Sean medita, o mundo gira, e a entropia do universo se consolida.

6 0 0
                                    

Ele se sentou no mat de yoga. A voz dela era doce e melodiosa. Um anjo fora do seu coro... E aquilo era apenas um aquecimento.

Ele respirou fundo uma vez, e absorveu o som que invadia a sala. Ele respirou uma segunda vez, e o mundo ficou mais escuro. Ele respirou uma terceira vez, e tudo girou rápido demais. Era assim que ele estava por dentro, no olho de um furacão.

- Sean, se você não se acalmar, irá perder o seu controle, e isso será um problema para nós dois... Você bem sabe disso.

- Eu não consigo. Eu nunca tive nada a perder de verdade, agora eu tenho... Há tanto em jogo que eu simplesmente não consigo ficar aqui parado sem poder fazer nada. E eles ainda olham pra mim como se eu fosse um incapaz, ou um problema que precisa ser vigiado de perto.

***

Mary respirou fundo, se lembrando de como Lucy sempre tentava acolhê-la quando ela era uma novata e perdia o controle das emoções e de sua Magika. Mesmo quando brigavam. Agora, mais uma vez era ela (na ausência de Stephan e Maya) a responsável pelo grupo. Os tecnocratas haviam conseguido dispersar os tradicionalistas pela cidade, enquanto os adormecidos estavam preocupados com um "simples" alerta anti-terrorismo causado por dois incidentes sem vítimas, movimentos em um tabuleiro de xadrez que estivera parado nos últimos 12 anos: A Guerra da Ascensão.

Ela tinha que ajudar Sean a se acalmar, e o lugar para isso tinha que ser o santuário de Stephan. Era quase como estar com ele, e isso era confortável. Era como sentir o olhar silencioso dele, o aroma floral que às vezes exalava das precisas mãos do mestre Euthanatos, a própria atração que Mary sentia por ele. Ela sentou-se no banquinho alto, ajeitando a saia, e voltou a cantar. Uma música doce e melancólica, que a transportava para o tempo em que ela havia se apaixonado por aquele homem, pois intuía que ele seria o único capaz de curar a dor e o vazio que ficaram após a partida de Lucy.

"...but you're not really here..." 

Sean ouvia a dor e a melancolia de Mary e se concentrava na própria dor.

De dentro do furacão, a figura paternal apareceu. Era Shamael, e agora estava vestindo panos de seda em um padrão intrincado que lhe conferia uma certa superioridade. Ele olhou fundo nos olhos de Sean e o esbofeteou na cara.

- Esse orgulho é o que fará você cair em desgraça, meu neto. Mas eu não deixarei isso acontecer, não hoje. Agora vamos voltar ao princípio. Controle as emoções ou elas controlarão você.

O rosto ainda ardia, os olhos se encheram de lágrimas e fúria. A tormenta em seu coração fazia com que o furacão começasse a relampejar. Estava se transformando em uma tempestade maior do que ele mesmo tinha previsto. Então ele se lembrou do motivo de estar ali... Maya.

- MAYAAAAAAAAA... O grito era uma trovoada. A sensação era o vento soprando mais rápido na sua face. A força pulsava na corrente sanguínea assim como o vento girava ao seu redor. Ele começou a se erguer do que seria o chão, mas não havia chão.

  ***

Elvis observava Maya com cuidado. A adrenalina da fuga e a ansiedade pelo futuro faziam com que a aura da hermética estalasse. Elvis tinha certeza, chegava a ser uma emanação física, a eletricidade estática que ele sentia emanando da garota.

- Eu vou mandar o código de Stephan para os Adeptos. - Explicava Maya, enquanto fotografava com a câmera do celular, o papel que os fizera cair em uma armadilha. - Tenho certeza de que ele esperava que eu o decodificasse, mas acho que ele não contava que seriamos perseguidos. Já tentei os efeitos de decodificar, mas não há nenhum texto oculto. A mensagem dele está nessa lista de nomes e telefones.

Sean: Estado de SítioNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