Esperando-o.

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Bem vindos a minha primeira história no Wattpad. Espero que gostem, tenham paciência com o jeito mimado do Huguinho, ele só tem a melhorar. Obrigado por ter chegado até aqui, dê uma lidinha, não irá se arrepender. 

—X—

 Parado. Era assim que eu me sentia desde que ele foi embora. Talvez, se apenas por um segundo, todos nós morrêssemos, e voltássemos à vida, eu poderia implorar a Deus para que ele voltasse. Eu ainda sonho com suas mãos em mim, ou em sua risada sinuosa sobre meus ouvidos, sobre como meu corpo era insanamente dele, ainda é! Nada é tão implacável como ele. Tão habilidoso e inteligente.

Sempre soube que ele era um teste. Deus, ou sei lá qual divindade queria me dar à perfeição, e depois ver minha reação a voltar sem nada para casa. Eu sou um rato de laboratório, eles me dão o queijo, mas sempre com a ratoeira. E eu sempre sou preso, e sempre sou solto, mas nunca aprendo.

Luto. É o sentimento que eu sinto. Ele não morreu, não de verdade, mas pra mim, sim! Foi embora, me deixou as traças, ainda consigo me lembrar de suas palavras sendo sussurradas em meus ouvidos através do telefone, como se fosse nesse instante:

"Eu preciso ir. Eu apenas não consigo suportar nossa relação. Nós apenas não somos o suficiente para isso Hugo. Eu sinto muito, muito, muito. Ainda podemos ser amigos"

Amigos? Minha vida foi dedicada a Marcelo Silva Medeiros. E ele simplesmente decide que não podemos mais estar juntos, que tipo de idiota lindo ele é? Eu tinha tudo pronto, todos os planos, faculdade juntos, todo o dinheiro sendo guardado pro nosso apartamento. Dois filhos. Ele iria assumir nosso relacionamento para todos em uma semana no primeiro dia de aula. Íamos entrar de mãos dadas na escola, todos saberiam que eu tinha a personificação da perfeição em forma de homem, apenas pra mim, e agora ele foi embora, e me deixou os trapos de meus planos para colocar fogo.

Parece que nunca vai parar de queimar. Já faz dois dias e eu ainda não consigo sair do quarto, minha barriga dói, é como se eu estivesse sendo fincado por brasa, pela fome, ou talvez pela gastrite nervosa, quem realmente se importa?

Minha cabeça parece três tamanhos maiores, e meu tênis novo que comprei para combinar com a calça preferida dele agora me parece feio e desfigurado. Não sei quantas vezes meu pai veio até o quarto. E eu quero ser forte por ele, me levantar e seguir em frente, como ele fez por mim quando a mamãe nos deixou, mas eu simplesmente não posso.

É tão engraçado como todos que eu amo vão embora. Primeiro minha mãe, eu entendo o quão maçante pode ser uma depressão, porém, eu era seu filho, ela tinha que lutar por mim. Depois foi Michele indo embora com seus pais para outro estado, minha melhor amiga. E agora, Marcelo.

Eu me sinto amaldiçoado, sujo, como se não fosse bom para ninguém, mas na verdade, não sou. Apenas uma pequena puta jogada à deriva da vida. Eu tento ser melhor a cada vez que vejo meu pai, ele sim lutou por mim,  e carrega o meu peso, e é por ele que eu vou levantar.

—X—

Uma semana se passou. Minha rotina cansativa estava novamente sugando o resto de vida que havia em mim, sem as aulas, era de casa ao trabalho e do trabalho para casa, porque sim, eu busquei forças e voltei ao meu emprego de meio período, sobrevivendo aos olhares endereçados a mim talvez pelos olhos inchados ou as enormes e roxas olheiras que rodeavam meus olhos. Sobrevivi ao ônibus lotado, era o meio de transporte preferido dele. Sim, Ele, pois não sou capaz de pronunciar seu nome nem em meus pensamentos. Às vezes, em meio aos sonhos mais escuros vejo seus olhos e imploro por seu nome, como se ele fosse alguma divindade, imploro por piedade. Mas nunca o chamando pelo nome, ele gostava de como o som saia por meus lábios, ou pelo menos me fez acreditar que sim. Nada importa mais, eu estou sobrevivendo pelo meu pai, hoje é domingo e eu preciso arrumar a mochila para o primeiro dia de aula.

Wildest DreamsWhere stories live. Discover now