01.Senhor Stark

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Ben

Estou na frente da faculdade, e parecia um sonho, tão irreal que parecia fora da minha realidade. Ir até lá e fazer a matrícula me deixou inquieto e ansioso. Olho ao redor e vejo os meus melhores amigos vindos da minha direção. Olhar para eles me faz perceber que o amor nunca seria uma possibilidade para mim. Sorrio para Lena Campbell e seu namorado Caleb Lerrisk. Eles são um casal típico que começou a namorar no ensino médio e estão juntos desde então. Parecem brilhar de felicidade e com a certeza de que nunca se separarão, o que me dá a certeza de que seria egoísta ter alguém. Espanto esses pensamentos e Lena solta a mão de Caleb, e me abraça com força. Retribuo, era o meu primeiro dia na faculdade de literatura, e estava animado para isso. Lena comemora, me fazendo girar.
—Ah, estou tão feliz que você vai realizar seu sonho, Ben.
—Eu também estou feliz, e estou contente por ter uma companhia de vocês aqui. Olá, Caleb. — Aceno para ele sorrir, e ele me cumprimenta animado.
—Ei, Ben, vou me encontrar com meus amigos. Vejo vocês depois.
Ele joga beijos para o ar, e Lena e eu fingimos tentar pegar os beijos. Era uma brincadeira nossa, e observo ele se afastar. Lena pergunta, olhando nos meus olhos.
—Está tudo bem?
—Sim. — Respondo, tentando evitar o assunto, mas sabia bem o que ela queria saber. Lena e eu nos conhecemos há quase quinze anos, e ela sabe de todos os meus problemas com a minha mãe. Ela pergunta, paciente.
—E como está a relação com a sua mãe?
—Está tudo bem por enquanto. Mamãe está tentando ficar feliz com a minha vinda para a faculdade, sem se preocupar com o que pode acontecer. E quero manter esse clima.
—Você está bem com isso? — Olho para o céu, que está lindo, e respondo sorrindo.
—Estou feliz, L, só quero aproveitar a vida e a faculdade.
Tinha uma doença incurável, e me privava de várias coisas. Minha mãe, desde cedo, foi extremamente protetora. Mas após ouvir que nunca conseguiria ser uma pessoa saudável e viveria pouco tempo, decidi fazer tudo o que tinha vontade. Esse era um dos principais motivos de briga entre mim e a minha mãe. Ela tinha medo de que eu expusesse a novas ambientes que pudesse piorar meu quadro e me trazer infecções. Lena segura a minha mão e comenta.
—Bom, você vai adorar a faculdade e as pessoas. Vou te levar na sua sala.
—Já ia te pedir isso, obrigado Lena.
—Não precisa agradecer. Tudo pela felicidade do meu melhor amigo. Podemos nos encontrar no intervalo?
—Sim, podemos. Lena e eu caminhamos até a minha sala.
Ela está falando sobre algo que não presto atenção, estava fascinado pela faculdade. Assim que chego na sala, me despeço.
—Até daqui a pouco.
—Certo. — Vejo Lena andar em direção à sua aula.
Entro e me sento na frente, me sentindo como uma criança ganhando um doce enquanto os professores se apresentam e explicam as obras que estudaríamos no semestre. As aulas passam rápido, e conheço alguns colegas legais. Mas na hora do intervalo, vou até o pátio e procuro pelos meus amigos. Quando os encontros, já estão sentados com várias pessoas ao seu redor. Resolvo não ir até eles. Amo os meus amigos, mas prefiro o anonimato. Eles são populares desde a época da escola, e aqui não seria diferente. Mordo uma maçã que trouxe na bolsa, pego o meu celular, coloco uma playlist não aleatória e os fones de ouvido. Sento-me em uma mesa afastada e pego o meu livro favorito do momento, "Sereia" de Kiera Cass. Já li várias vezes e estou relendo novamente. Mergulho no livro e só consigo parar de ler quando alguém puxa o meu livro. Sei que é a Lena apenas pela forma como puxa. Olho para ela, tiro os fones e ela comenta sorrindo.
—Poderia brigar com você e dizer que você tem que ser mais sociável, mas vou relevar isso apenas hoje.
—Odeio ficar com muitas pessoas, e você sabe disso. — Me justifico, e ela concorda. Lena me conhecia muito bem.
—Eu sei disso. Como sei, aliás, o resto das aulas foram cancelados pelo jogo de iniciação do ano letivo.
