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Ele sempre soube que a felicidade a servia como uma luva; o modo como as maçãs em seu rosto toma contraste quando um belo sorriso é contornado por seus lábios, e suas grossas sobrancelhas são erguidas como se tivessem vida própria. Porque ela está tão feliz que tem controle sobre todo o mundo.

Ele sempre soube, no entanto, que qualquer coisa cai bem em Emilia Clarke.

Um sol lustroso escorrega pelo céu azul em busca de descanso, e um tom laranja quente cai sobre todos eles como um cobertor. E enquanto toda a equipe de profissionais se espalha pelo campo de grama verde, exaustos e estressados, ela corre dos largos braços de Kit como uma criança que teme um monstro feito de imaginação.

— Você não pode me pegar, Kitten! — Emilia disse, ou ao menos tentou dizer, entre suas dóceis gargalhas. — Kit, não, por favor! — E então sua voz se perde da garganta ao que o homem a encontra por trás e a abraça como se sua vida dependesse disto.

Ela ri. E ele endeusa seu riso, como um fanático que prega todo dia de joelhos para um Deus que nunca o respondeu. Mas ela, ela o responde até mesmo com o silêncio.

— Você disse algo? — Kit a carrega do chão e a arrasta pela campina, sorrindo sempre que ela solta uma de suas risadas estridentes. E ela se debate contra seu peito, o amaldiçoando com palavras e tapas por não deixa-la por os pés no chão. Obrigando-a se sentir mais baixa do que realmente é. — O que? Emi, eu acho que não posso ouvir. Diga mais alto!

A jovem descansou a cabeça no ombro do rapaz, arfando após decidir entregar-se ao inimigo ao invés de lutar contra ele.

Emilia apertou-se entre os braços de Kit, e sorriu outra vez, ao que ao erguer a face para olha-lo encontrou em seu rosto de vinte e seis anos a vergonha de um garoto de dezesseis, repleto de hormônios quais não sabe lidar. Mas ainda assim, era bom estar em seus braços. Bom o suficiente para fazê-la se sentir segura neste mundo que nunca foi seguro para uma mulher.

— Eu disse que — Ela falou. O olhar preso sobre o maxilar recém-barbeado dele, e em todos seus pequenos traços cujo somente ela tinha o prazer de ver naquele momento.

— O que?

— Deveria me soltar.

Kit apertou os olhos, e respirou fundo a essência de extremo agrado vinda de Emi, e suspirou. Não seria capaz. Não agora. Não neste momento. Não sabia ao certo quando a teria deste jeito novamente; tão próxima, carregada de palavras eloquentes cujo ele nunca fora capaz de ir contra. Mas agora ele precisava contraria-la. Ao menos por enquanto. Então, tomou-a ainda mais forte contra seu corpo, e consternado colocou seu rosto ao lado do dela ainda de costas para ele e disse:

— Apenas mais um instante, eu prometo.

E ela concordou, sem demostrar o qual triste estava por uma hora ter de solta-lo e sorrir como se de fato não o amasse de todo o coração.

E a maldita hora ousou chegar.

As duas maquiadoras que trabalhavam focadas em Alfie e Lena — até então sentados em suas respectivas cadeiras abaixo do guarda-sol, fartos igual todos (exceto Kit e Emilia) estavam — afastaram-se ao fim, e dois dos três fotógrafos gritaram para reunião que deveria ser feita até antes do pôr do sol, que já estava a quase cair pelo oeste do horizonte.

Não custou mais que dois minutos para o mesmo trabalho que os juntou, os afastarem. Deixando ambos desconectados demais para serem capazes de se posicionarem perfeitamente bem às lentes das câmeras. E embora a revista fosse a Rolling Stone, e isto exigisse extremo profissionalismo deles, até porque metade da equipe não compareceu ao evento, Kit e Emi se perdiam cada vez em era necessário um contato físico entre eles.

