Amor a primeira vista

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Esse é meu primeiro ano nessa nova escola e sei que será um desafio, conhecerei uma cultura diferente da minha, parece um pouco estranho, mas acho que no fundo me sinto à vontade aqui. Hoje será a palestra de abertura.

— Parece que quem fará o discurso é um menino muito inteligente. - Disse uma menina que estava ao meu lado. Ela era negra, tinha o cabelo platinado e cacheado, estava preso e ela tinha uma franja. Era muito, muito bonita.

— Sério? Fiquei sabendo que ele voltou esse ano do Japão, parece que morou a maior parte da sua vida lá. Será que ele fala "pastel de flango"? Hahahahahaha - Disse a outra menina. Ela era bem branca, com o cabelo preto e liso, ela era gordinha e tinha um estilo único, mesmo com o uniforme ela conseguia ficar na moda.

— Eu sou a Samanta. - Disse a garota platinada. - Parece que o QI dele é de 200! Ele foi o número 1 no Japão e já é o número 1 do Brasil, chegou com a melhor nota disparado.

— Prazer eu sou a Jéssica. - Disse a garota estilosa. - E qual o seu nome? - Ela virou para mim, perguntando. Eu uma menina nem branca, nem negra, de cabelo castanho, nem magra nem gorda, nem bonita nem feia e com certeza nem feminina e descolada como elas.

— Meu nome é Catarine. Fico pensando que tipo de pessoa é esse número 1 de QI 200. Deve ser daqueles japoneses baixinhos, gordinhos, óculos fundo de garrafa, dentuço, feio e deve ser péssimo no esporte, pois nerd geralmente não trabalha o físico, apenas a mente.

Nós demos muita risada imaginando o tipo de pessoa que ele seria.

A cerimônia de abertura se iniciou.

— Chamamos o aluno Irie Naoki.

Quase esqueci que essa escola segue os costumes japoneses tradicionais, então eles nos chamam pelo sobrenome. Essa escola tinha apenas japoneses entre alunos e funcionários, então eles apenas falavam japonês e não se acostumavam com a cultura brasileira, por isso, essa escola de elite deu bolsa aos estudantes brasileiros que queriam conhecer essa cultura e transmitir a nossa para eles. Meu pai queria que eu estudasse em uma escola boa e como seu melhor amigo de infância era japonês ele achou que eu me adaptaria com facilidade.

Aqui estou eu, querendo ver o "pastel de flango".

De repente levanta alguém muito alto e diz:

— Hai.

Que estranho, quando chamam precisa falar isso?

— Gordinho ele não é. – Disse Jéssica.

— Nem baixinho. – Disse Samanta.

— Resta saber se é feio. – Eu disse.

Quando aquele garoto se virou de frente, minha pupila dilatou, meu coração acelerou, quem era aquele! Irie Naoki! Um gato, lindo, meu Deus que japonês maravilhoso. Ele era bem alto, tinha o cabelo preto e liso comprido, aqueles olhos puxadinhos. Decidi me concentrar em seu discurso para ver se tinha como me apaixonar mais.

Ele se curvou e começou o discurso.

Nota mental, será que eu terei que ficar me curvando também?

— Hoje iniciamos uma nova etapa na nossa vida escolar. A última etapa no Ensino Básico. Inicia-se também uma situação nova para o Colégio Nipo-Brasileiro, onde agora iremos partilhar nossa cultura e receber a desse país tão hospitaleiro que é o Brasil. Como uma pessoa de dupla cidadania, tenho certeza que essa combinação será de suma importância para o nosso crescimento pessoal, estudantil e profissional, pois cada pessoa única, com suas experiências e as culturas variadas que aqui teremos nos mudarão de alguma forma, espero que daqui até a formatura, eu possa olhar para trás e notar que sou uma pessoa diferente dessa que aqui se apresenta. Conto com os alunos, professores e funcionários para que juntos, nesse processo, possamos crescer não apenas em tamanho e conhecimento, mas também como pessoa. Arigatou.

Brincadeiras do DestinoWhere stories live. Discover now