante de si. Era pequeno, como praticamente tudo na cidade, mas era lindo. Havia vários bancos de madeira espalhados, árvores perfeitamente alinhadas lado a lado e uma grama linda e verde. Era fascinante, e Harry anotou mentalmente que precisava voltar ali de dia.

In the lonely night // l.sWhere stories live. Discover now