Sua alma agora. Posteriormente, seu corpo.

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Bambam terminou de secar seu cabelo, largando o secador de lado e saindo do banheiro. A casa estava silenciosa, mas o garoto a preferia assim. Seus pais raramente estavam presentes, sempre ocupados em jantares com gente importante ou viajando a negócios. Com o tempo — e a falta dele — o tailandês entendeu que não deveria mais se importar se eles estavam consigo ou não. Já era maturo o suficiente para se virar sozinho, ainda mais em sua própria casa. Desde que se mudaram para a Coréia, Bambam sentia que nunca mais veria seus pais com tanta frequência assim, afinal a multinacional deles estava dando certo e lucrando o suficiente para algumas boas gerações com o sobrenome Bhuwakul viverem confortavelmente, o que obviamente incluía a fantasiosa família que a mãe do garoto dizia que ele precisava montar, para que em seguida tudo se repetisse e o ciclo de dinheiro e poder continuasse.

Besteira, Bambam mal sabia se queria terminar a escola, quem dirá assumir uma empresa.

Rumou até a cozinha, totalmente relaxado e descontraído. Abriu a geladeira, todos os armários e a dispensa atrás de alguma coisa comestível, mas encontrou apenas enlatados e frutas. Não queria cereais, nem doces, queria alguma coisa salgada tipo pizza ou frango, mas também não queria ter que esperar a comida chegar caso tivesse que pedir, então estava em uma encruzilhada. Deveria ter se preocupado com seu jantar quando as empregadas ainda estavam presentes, mas agora não tinha tempo para se arrepender. Se quisesse ao menos comer até as uma, precisava rapidamente pedir a pizza, caso contrário nem mesmo o entregador teria paciência consigo. Tateou os bolsos atrás de seu telefone, estranhando não tê-lo logo a mão. Talvez estivesse esquecido no quarto, o estrangeiro pensou, logo rumando até o andar de cima novamente.

Quando chegou à metade dos degraus, ouviu um barulho estranho na cozinha. Alguma coisa parecia ter caído, o que era um tanto que impossível visando que tudo estava o mais seguro possível, longe das beiradas. Soltou um suspiro pesado, decidindo checar depois. Estava com fome, precisava pedir algo para comer se quisesse ter a chance de ouvir a campainha antes das duas da manhã. Entrou em seu quarto rapidamente, procurando seu telefone entre as cobertas bagunçadas e roupas largadas por aí. Quando não o encontrou, pensou tê-lo deixado na casa de seu melhor amigo, mas lembrou-se que Yugyeom provavelmente teria o lembrado se esse fosse o caso. Frustrado, desceu as escadas novamente, indo atrás do telefone fixo — que ninguém da casa usava, a não ser as empregadas. Ao tocar no telefone, ouviu outro barulho, dessa vez mais alto.

— Apenas peça logo essa pizz— Bambam murmurou para si mesmo, se cortando quando a luz caiu — Era o que me faltava.

O garoto não conseguia enxergar muita coisa, mas com o passar dos segundos sua visão foi se acostumando com a escuridão e tudo ficava um pouquinho mais visível. A luz de fora, vinda dos vários prédios e postes, ajudava um pouco. Aquela fora a primeira vez que Bambam agradeceu por ter sua sala inteira revestida de praticamente vidro e de morar em uma cobertura, afinal qualquer luzinha de fora entrava facilmente e o ajudava a se situar. Não tinha mais a possibilidade de pedir pizza, afinal além de estar sem telefone as portas também eram trancadas com a perca de energia, e para abri-las Bambam iria precisar da chave mestre, que ficava trancada no escritório de seu pai. O jeito era se deitar e esperar a luz voltar, talvez arrumar alguma coisinha pra comer e dar um jeito de matar o tempo sozinho.

Mas o barulho voltou, e ele começou a achar que ao invés de matar o tempo precisava encontrar uma forma de chama a policia.

— Tem alguém aí? — perguntou alto, recuando para a janela enorme de vidro.

O silêncio assustador voltara, o que fez o garoto soltar um bufar frustrado.

— Por que um ladrão me responderia, não é mesmo? — soltou um risinho irritado, rumando a passos rápidos até a cozinha.

imoralWhere stories live. Discover now