Capítulo 1

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Vivendo fácil, vivendo livre,

Bilhete de temporada em um passeio de ida

Sem perguntas, me deixe estar

Pegando tudo em meu caminho

Highway To Hell

AC/DC

Teo

Eu sabia, assim que aquele exame revelou que seria uma menina, há 17 anos atrás, que eu teria alguns "probleminhas no futuro". Claro que teria, pensei, sorrindo. Esperar enquanto ela vestia-se era apenas um desses "probleminhas", um dos menores, para ser sincero. A euforia por minha filhota era tão grande naquele momento, que eu fui deixando esses pensamentos desesperadores sobre o momento em que minha princesinha chegasse à adolescência, para trás. Isso ainda iria demorar muito, achei, na época. Só que não demorou. Porra, o tempo passou voando, na verdade.

Aguardando na minha Range Rover preta em frente à entrada arborizada da nossa casa, apertei com os dedos o espaço entre os meus olhos, rogando por paciência aos deuses, qualquer um deles. Os três minutos que Julia havia implorado para terminar de vestir-se e descer já estavam transformando-se em dez rapidamente, e eu tinha uma reunião marcada para às dez horas na empresa nesta manhã. Depois, ainda teria que deixá-la em seu mais novo e intrigante interesse, uma academia de dança próxima daqui, já que ela insistiu que queria aprender a dançar, agora. Tudo bem, mas isso, eu tenho que dizer, foi repentino.

— Julia! — chamei, abrindo a porta do carro e tocando a buzina, para o caso de ela não ter ouvido o primeiro grito que eu dei em direção à casa. Ouvi quando ela respondeu um "já vou" cantarolado e então surgir na entrada da casa, em movimentos apressados, terminando de pôr alguma roupa dentro da sua inseparável mochila azul. Aos 17 anos, minha filha tinha herdado o melhor da minha genética, orgulho-me em dizer, já que ela se parecia mais comigo e muito pouco com sua mãe, que era morena e de cabelos negros.

Julia, portanto, possuía longos cabelos loiros que chegavam até o meio das costas e um par de olhos verdes límpidos que completavam o desenho que estava, a cada dia, provocando-me pequenos ataques cardíacos. Com um sorriso constante, ela parecia ter mais do que a sua idade real, mas, graças aos céus, não havia perdido aquele ar doce de menina que me encantara assim que a vi na maternidade.

Franzi as sobrancelhas ao observar a roupa com a qual ela estava vestida, uma camiseta rosa que terminava na altura do umbigo e uma colante calça preta. Assim que ela entrou no carro e fechou a porta, sorrindo para mim com aquele arzinho de "sinto muito" e olhos suplicantes, saí pela alameda do condomínio, implorando silenciosamente que o trânsito intenso àquela hora no centro não me deixasse chegar muito atrasado ao trabalho.

— Desculpa, pai. Eu não estava achando a minha camisa dos Vingadores. — ela justificou, ajeitando o cinto de segurança e mexendo na bolsa, provavelmente à procura dos inseparáveis fones de ouvido com os quais ela vivia muito nos últimos meses. Olhei-a de soslaio, mas ainda concentrado no trânsito.

— Ok. Eu espero que você tenha achado, e que seja ela que você vai usar por cima disso que você está usando agora. — murmurei. Julia riu, rolando os olhos para mim como ela fazia de forma incessante praticamente desde os doze anos de idade, ou desde quando aprendeu a zombar da minha preocupação constante com ela em relação aos garotos.

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