Estava a noite e não conseguia dormir de maneira alguma, havia tempo que não tinha uma insônia tão perturbadora como essa, virava pra cá e pra lá, mas algo me impedia de dormir, só não sei o que.
Cansado de lutar contra mim mesmo, me levantei e fui diretamente pegar uma camisa para vestir. Então abri o guarda roupa e assim puxei minha velha camisa azul, uma caixa verde caiu sobre o meu pé.- Put... - ia falar alto mas iria acordar minha mãe, então me calo e suspiro fundo.
Peguei a caixa, sentei na minha cama e abri lentamente.
- Mas o que isso está fazendo aqui? - falo comigo mesmo.
Quando eu era pequeno, levantava quase todos os dias a noite e começava a desenhar rostos de pessoas que nunca tinha visto na minha vida, e era estes mesmos desenhos o que tinha na caixa. As pessoas diziam que eu iria ser um grande artista, mau sabem elas que faço arranjo de flores para madames, mas acho que isso também é um tipo de arte.
Fui tirando desenho por desenho com cuidado e percebi que todos tinham a data de quando realizei aquele "rabisco".- Uma idosa, uma criança - ia tentando descrever enquanto olhava cada desenho - adolescente loira, adolescente nerd, bebê, ruiva, médico, uma ruiva, um bombeiro, um policial, uma ruiva, mulher, mulher, homem, criança, ruiva, bebê, uma rui... - paro por um instante - Pera ai... - pego todos os desenhos que tinham uma ruiva e percebo que é a mesma pessoa em todas, e eu sempre desenhava na mesma data: 25/08
- Ei! - me assusto com a porta sendo aberta, me viro para olhar e é meu irmão - Que barulho foi esse?
- Foi só uma caixa que caiu, desculpa! Não queria te acordar. - digo colocando em ordem os desenhos.
- Não me acordou, tenho escala na delegacia agora! Precisa de algo?
- Não. - falo e então arregalo os olhos - Pera ai, Daniel! Na verdade, preciso sim.
- O que? - ele pergunta desconfiado.
- Tenta descobrir o paradeiro dessas pessoas aqui! Por favor! - me levanto indo até ele e o entrego a caixa.
- Seus desenhos? - Daniel pega a caixa - Pra que isso agora?
- Eu não sei. - falo abaixando a cabeça e estalando meus dedos por nervosismo.
- Tudo bem, vou ver se consigo algo. - Sorri para mim e logo sai.
Me deitei novamente e parece que todo aquele peso havia ido embora, dormi tranquilamente durante toda a noite.
Acordei já de manhã com Daniel abrindo a porta violentamente.
- Landon, levanta agora! - seu tom de voz pareceu assustado e surpreso.
Demorei um pouco pra raciocinar, mas me levantei cambaleando e bocejando.
- O que foi, cara? Está tudo bem? - pergunto me aproximando.
- Eu consegui descobrir sobre as pessoas dos seus desenhos. - ele pega o notebook e abre na aba de coisas de que ele salvou. - Essa mulher aqui, - mostra um dos meus desenhos - Ela morreu na mesma data que você a desenhou. - pega outro - Esse policial, morreu em um tiroteio na mesma data em que você o desenhou, mas dois anos mais tarde.
- Pera ai! Quer dizer então que desenho pessoas que vão morrer? - digo com os olhos arregalados.
- Sim!
- Certo... - fico sem reação- E a ruiva? Ela morreu do que?
Daniel me encarou com uma expressão séria e preocupante...
- A ruiva não morreu.
- Graças a Deus. - sorrio aliviado.
- Mas de acordo com os seus desenhos, ela morra hoje! Ela é a única que tem o ano atual escrito - coloca todos os desenhos na mesa e todos eles estavam: 25/08/2019.
Me levanto rapidamente indo até o calendário: 25/08/2019
- Ah, não, não! DROGA! - dou um murro na parede - Onde ela mora?
- Aqui na cidade mesmo, e trabalha como caixa da lanchonete... - checa no notebook - LittlePub.