—Sou obrigado a ficar?
—Sim, você é. — Escuto a voz de Caleb atrás de mim. Olho para ele e vejo que está com o uniforme de futebol. Pergunto, curioso.
—Você vai jogar?
—Sou o atacante, e vocês são a minha torcida particular. — Brinca, e respondo entrando na brincadeira.
—Caleb na veia.
Rimos, e guardo minhas coisas na bolsa. Caminhamos para a quadra, e vemos vários, caras, todos vestidos como o Caleb. Vejo um deles correr até nós e perguntar, ficando perto demais de mim, o que me faz recuar um passo.
—Você deve ser adorável, Ben?
—Sim, sou eu, tirando a parte do adorável. E você é?
—Me chamo Trevor Stark, ao seu dispor. — Se apresenta sorrindo. Pergunto.
—Como Tony Stark, o Homem de Ferro?
—Para ser como ele só falta o dinheiro e a armadura.
—Você chega lá. — Encorajo e rimos. Sinto os olhos de Lena em mim, e sei que vou ouvir piadas depois. Caleb o chama.
—Vamos lá, Stark, o treinador está chamando.
—Até mais, Ben e Lena. — Se despede. Sorrio, e vejo eles correndo para longe da minha visão. Lena me imita.
—Você chega lá, em...
—LENA. — Exclamo envergonhado, mas ela me ignora e me chama.
—Vamos lá, Senhor Stark.
Ela ri de mim, e reviro meus olhos, sabendo que é inútil discutir com ela. Andamos para a arquibancada da quadra de futebol, que já tem uma pequena multidão sentada, esperando para começar o jogo. Nós sentamos perto das amigas de Lena, que eram barulhentas demais para o meu gosto, mas sorrio para elas e tento ficar ali. Depois de alguns minutos, cansado de ficar ali, aviso, olhando para Lena, que está agindo como uma líder de torcida. Era divertido assistir.
—Lena, vou ao banheiro e já volto.
—Está tudo bem? — Pergunta, preocupada, e assinto, porque não quero que ela se preocupe.
—Sim, está. Só preciso ir mesmo ao banheiro.
—Certeza?
—Sim, Lena. Vejo você depois.
Saio da arquibancada rapidamente. Se olhar para trás, posso ver que Lena me olha preocupada. Vejo Caleb correndo pelo campo sorrindo, e sorrio de volta. Aquilo não era o meu mundo, nem o que eu gostaria de fazer no meu tempo livre. Ando pelos corredores vazios da faculdade, o que é um problema. Vejo a biblioteca e, ao entrar, sorrio, olhando ao redor. Era lindo e tinha um acervo de obras maravilhoso. Ando em direção às mesas e me sento na mesa do fundo, coloco o meu fone de ouvido na playlist da Lana Del Rey, pego meu livro da Kiera Cass e volto à minha leitura, perdendo a noção do tempo. Escuto barulhos ao fundo e me levanto assustado, percebendo que provavelmente o jogo já acabou e ainda estou ali. Lena com certeza me mataria quando me visse. Rapidamente, guardo minhas coisas e ando pelos corredores até chegar ao campo. Vejo que os jogadores saem animados da quadra. Ao olhar ao redor, vejo Lena e ando até ela, que comenta eufórica demais. O que eu tinha perdido?
— Ben, você é uma nova celebridade da faculdade.
—Eu sou? Porquê? — Pergunto confuso sem entender. Sinto vários olhares direcionados a mim. Antes que eu pergunte, Caleb e Stark se aproximam, e Lena avisa sorrindo maliciosamente.
—Hoje à noite promete.
—Lena Campbell... — Exclamo e ela dá risada. Sorrio sem entender, e Caleb pergunta enquanto tenta nos abraçar, mas tanto eu quanto Lena nos afastamos antes que ele consiga.
—Onde você estava na hora do jogo, Ben?
—Banheiro. — Minto, mas Lena me olha como se fosse uma investigadora e pergunta.
—Sério, Ben?
—Não, eu estava na biblioteca. — Admito, e Caleb diz, como se estivesse decepcionado.
—Você perdeu o gol que nos deu a vitória.
