Capítulo 1 - O Funeral

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A perda é algo difícil de lidar, ainda mais quando é alguém importante e próximo a você. Minha mãe morreu em um acidente de carro, acharam o corpo dela ontem à tarde, junto com os destroços do carro dela. Disseram que o carro capotou e pegou fogo, minha tia não pareceu muito surpresa com isso, embora esteja bastante abalada com o ocorrido.

Respiro fundo olhando para o caixão que já estava sendo enterrado, e sinto alguém me abraçando pelas costas. Eu não estava chorando, afinal, o meu estoque de lágrimas já havia acabado ontem à noite. Olho para trás e vejo a minha tia, uma loira de cabelos enrolados e olhos azuis, quase verdes. Olho para ela e... eu estava enganada, ainda havia líquidos dentro de mim, apesar de que eu não estou comendo nem bebendo nada desde ontem. Sinto as lágrimas escorrendo sob as minhas bochechas e lhe abraço, escutando um "Vai ficar tudo bem" vindo dela, meio abafado.

Estava na hora de ir embora, e só estava eu e minha tia ali, olhando para a lápide da minha mãe. Eu não consigo entender, por quê ela? Ela era tão meiga e fazia de tudo para me ver feliz. Ela era linda também, acho que a mulher mais linda que eu já vi, seus cabelos eram ruivos e ondulados e seus olhos tão azuis quanto o mar, parecia até magia. Bom, onde quer que ela esteja, espero que ela esteja bem e em um lugar melhor. Quando eu fecho os olhos eu ainda me lembro de seus sermões e do seu sorriso. Eu sempre irei me lembrar de você, mãe.

Após eu e minha tia chegarmos em casa (Eu e minha mãe morávamos com ela), ela preparou um chá de camomila para nós duas. A casa dela é uma casa simples, apesar de grande, é aconchegante, ela tem um andar, mas meu quarto fica no térreo.

— Elly, precisamos conversar. — Diz minha tia, colocando o chá em duas canecas e vindo até mim. Me sento no sofá, olhando para ela.

— Se for um discurso sobre morte e de superação, eu prefiro dispensar, me desculpe Tia Ivy. – Digo enquanto ela me entrega uma das canecas e se senta ao meu lado. Ela passa a sua mão esquerda em meu cabelo, colocando uma mecha dele atrás da minha orelha.

— Na verdade é sobre outra coisa, eu prometi à sua mãe que conversaria disso com você, caso acontecesse algo com ela. — A olho confusa, então... Talvez, minha mãe já sabia que algo iria acontecer com ela? — Ela queria que eu te desse isso. — Ela tira um colar da bolsa, um colar prata com um círculo, uma rosa dentro dele e um "L". Ela coloca ele em mim e sorri. — Você parece tanto com ela. — Sorrio e dou um gole no chá, que afinal estava muito quente ainda.

— Enfim, continuando.. — Ela faz uma pausa e respira fundo. — Nossa família tem um histórico um tanto peculiar. — Franzo o cenho olhando pra ela e dou mais um gole no chá — Somos bruxas. — Ela diz e eu simplesmente cuspo, sem querer, o pouco de chá que estava em minha boca.

— Não está falando sério, está? — Digo olhando para ela

— Seríssimo. Mas tem um porém. – Ela diz e continua. — Anos atrás, fomos amaldiçoadas por um clã poderoso composto por híbridos de bruxos e feiticeiro. — Ela diz e eu a olho confusa

– Qual foi a maldição? – Pergunto

— Nossa magia só se manifesta quando matamos alguém. Uma alma pelo poder. É basicamente uma troca. – Ela diz

— Por que minha mãe pediu pra você me contar isso só agora? por quê ela não me disse antes?

– Ela estava te protegendo, L. O seu pai fez parte do clã que nos amaldiçoou, ele a usou mas depois que ela engravidou... – Ela deu uma pausa

– O que ele fez? – Perguntei curiosa

– Ele não ficou muito feliz, ele começou a caçar ela, e foi aí que ela me procurou. Ela passou a morar aqui, se escondendo dele e te protegendo. Provavelmente foi ele que.. – Interrompo ela

– Matou a minha mãe.

– Eu sinto muito Elly. – Ela diz pressionando os seus lábios um contra o outro.

– Eu faço parte disso? sou uma bruxa? — Pergunto curiosa e dou um gole no meu chá.

— É, basicamente. Mas você puxou bastante o seu pai, você é uma híbrida também. – Ela diz

— Se eu sou uma híbrida, eu manifestaria meus poderes de feiticeira, não?

— Conseguimos esconder isso de você, menos quando você era bebê. Quando você chorava, era um inferno, tudo tremia. — Ela olha para cima, rindo, provavelmente lembrando desses momentos. — Você movia tudo com a mente, e quando cresceu parou, já que você tinha mais controle disso. — Ela diz sorrindo, o que me faz sorrir também.

— Parece loucura. — Digo olhando pra ela

— Você se acostuma. — Ela diz e logo bebe o seu chá. — Vamos começar os treinos amanhã. — Ela diz e se levanta indo em direção à cozinha. A cozinha e a sala era praticamente juntas.

— Treinos? Para que? — Pergunto indo logo atrás dela e me sentando em um dos banquinhos do balcão.

— Você é uma adolescente, você precisa controlar o seus poderes agora. — Ela diz se sentando no banco ao meu lado.

— Eu não matei ninguém. — Digo olhando para ela.

— Mas ainda tem o outro lado que precisa ser cuidado. É melhor previnir... E, como só enterraram um caixão... — Ela diz abaixando o seu olhar.

— Meu pai acha que eu morri junto com minha mãe? — Pergunto

— Sim, ele não iria matar apenas ela, ele queria você. Você basicamente roubou a metade de seus poderes. — Ela diz me olhando

— Ele vai vim atrás de mim? — Pergunto triste

— Sim, querida. E você vai vencer! nós vamos. — Ela diz e logo depois sorri.

— Pela minha mãe.

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⏰ Last updated: Feb 18, 2019 ⏰

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