O Dia Que Nunca Aconteceu | Parte 1

Olhos Claros

A antiga mansão Salvatore estava agitada naquela manhã. Certamente nem todos estavam animados, ainda sim, um dia aguardado por muitos. Josie tem um compromisso a perdurar com sua irmã, fazê-la dela uma vencedora. Haviam planejado que o holofote seria de Lizzie, seu âmago desejava que fosse seu. Negaria esse seu desejo, pelo bem de todos.

A escola estava em constante movimentação com a chegada dos veículos transportando as decorações, e a chegada dos convidados da cidade para o normal internado que hospedava apenas jovens encrenqueiros e ricos. Inegavelmente alguém ali buscava certa encrenca neste dia.

Josie negaria o quanto fosse possível seus desejos ocultos, suas vontades reprimidas. Colocarias nas sombras para que não dessem margens em se expressassem.

– Ei... – uma voz suave soou ao seu lado. Estava em pé parada acertando detalhes da decoração do Miss Mystic Falls, foi ali que ouviu aquela voz pela primeira vez no dia. A voz que tanto a perturba, a voz que tanto ama. O som ameno de suas palavras a convidou para uma maratona, o que acharia ideal para o clima razoavelmente frio da cidade. Penelope Park havia a convidado para ir ao seu quarto, deitarem na sua cama e aproveitarem a condição climática favorável, uma desculpa perfeita para agarrar-se. Essa foi sua primeira impressão e ninguém poderia culpá-la. – Eu realmente quero falar com você sobre a carta que escrevi. – seu timbre não era mais o mesmo, a serenidade ainda presente, assim como a seriedade.

A gêmea não havia pegado a carta ainda. Desde que a outra bruxa havia dado a ela, jogara em uma gaveta e pretendia esquecê-la, assim como a sua remetente. Josie notou seu semblante opaco, portanto desviou seus olhos o mais distante possível dos malditos olhos verdes. Penelope a conhecia bem de mais para não ler sua expressão corporal. E não gostou da energia nociva pairando no ar.

Não entendia a repentina insistência da outra bruxa. Assim como não entendia muitas coisas sobre Penelope Park. Tomou coragem para por fim encarar o expressivo olhar esverdeado no qual desenvolveu certo temor.

– Estive lidando com o concurso, Penelope. – disse Josie. Empenhou-se o máximo que pode para que fosse clara no seu desinteresse, não que isso funcionasse para alguém como Penelope Park, mas não cederia. Desviou a cabeça, fitando um ponto qualquer em sua frente. A maldita bruxa estava extremamente linda. Maneou a cabeça para o lado novamente quando a outra passou a falar. Ela lhe oferecia uma opção viável em contra partida de um concurso misógino e arcaico, segundo suas palavras.

Josie não considerava suas palavras, sua mãe havia participado e ganhado, seguiria a tradição de sua família. Mas com Lizzie.

– Eu sou uma concorrente. – declarou Josie, fitando-a com sua tão bem treinada expressão de quero não me importar com o que Penelope diz. Expressou com convicção suas motivações... Para ajudar sua irmã a ganhar. Encarou o belo rosto da outra bruxa com determinação, e como sempre, preferiu não ter feito. Josie pode sentir a áurea exausta sobre Penelope. – Estou apoiando minha irmã. – foi o que disse, cética ao seu objetivo.

*Play: Oh Wonder – Without You*

Ainda sangrava pelo término... Os momentos que viveram foram marcados como brasa sobre sua pele, cada toque, cada risada, cada contado; tanto entre seus corpos quando entre seus corações. Não entendia o porquê haviam acabado. Não entendia o motivo no qual sua ex lhe magoou tanto, ainda mais quando se lembrava do tanto que Penelope parecia estar apaixonada.

Virou as costas para a outra bruxa, assente a sair dali. Não podia lidar com Penelope e tudo que a mesma lhe causava; assim como queria saber suas motivações por tudo. Tiveram momentos lindos, tanto que apenas o pensamento deste fato lhe doía, como uma dor interna e consecutiva, sem lhe dar uma pausa para respirar. Fugira de tudo isso.