verão

coração quente, sóis frios

De: eu
Para: ninguém

Consigo ver de longe, com certa dificuldade, um canteiro de flores bonitas e muito bem cuidadas. Minha mente me engana e diz para mim que o cheiro delas é doce. Algumas tem cheiro de terra, e o morno da grama molhada aquece meu coração.

Lá tem tulipas vermelhas, rosas com espinhos inofensivos e hortênsias tão bonitas que é quase impossível de descrever a beleza delas. Também tem lírios e girassóis. Que se mexem vagarosamente por conta do vento calmo, que acaricia suas pétalas como uma mãe acaricia seu filho recém-nascido.

Começo a escrever sobre a sensação de plenitude que se apossa de mim por conta do lugar imaginário. Mas quando tento, quando eu tento, tudo vai embora e a sensação bonita se torna uma caixinha vazia e empoeirada.

Eu fico menor que Alice no País das Maravilhas quando bebe aquela coisinha e sinto meu estômago doer.

Não vai embora tão cedo, não é?

Tudo bem, eu gosto do inverno.