O sol está perto de se pôr e eu juro que posso quebrar uma bandeja de prata na cabeça do próximo ser humano que encher meu saco. Pessoas não conseguem entender fato de como mulheres podem se irritar facilmente? Pelo menos, meu expediente está quase no fim. Quase. Isso se meu querido patrão não decidir tirar de mim minha raiva e me fazer rir ao seu lado, como sempre faz.
- Karli! - escuto-o gritar meu nome, e suspiro, sentindo os nós que o estresse causa em meus músculos dissolvendo-se. É, daqui eu não saio tão cedo.
Ando pelo vasto corredor que leva da cozinha ao hall, e do hall subo as escadas para o segundo andar, para o escritório do jovem rapaz ao qual refiro-me frequentemente como o Pequeno Senhor Nakamoto, o que deixa-o irritado com facilidade. Eu não me importo. Eu adoro provocá-lo.
Minha história com os Nakamoto começou quando eu ainda era a pequena, frágil, jovem e indefesa Karli Haikomero, e eu nunca pensei que ela fosse durar tanto tempo. Nem que fosse durar, e nem que fosse se aprofundar tanto. Minha mãe, Christal, costumava levar-me para a mansão onde trabalhava enquanto ainda me tinha pequena perto de si, e eu achava incrível a forma como ela cuidava de tudo dentro daquele palácio, continuando em seus plenos estados mentais, físicos e visuais. O patriarca da família, Hideiyoshi Nakamoto, era para mim um homem assustador até que eu o conhecesse de perto e visse que ele não era alguém para se temer, e sim, para manter perto com o máximo de esmero. Era um homem na meia idade, divertido, conversador, com poucos filtros, apesar de bastante conservador.
Foi nesta época, com cerca de 9 anos, que fui me aproximando do filho único da família. Yuta me foi de companhia nos momentos em que eu pensava estar sozinha, e nós dois vimos o outro crescer a cada dia. Tínhamos códigos nossos, tínhamos promessas para cumprir, e a principal delas é que, algum dia, eu e ele casaríamos e moraríamos naquela casa, gigantesca, tendo nosso amor ocupando-a quase inteiramente. Éramos crianças, logo, não sabíamos o que o amor era. Mesmo hoje, depois de tanto tempo, eu ainda não acredito que saiba.
Foi aos 16 anos, quando Yuta já tinha seus 18, que precisamos nos separar. Chorei em sua partida, como a criança que havia sido não havia tanto tempo, mas ele cruzou seu dedo mindinho no meu e jurou que iria voltar. Eu acreditei, eu confiava nele. Yuta passou 4 anos morando no Japão, e eu passei este mesmo tempo na faculdade de biologia, estudando com afinco a parte que eu mais gostava: corpo humano. Eu não sabia o caminho que minha vida seguiria, mas eu sabia que o destino de meu melhor amigo estava traçado desde sempre. Tendo todo o dinheiro do mundo às suas vistas, ele sabia o que estava fazendo.
Minha mãe sentou-se à mesa de jantar da família Nakamoto comigo e com senhor Hideiyoshi pouco antes do retorno de Yuta a Beverly Hills. Rodearam um pouco até me dizerem a razão para me quererem ali. Disseram-me que meu amigo havia crescido, que tornara-se um homem, mas nesta parte eu evitei prestar atenção por já conhecê-la de outras conversas que minha progenitora havia começado. Por fim, disseram-me para quê me queriam: eles queriam que eu trabalhasse para Yuta.
Minha mente deu um nó e eu custei a entender. Por que, entre tantas outras pessoas que realizavam a mesma função, havia sido eu a escolhida? Senhor Hideiyoshi explicou-me que eu conhecia a tarefa a ser desempenhada com riqueza de detalhes, uma vez que minha infância e adolescência inteiras haviam sido passadas ali dentro de seu espaço pessoal. Além disso, segundo o próprio, não havia alguém mais confiável do que eu para a função que me seria designada. Seria uma casa nova, com a cara e os gostos pessoais do herdeiro da família Nakamoto, não muito longe dali, e eu iria receber muito bem. Seria uma tarefa cansativa cuidar de detalhes da casa e da criança crescida que eu sabia que meu amigo era, mas a oferta me soou tão bem que não pude declinar dela. Sem as mesmas delongas usadas comigo, apertei as mãos de senhor Hideiyoshi e aceitei trabalhar para Yuta assim que este voltasse de viagem.
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fucking good ;; nyt
FanfictionEu sei muitas coisas sobre o homem para quem trabalho. Sei o quão influente ele é, que tem manias peculiares, que odeia quando interrompem sua fala. E, de alguma forma, sei o quão sexualmente insatisfeito ele é.