—Não se preocupe, eu gravei tudo. — Lena revela sorrindo e me entrega o celular. Vejo o gol que Stark fez e dedicou o gol a mim. Olho para ele, que está conversando com algumas pessoas próximas de nós, sem entender por que ele dedicou o gol para mim? Ele nem me conhece. Trevor me olha e sorri, ele está sem camisa, e o analiso, cedendo à minha curiosidade. Ele tem um corpo sarado e várias tatuagens espalhadas. Sei que ele vai me trazer problemas. Sorrio de volta para ele, elogio quando ele se aproxima.
—Belo gol, Stark.
—Tive uma ótima inspiração, Ben. — Responde com um sorriso que me faz corar, e agradeço.
—Obrigado pela dedicatória, foi fofo.
—Não tem de quê, e acho que mereço um abraço como agradecimento, não é? — Pergunta dando passos na minha direção, e respondo enquanto me afasto.
—Merece, mas tome um banho antes, porque não vou abraçar você suado, cheio de germes e bactérias.
—O Senhor limpeza não quer um abraço meu agora? — Pergunta, e nego com a cabeça, mas prometo.
— Vou te dar um abraço depois que você tomar banho.
—Vou querer você nos meus braços durante a festa.
—Que festa?
—Lena te explica depois, vamos Caleb, nossos acompanhantes não querem nos abraçar suados. — Ele chama, e Caleb sorri brincalhão e confirma.
—Vamos, Stark.
—Vamos nos abraçar. — Stark abre os braços, e Caleb o abraça. Eles saem de braços dados para o vestiário, e Lena e eu rimos daquela cena. Ela comenta.
—No seu primeiro dia de faculdade, você já deixou o Trevor de quatro por você, e esse é o meu melhor amigo.
—Isso está fora de cogitação, Lena. — Nego a possibilidade, e ela pergunta sem entender.
—E por quê? Só uns beijinhos para matar o desejo, e você vai gostar.
A ideia de beijar Trevor não era ruim e podia confessar que seria bom sentir os lábios dele sobre os meus, mas beijá-lo iria me fazer me apegar a ele, e no final sairia magoado ou o magoaria. Nego rapidamente.
— Não sou assim, e você sabe disso.
—Ele quer você, e isso é nítido, a faculdade inteira vê isso. — Ela me conta, mas me nego a criar fanfics, onde daríamos certo. Digo, sem deixar brechas para Lena.
—Bom, ele vai me desquerer, Lena.
—Essa palavra não existe, senhor Stark. — Me provoca, e faço o mesmo.
—Inventei agora, senhora suor.
—Mas falando sério, Ben, você me disse querer curtir a vida.
—Eu sei, mas não quero me envolver com ninguém amorosamente.
—Por causa da sua doença? Você ainda tem um tempo de vida e pode curtir o gato do Trevor e que peixão que caiu na sua rede em...
Rio, e Lena era minha melhor amiga e contava quase tudo para ela, mas não contei sobre meu prazo de validade e sobre as minhas pioras recentes. Era melhor assim, e ela tinha Caleb, e eles cuidariam um do outro sempre, quando eu não estivesse mais aqui. Lena me cutuca, me tirando dos meus pensamentos, e olho para ela.
—Você vem para a festa, e vou te buscar na sua casa.
—Não.
—Escolhe uma roupa simples e bonita, mas que seja fácil de tirar, nunca se sabe, né? — Ela brinca, mas olho sério para ela e nego.
—Não vai rolar.
—E por quê?
—Tenho consulta com o Doutor Davis, hoje.
—Então, se for por isso, você está perdoado, mas amanhã o Trevor vai te pegar de jeito, e a faculdade inteira vai ver esse momento.
—Falando assim parece que ele é um homem das cavernas, que vai acasalar comigo, na frente da faculdade inteira. — Comento. Ela ri como uma desesperada, balanço a cabeça. Escuto o meu celular tocar e não preciso olhar para saber que é a minha mãe. Pego o meu celular e ao atender, ela oferece.
—Filho, estou próximo da faculdade, quer carona?
—Quero sim.
—Estou te esperando aqui na frente.
—Ok, estou indo. — Desligo e me despeço da Lena.
—Até amanhã, e obrigado por hoje.
—Não me agradeço, estou feliz por você estar aqui e sempre vou te apoiar.
—Te amo, Lena.
—Amo você, Ben. — A abraço, sentindo o meu coração bater forte, e estou feliz de estar com eles ali vivendo a experiência da faculdade. Caminho para a saída da faculdade, entro no carro da minha mãe, que está sorrindo para mim.

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