Ele não podia deixar de olha-la quando seu corpo recaia nas mãos dele e seu cabelo castanho era levado para trás com os fortes sopros do vento, mas o sorriso permanecia desenhado no rosto de porcelana. Ou quando entrelaçavam as mãos e fingiam dançar valsa naquele ambiente sem musica, e quando ela reclamou disso, ele cantou bem baixo em seu ouvido musicas que ouviu nas ruas de Sevilha, na Espanha. E ela estremeceu. Não porque ele cantava bem ou seu espanhol era perfeito, porque não era, mas porque ele cantava versos de amor baixo o suficiente para apenas ela ouvir. Como um segredo perverso que deveria ser trancado a sete chaves.

Mas não era apenas Kit.

Toda vez que ele descansava as mãos na cintura dela, ou simplesmente a abraçava quando poderia estar abraçando outro colega. Quando a apartava, falava em seu ouvido, ajeitava seu cabelo rebelde ou até mesmo em apenas olha-la de longe. Ela sabia que não havia de existir lugar melhor para se estar senão ali, com ele... Ela jamais conseguiria ser apenas sua amiga. Não enquanto ele tivesse todos esses cachos difusos no vento, uma mão inquieta em uma busca constante pelo toque dela, o sorriso contido nos lábios e uma beleza idolatrada por poetas e músicos. Não, Emilia não conseguiria. E nem ele.

— Tudo bem, pessoal, vamos tentar algo diferente. Pode ser? — Perguntou um dos fotógrafos, uma mulher de estatura baixa e olhar de bastante premissa que tinha sua câmera disparando nos momentos certos. Enquanto os outros dois queriam a todo custo capturar os atores a cada misero segundo.

Alfie e Lena foram os primeiros a se separarem para tomar um pouco da água que restava, enquanto Emilia e Kit permaneceram nos mesmos lugares, absortos demais nas piadas e risos para sentir alguma outra coisa além de alegria.

Rapidamente o restante voltou onde estavam, e então foi à vez da fotografa dizer a proposta da vez.

— Prontos? — Ela perguntou, diretamente para Kit e Emilia, que assentiram ainda sem compreender. — Clarke e Harington, por favor, se beijem.

Um riso escandaloso foi ouvido de Lena, e Kit quase a matou com os o fervor do olhar. Ele queria beija-la, óbvio que queria. Mas de algum modo, ainda parecia inalcançável, como se ele fosse a qualquer instante despertar em sua cama, com a cabeça doendo após um porre de tantas bebidas e com o quarto cheirando a um perfume feminino cujo ele nunca se lembraria do rosto da dona somente pelo aroma e se lamentando por não ser o Dela. Porque ele queria, desde antes do inicio da primeira temporada, quando se conheceram no bar do hotel em Belfast e ela o dopou de sensações novas e profundas, tê-la. Mas um beijo? Para agradar seja lá quem fosse ler? Isto sim não parecia certo.

— É só um beijo, Kitten. — Emi cochichou em seu ouvido, após um longo tempo esperando por sua resposta e ouvindo as piadas dos colegas. — Não precisa ser nada demais.

— Mas eu quero que seja.

— Como assim?

— É nosso — Ele disse pondo sua mão sobre costas dela, bem na abertura do vestido branco, porque queria sentir sua pele. E ela aproveitou para segurar seu pescoço. — tem que ser bem mais que apenas um beijo.

— Será. — Ela respondeu. E num lampejo de coragem, seus lábios foram debruçados aos dele. Nenhuma língua, nenhuma urgência. Apenas aquela confirmação do que todos já sabiam; eles eram pra acontecer.

E quando todos aqueles flashes param de disparar, e o mundo mandou sinal de vida, Kit acariciou o rosto de Emilia ainda pondo sua mente em ordem para poder voltar a trabalhar.

Ela sorriu.

Ele sorriu.

E aquele ensaio deixou de ser trabalho para ser a realização de um desejo antigo, e, o rabisco de um futuro.

— Vá embora comigo hoje. — Ele pediu, quando teve de se virar para próxima pose, e beijou o rosto da garota quando a câmera capturou mais uma vez seus movimentos.

Tudo bem.

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⏰ Last updated: Jan 19, 2019 ⏰

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Photograph - Oneshot {Kit+Emilia}Where stories live. Discover now