prologue.

716 106 133
                                    

Era mais uma vez terça-feira, 22:00 da noite.

E como de costume, Yukhei e Jungwoo se dirigiam até a sacada do apartamento para beber algumas garrafas de soju, a bebida favorita dos dois. Terminaram a escola faz um tempo, mas, pasmem, eles já bebiam muito desde os tempos do colegial.

Talvez possam ter se perguntado... Como conseguiam a bebida quando eram menores de idade?

Lee Taemin, terminou a escola bem mais cedo que eles e era o amigo mais legal que tinham. Loiro, um corpo em forma coberto de tatuagens, um estilo impecável num nível que parecia que as roupas haviam saído diretamente de um manequim das vitrines da Gucci. Além de ser uma beldade, o Lee tinha muito dinheiro e conseguia tudo o que queria, estava nas melhores festas e dava sempre um jeito de encaixar os dois meninos, mesmo que fossem novos demais para isso.

Mas, Taemin era ocupado demais para beber todas as terças às 22:00 da noite na sacada do apartamento de Jungwoo. Assim como todos os outros amigos que os dois tinham, então, isso acabou se tornando algo íntimo, apenas para os dois; melhores amigos.

É claro, com o tempo as conversas foram mudando, e ultimamente os dois só falam das decepções da vida, enquanto o soju os deixa cada vez mais acabados.

Mas teve esse dia em especial que tudo mudou.

— Yukhei, o que achou da decoração nova da sacada? — pergunta Jungwoo – ele se referia a luz negra e alguns pufes coloridos que ele havia colocado – enquanto tira algumas garrafas de soju do frigorifico. O chinês se jogou em um dos pufes que ali se encontravam e respondeu após dar um longo gole em sua garrafa de soju recém aberta.

— Ficou legal. Mas minha decoração favorita sempre será essa vista maravilhosa para as estrelas. — Yukhei tinha um pouco de razão, o local ainda era meio aberto, era uma sacada grande, e a vista para as estrelas era um dos pontos fortes. Isso fez Jungwoo lembrar da primeira vez que beberam ali.

****

— EI! NÃO VAI SUJAR MEU AP COM BEBIDA YUKHEI! — Os dois estavam bêbados, mas Jungwoo ainda era consciente e seu senso de limpeza não ia embora por nada. Então os dois se dirigiram embolados até a sacada, foi impossível não derrubar um pouco de bebida pelo caminho, mas esse seria o menor dos problemas naquele momento.

Yukhei se jogou no chão grande da varanda, e observara enquanto o Kim abria as cortinas para mostrar a vista deslumbrante para as estrelas.

Ali, juntos, lado a lado, Jungwoo ficou explicando sobre algumas constelações que conhecia, ele achava isso algo realmente fascinante. Yukhei apenas fingia prestar atenção nas estrelas, enquanto na verdade, ele não conseguia tirar os olhos do Kim.

— Hey! Deveríamos beber aqui mais vezes! — sugere o chinês. Pareciam bastante animados com a ideia, mal sabiam ambos que aquilo realmente ia durar muito tempo.

— Promessa de dedinho?

Os sorrisos singelos vieram ao mesmo tempo, enquanto os mindinhos se juntavam numa promessa de alcoolátra.


****


Mas, como da última vez, Yukhei não estava sendo 100% sincero, desde a primeira vez que beberam ali, e todas as outras, ele não conseguia tirar os olhos de Jungwoo.

Após algumas bebidas e dançarem muito feito loucos, os dois se encontravam deitados lado a lado, observando as estrelas atentamente, sem dizer ao menos uma palavra.

O silêncio irritaria qualquer um, mas não a eles dois; contanto que estivessem juntos, nada seria tedioso. Os dois pensavam assim, nenhum dos dois tinha coragem o suficiente para admitir.

Em meio a tanto silêncio, uma pergunta finalmente saiu da boca do Kim.

— Yukhei — o chinês olhou-o, e Jungwoo logo desejou não ter chamado a atenção dele, mas já que estava nessa situação, teria que perguntar — O que você acha de... beijar garotos? — tentou ser o mais direto que pôde, mesmo com umas caretas e uma certa relutância contínua, conseguiu perguntar, conseguiu finalmente perguntar algo que está tentando há anos. Queria saber, se pelo menos algum dia Wong Yukhei sentiu alguma vontade de beijar uma boca masculina.

Entretanto, não obteve nenhuma resposta.

O chinês apenas olhou-o durante um tempo, sem dizer nada, Jungwoo estava ficando cada vez mais tenso, resolveu fugir da pergunta antes que a situação se tornasse mais constrangedora.

— Ah, deixa pra... — antes que o Kim pudesse completar a frase, Yukhei fez algo que nem ele mesmo esperava que fosse fazer.

Os lábios macios de Yukhei, que apesar de nunca ter beijado antes, conhecia muito bem, agora estavam juntos aos seus. Foi tão pego de surpresa que, só percebeu depois que estava de olhos abertos. Então, naturalmente, seus olhos fecharam-se, e as bocas começaram a se mover uma sob a outra, até o momento que iniciaram um beijo de língua.

Foi um beijo lento, calmo, como se tivessem todo o tempo do mundo reservado apenas para eles. Eles precisavam disso, há muito tempo ansiavam pelos lábios um do outro. Não era apenas um beijo qualquer, eram dois corpos concretizando um sentimento que existe entre ambos espíritos há vários anos. 

Quando o beijo se dissipou, os rostos se afastaram devagar, estava tudo indo perfeitamente bem, bem até demais.

Jungwoo não conseguiu esconder um sorriso de lado. Ele sempre quis isso, ambos sempre quiseram isso.

Então Yukhei abriu os olhos.

Mas, ao fazer, ao olhar no rosto da pessoa a qual ele havia beijado, o chinês não sentiu que aquilo foi certo.

Yukhei estava atônito. Ficou calado, pois quando abriu a boca, não conseguiu dizer nada. As palavras estavam fugindo de sua boca. Seus batimentos estavam tão acelerados que jurava conseguir ouvi-los; o estômago deu um nó e tudo que ele conseguiu fazer foi levanta-se, ainda um tanto quanto fora de si, - pelo que acabou de acontecer e também por conta da bebida - e falar, em alto em bom som, as últimas palavras que Jungwoo queria ouvir.

— Esqueça isso, por favor — pegou o casaco no chão e saiu em disparada até a porta, batendo a mesma com força.

Jungwoo, por sua vez, se encontrava abalado. Nem ao menos teve tempo de responder à Yukhei.

— Esquecer? — grita assim que a porta se fecha, seus olhos rapidamente se encontravam cheios d'água. — Eu não vou conseguir esquecer. Eu não quero.

O garoto levantou-se em prantos e, num movimento brusco, jogou a garrafa de soju na porta do apartamento, fazendo esta se quebrar em pequenos pedaços de vidro. Até a sua grande obsessão por limpeza o moreno esqueceu nesse momento.

Estava de coração partido, nunca pensou que a pessoa que quebraria seu coração seria seu melhor amigo. Entretanto, de uma certa forma, o Kim sente que, ao mesmo tempo, o Wong seria o único que conseguiria juntar os pedaços novamente.

Era como se Yukhei pudesse fazer o que quisesse com o coração de Jungwoo, ele sempre o pertenceu.

Após descontar sua frustração na garrafa, Jungwoo não encontrava forças para se levantar, então, dormiu no chão da sacada. 


*

Espero que estejam gostando.

dRuNk;; luwooOnde histórias criam vida. Descubra agora