Encostei na parede pensativo e senti algo entalado em minha garganta, comecei a sentir me engasgar e ânsia de vomito junto com tosse.
- Lan! - Daniel se levanta preocupado vindo até mim e começa a bater em minhas costas.
Senti algo pequeno sair da garganta e vir para minha boca, me fazendo desengasgar.
- Tá tudo bem! - falo voltando o ar e sinto algo na minha língua, assim que puxo vejo que é 3 fios grandes de cabelo vermelho, então olho para Daniel - Isso só pode ser um sinal!
Sai de lá desesperado, a única coisa que passava pela minha cabeça era tentar salvar a vida dela! Talvez eu possa fazer algo de útil pelo menos uma vez na minha vida! Esses desenhos não podem ter vindo sobre a minha vida por nada!
Tomei um banho rápido e peguei o carro de Daniel indo para LittlePub, onde a ruiva trabalhava de acordo com meu irmão. Pisei fundo no freio e só fui sem pensar em nada, talvez eu me torne um herói!
Estacionei na parada da lanchonete e sai do carro rapidamente. Antes de entrar lá, parei, fechei meus olhos e respirei fundo.
Assim que entrei, meus olhos foram diretamente à ela, não tinha como ficar na dúvida, realmente era a mulher de cabelos avermelhados, mas não estava no caixa e sim sentada no balcão pedindo algo para beber.- Com licença.. - falo atrás dela e então se vira pra mim sorrindo.
Quando me olhou, deu pra ver claramente que sua expressão mudou para assustada, mas logo resgatou o sorriso.
- Pois não? - pergunta olhando os detalhes do meu rosto como se estivesse me reconhecendo, enquanto também olho os detalhes de seu rosto.
- Você não trabalha no caixa?
- Trabalho, mas hoje estou de folga e resolvi tomar um café puro - Sorri - por que a pergunta?
- Ah, nada! É que eu venho aqui e sempre te vejo lá.
- Sério? Nunca te vi por aqui! - franze as sobrancelhas.
- Ah... É - engulo seco - Eu pintei o cabelo! Deve ser isso - rio nervoso - Posso sentar aqui? Conversar com você?
- Pode sim... - dito num tom de desconfiança.
Me sentei, pedi um suco e ficou um silêncio constrangedor, então a olho:
- Como se chama? - pergunto estalando meus dedos e ela parece observar isso.
- Louise! - Diz me encarando, ok, agora eu estou começando a ter um certo receio dela.
- Prazer, Louise! - chega meu suco e então o pego - Sou Landon!
Ela sorri e logo volta tomar seu café.
- Onde mora... - ia pergunta mas ela bate a mão violentamente no balcão e aproxima seu rosto.
- O que você quer, Landon? - Diz me encarando.
- Ei, calma aí ruivinha! Eu estou aqui com a bandeira da paz! - digo me afastando de seu rosto um pouco.
- Vá direto ao ponto! - cerra os olhos.
- Você acreditaria se eu te dissesse que eu desenho pessoas que vão morrer? - falo seriamente olhando diretamente em seus olhos.
- Sim, acreditaria - responde também me olhando nos olhos - Porque eu também tenho esse dom!
- Dom? - franzo as sobrancelhas - chama isso de dom? Isso é horrível.
- É uma coisa que conseguimos fazer perfeitamente! Isso é um dom. - Ela retorna com sua expressão normal e que menos me amedronta.
- Foi mais fácil do que pensei... mas enfim... - a encaro novamente - Eu te desenhei e diz que seu dia de partir é hoje!
Ela volta seu olhar para mim e um pouco sem ajeito fala:
- Eu também te desenhei e seu dia de partir também é hoje.
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Desenhos da morte
Mistero / ThrillerLandon desenha rostos de pessoas desconhecidas desde pequeno, pessoas que diz nunca ter visto. Mas um rosto específico de uma mulher desenhou por anos repetida vezes. Quando se torna um homem de 25 anos, já não desenha mais e trabalha em uma floric...