Em uma manhã de chuva fina e intermitente, o pai parou na entrada da sala e estudou o filho. O menino inclinava-se e retraia-se, movendo dois carrinhos pelo assoalho velho, irregular, recoberto por uma poeira densa. O distanciar de um galopar suave, forçando adiante uma carroça a debater-se, distraiu-o por um momento para a rua. Sentada na porta, a mulher perdia o olhar, o café pendendo na altura dos olhos sérios. O dia irrompera cinza, quieto, deprimido, sentia-se estranha. Carlos passou o tempo de um pão com margarina no beiral da porta. Caminhou incerto em direção ao garoto, bateu-lhe nas costas.
- Senta aqui Felipe - disse ele, batendo no sofá, elevando uma camada de poeira. A mãe já atentava à conversa. - Tá na hora de você começar a ajudar em casa. O menino, a mãe, o tempo, congelados, aguardavam o restante da sentença. - Vou fazer uma caixinha. Tu vai vender goma no Centro. Enquanto o menino arranhava a ferida do joelho, Ester voltou-se para o céu chumbado. As nuvens, reparou subitamente, fugiam para a direita.
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O garoto
RomanceUm menino de seis anos precisa ajudar em casa vendendo doces, enquanto seus pais vivem uma relação conturbada.
