Prólogo

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Meu almoço estava sem sal ou eu estava sem nenhuma vontade de comer. Larguei o hashi de lado. Faltava meia hora para as aulas voltarem depois do almoço e eu não tinha comido nem um quarto do bentō. Olhei para os lados, não tinha ninguém. Costumava almoçar em uma mesinha no fundo da escola, perto das árvores de cerejeira. Esse momento sozinha com a natureza eu podia relaxar e ser eu mesma. Fechei o pote de comida e olhei para o céu. Não tinha nenhum resquício daquele azul celeste com nuvens branquinhas parecendo algodão. Só havia um cinza nojento acompanhado pela fumaça de poluição.

Definitivamente, esse mundo está podre.

Fechei os olhos em descontentamento. Peguei o jornal que tinha comprado antes de chegar no colégio. Basicamente, só continha mortes, corrupção e futilidades.

Como o mundo chegou a esse nível? Não, talvez ele sempre fora assim.

Na primeira página, mostrava fotos de modelos, atrizes e assuntos relacionados a futebol. Bufando, virei à página e dizia as notícias de verdade.

- "Homem que mata sua família ao efeito de drogas não é encontrado" - Li em voz alta.

Abaixo tinha a foto dele e seu nome.

- Yamato. - Disse com desdém. Fui para a próxima notícia. - "Hōzuki Mangetsu, o prefeito de Tokyo, é acusado de roubar 2,3 mi que seriam investidos na educação. Ele nega as acusações e continua devidamente no seu cargo" Tsc.

Eu ficava com raiva. Como uma pessoa que rouba do povo e um assassino estão soltos? A polícia japonesa não está fazendo seu trabalho direito. E o pior de tudo que essas coisas não acontecem só no Japão. Acontecem em todo o mundo. Quando mais raciocino, mais fico com ódio. Eu queria debater, fazer minha família que são tão influentes na mídia e no governo por serem exímios detetives a décadas, perceberem que tudo está errado. Mas parece que eles não estão ligando pra isso. Nem adianta tentar, eles não me dão crédito. Acham que eu sou uma delicada borboleta que deve ser engaiolada. Bela, recatada e do lar, é assim que eu devo ser na percepção deles. Entretanto, eles não conhecem nem metade da minha personalidade.

Meu relógio de pulso mostrava que faltava vinte para uma. Guardei meu bentō e joguei o jornal no lixo. Voltei a olhar o céu, - o qual parecia ser uma nuvem de dióxido de carbono contínua - eu não podia fazer nada para concertar.

Naquele momento eu podia achar que era inútil diante da situação, mas antes de um objeto cair na minha cabeça.

- Aí! - Esfreguei minha cabeça com os dedos, parecia que alguém tinha tacado algo em mim.

No chão estava um objeto preto e sujo de terra. Ainda estranhando, o peguei e tirei a pueira da terra.

Death note, era o que estava escrito. Ri. Caderno da morte?

Folheei as páginas e era um caderno normal o qual não tinha nada escrito. Algo me chamou atenção. Meus olhos arregalaram-se ao ver o que estava escrito em inglês.

The human whose name is written in this note shall die

- Que brincadeira idiota. - Franzi o cenho e olhei em volta.

Seria interessante se fosse verdade, mas deve ser só uma "trollagem", uma brincadeira de mal gosto. Suspirei fundo e coloquei o caderno na bolsa. Não sei porque fiz isso, era como se eu acreditasse nessa asneira. Por fim, entrei na escola como se nada tivesse acontecido. Ao passar das aulas, eu só pensava naquele maldito caderno. Não conseguia me concentrar na aula e estava avoada.

Death NoteWhere stories live. Discover now