Caminho Confuso e Solitário.

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Levanto-me da cama, minhas costas doem. Deve ser por causa da hora em que fui dormir, e ainda por cima, fui dormir de mal jeito. Abri as cortinas da varanda e as portas de vidro logo após. Estava nevando, tudo branco... Branco até demais. Me ligando a vida real novamente, pego uma toalha – que deixei na noite passada em cima da cadeira – e me direciono para o banheiro. A banheira e a pia com detalhes de mármore eram magnificas a qualquer um que as veja, mas para mim, são apenas objetos entediantes que já fazem parte de uma monótona rotina. A parte que eu mais gosto do banho, é a reflexão que fazemos nele. Pensar e responder perguntas fúteis, por exemplo.

Mas, a vida não é apenas o paraíso. Me sequei e vesti meu uniforme. Não tenho gostos quanto a cor, nem estilo. Depois de me vestir, me sento na cama macia e pego meu celular. Era com certeza a melhor coisa que eu possuía. Meu celular. Eu não falava com amigos, até porque eu não tenho amigos. Eu jogava jogos online, mexia em redes sociais, mas nada que me proporcionasse ter amigos. É a triste realidade.

Às vezes eu esqueço que o mundo não para, e acabo ficando para trás. Foi quando escutei o sino tocar, e eu rapidamente enfiei meu celular no bolso e sai do meu quarto. A casa onde moro é muito grande, tanto os quartos, quanto os corredores, as salas, as cozinhas, as escadas, os banheiros... A solidão. Desci as escadas perfeitamente limpas.

Na sala de jantar, estava a empregada chefe, a senhora Manoban e a sua filha, a Lisa Manoban. Ambas empregadas da família Jeon. Elas se curvaram em sincronia.

"Bom dia, jovem mestre. " Disse a senhora Manoban.

"O que temos para o café? " Perguntei, como sempre, sem emoção alguma.

"Temos crepes de frutas vermelhas e chocolate quente. " Disse ele, e eu esbocei um sorriso. Ela sabia meus gostos, principalmente nos dias frios. A Sra. Manoban sempre cuidou de mim, tenho um carinho especial por ela.

"Permita-me servi-lo, jovem mestre. " Já a filha dela, a Lisa Manoban, era um pouco estranha. Ela tinha um rosto bonito, mas a sua atitude era fechada e ela nunca sorria como a Sra. Manoban sempre faz quando está olhando para mim, exalando carinho e amor.

O crepe estava no ponto, as frutas vermelhas deixaram o sabor equilibrado, nem tão doce, nem tão ácido. O chocolate quente estava amargo, como eu gostava. Nem muito liquido, nem muito condensado. No ponto ideal. Eu sabia quem tinha feito isso. Foi o senhor Kim. O cozinheiro da família Jeon. Ao me virar para trás, mesmo que pouco, pude ver o Sr. Kim cozinhando o que deduzir ser meu almoço. Ele era um senhor um pouco diferente da Sra. Manoban. Não sorria muito, mas quando sorria, era reconfortante. Ele parece ter me notado, então dá um sorriso, sem mostrar os dentes enquanto seus olhos se fechavam, mas logo voltou a ficar concentrado nas panelas no fogão.

Após comer, me levantei e perguntei a Sra. Manoban:

"Eu posso ir agora, certo? Para a escola. " Ela me olhou um pouco receosa. Eu sempre pedi para que ela me deixasse ir para a escola sozinho. Mas ela insiste em pedir para o chofer me levar. "Prometes-te que este ano eu poderia ir só. " Digo cruzando os braços.

"Está bem. Mas, vá com cuidado! Não queremos que nosso jovem e amado mestre se machuque ou se perca! " Ela me deu um sorriso, mas eu vi em seu rosto preocupação estampada. Ela sempre foi como uma mãe para mim. Do mesmo jeito que o senhor Kim foi para mim um pai. Os meus pais biológicos vivem em viagens, mas ao contrário do que parece, são todas viagens sem comprometimento comercial, eles só fazem isso para o próprio lazer. Nunca me conformei, por nunca me levarem, mas nada posso eu fazer.

Me despedi dos empregados e sai pela enorme porta da frente. Minha casa, como eu disse antes, é muito grande. Mas eu esqueci de mencionar o jardim imenso. Era incrível o tamanho daquele jardim! Tinha pinheiros e roseiras, plantações de aboboras, das quais eu nem entendia o motivo para existirem naquele lugar, e uma fonte no meio. Era um pouco exagerado. Com certeza.

Contudo, eu gostava do ambiente. Era.... Confortável olhar para as roseiras... E... Escalar os pinheiros quando eu era mais novo. A propósito, meu aniversário de dezessete anos foi neste lugar. Por que? Porque eu não estava com vontade de ter que ir para outro lugar.

Sai pelo portão, acenando para o porteiro enquanto sorria. Saí de casa sozinho, pela primeira vez.

Na verdade, disseram que quando eu era menor, tentaram me sequestrar, desde então, nunca me deixaram sair sozinho. Porém isso me irrita. Eu sou grande o suficiente para andar sozinho por aí.

.... Eh ...

Onde eu estou?

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⏰ Last updated: Feb 18, 2019 ⏰

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