Perpétuo

Prólogo

A chuva do lado de fora da grande casa caia sem piedade, trovões e raios castigavam os céus, Timothy sabia bem o motivo daquilo, na verdade grande parte daquele show de luzes e barulhos era culpa sua, mas o que ele poderia fazer? Era pra salvar sua família que tinha feito tal coisa, muitas pessoas que sabiam de seu envolvimento com seres celestes, mas que não sabiam muito de seus motivos o acusavam de explorador, manipulador e vingativo, inclusive sua esposa que além de todos os defeitos citados acima achava aquilo tudo desnecessário, afinal como um bruxo poderia ser tão egoísta a ponto de causar tanto mal a tantos seres?

- por que fez isso Timothy? – perguntou Briannah, sua esposa, de rosto delicado, pele alva, madeixas brancas até a cintura, olhar acolhedor e sorriso gentil, baixa, não chegando a um e sessenta e quatro.

- para salvar a você e a nossa família! – gritou Timothy descontrolado pela raiva de ser repreendido pela esposa. Ele estava nervoso demais para tentar manter sua postura de mais novo sacerdote

- Timothy, não seja assim, você foi atrás dele para se salvar e ganhar lugar muito almejado por você! Nem pensou em nós quando o provocou, se assim tivesse feito, não teria causado ira nele! – a esposa que até uns instantes atrás tentava manter a calma, falhando miseravelmente após a mentira de seu esposo.

- não me venha com seus sermões Briannah! Você é a última pessoa eu pode fazer isso!

- e por que acha isso?

- acha que não sei sobre meu irmão Max? – perguntou Timothy destilando seu ódio em cima da pequenina mulher que visivelmente se encolhera, parecia ficar menor do que já era, com a pergunta- a única coisa que tem feito nesses últimos tempos foi me trair, acha que não sei de suas saídas noturnas para ir com aquele... mestiço? – perguntou retoricamente o homem que destilava seu ódio em cada palavra proferida.

- como... C- Como...? – a mulher estava claramente nervosa e com isso afirmava a pergunta do homem.

- como eu sei? Acha que não percebi suas mudanças de humor, seu cheiro? Você fede aquela raposa imunda!

- não fale assim dele! Ele é bem mais que você, seu desprezível – a mulher foi calada com um tapa que fora deferido por seu esposo, que, com ódio, não medirá força.

- nunca mais defenda aquele animal ou tente me rebaixar por ele! – o homem arrumou sua gravata e seu cabelo como se quisesse manter a pose, e, vangloriando-se disse: - você teve duas crianças comigo, não com ele, seguimos a tradição, o que acontece por baixo dos panos ficam ali, não me olhe com essa cara, você sabe desde o começo que você servia apenas como uma incubadora para mim.

A mulher destilava ódio por seus olhos, ela queria se atirar no pescoço daquele homem asqueroso e o matar sem piedade, mas como se estivesse numa guerra interna consigo mesma, na verdade estava, não era só a vida dela que estava em jogo, se destilasse seu ódio em cima daquele homem jogando aquela informação em cima dele, ele mataria seu filho, mas como já era esperado apenas deixou as palavras saírem de sua boca que agora possuía um sorriso sarcástico no rosto: - Você acha mesmo que são seus filhos? Noah até pode ser, mas Alecay? Nunca notou a semelhança dele com Max? Não seja ridículo se nunca percebeu – a fala da mulher foi interrompida quando mãos grandes enluvaram seu pescoço e como uma cobra matando sua presa para devorar, apertava. Briannah se debatia na tentativa de se livrar das mãos daquele homem horrível, mas não conseguira.

- Como é? Você sabe muito bem que eu vou te matar por isso e depois irei atrás da criança não sabe? – disse Timothy com um sorriso macabro nos lábios.