O doce vem do licor ou dos lábios dele?

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Bambam arrumou melhor os fios de cabelo que caíam sobre seus olhos e sorriu ao ver o brilho verde em seus olhos. As lentes de contato nunca ficariam tão bem em alguém como estava em si agora, e isso o fazia sentir-se um pouco mais importante do que já sentia. Arrumou o terno impecável e arrumou a postura, voltando a ser o garoto elegante e perfeito que a mídia era acostumada a ver. Sorriu amigavelmente para os presentes no camarim, mostrando os dentinhos brancos enfileirados.

Doía como o inferno sorrir tão falsamente, mas era melhor manter sua imagem de príncipe da Tailândia ao ser despedido e perder tudo. Tinha se tornado o boneco mais inexpressivo que existia, completamente controlado por uma empresa louca que só visava dinheiro e exploração. Não tinha sequer uma alma que conseguia enxergar sua dor por baixo das feições meigas e sorrisos completamente perfeitos e moldados para conquistarem. Estava morrendo aos poucos.

— Vá lá e conquiste o coração de todo mundo como você sempre faz, Bambam!

Assentiu brevemente e passou pela porta do camarim ainda sorrindo, cumprimentando a todos que encontrava no pequeno e estreito corredor. Não entendia porque ainda tinha o costume de ser educado, falariam mal de si de uma forma ou de outra. Era o preço que pagava por ser famoso e reconhecido: independente da situação, sempre Bambam sempre seria o culpado, sempre, então era melhor ser restrito e manter a pose de humano perfeito.

Atravessou a cortina que o separava do público e aumentou o sorriso ao ouvir todos os gritos histéricos e palavras fofas direcionadas até a si. Pelo menos ainda tinha o apoio dos fãs, precisava deles nas piores horas. Acenou brevemente, se curvando respeitosamente para todo mundo e fazendo seus cumprimentos em coreano — país onde estava promovendo seu filme. Alguns outros atores já esperavam, assim como os cantores que participavam da trilha sonora.

Conhecia todos, menos um garoto jovem chamado Kim Yugyeom. Ele era um dos cantores requisitados para a trilha sonora e também tinha feito uma pontinha no filme, dizendo algumas poucas falas e depois desaparecendo. Não tinha pego o dia de filmagem junto com ele, mas segundo alguns colegas de trabalho Yugyeom era do tipo fechado e recluso, brilhava bravamente enquanto as câmeras estavam ligadas mas seu sorriso morria ao ouvir "corta".

Bambam não desconhecia do tipo de Yugyeom, pelo contrário, certas vezes fazia a mesma coisa. Era automático, seu sorriso simplesmente se desfazia e toda sua vontade de ser social morria de um segundo para o outro. Talvez ele também fosse sobrecarregado por causa do peso da fama, talvez já estivesse em um estágio tão complicado de alguma doença como depressão que se esquecesse do mundo. Talvez, mas apenas talvez, ele também fosse uma máquina como si.

— Então, Bambam! — a voz do MC o assustou por um momento — Oh, me desculpe. Acho que você estava um pouco distraído.

— Ah, imagina! — sorriu — Estava pensando sobre algo, me perdoem.

— Está tudo bem, está tudo bem! — o homem sorriu — As fãs escolheram algumas perguntas para que você responda.

— Pode perguntar, sou todo ouvidos.

— Certo, vamos escolher a primeira! — rumou até uma pequena mesa de canto e retirou um papel — "Eu fiquei sabendo que recentemente o oppa se machucou enquanto gravava para o seu novo filme, está tudo bem agora?"

— Sim, sim! — sorriu — Não foi nada demais, eu fui ao hospital apenas para garantir isso. Obrigado por se preocupar comigo!

Suas bochechas estavam doendo de tanto sorrir. Doía ser uma máquina.

—Próxima pergunta!

E infelizmente o evento estava longe de acabar.

***

GasolineWhere stories live. Discover now