Delegacia

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— Já disse que não vou lhe responder...

Sua fala calma e sua postura relaxada na gelada cadeira da sala de interrogatório me incomodavam. Mesmo algemada, prosseguia com aquele maldito sorriso debochado e a sobrancelha erguida, mostrando que o controle total da situação ainda era seu.

— Senhorita Estrabão...-Suspirei, procurando paciência onde claramente não encontraria. Camila gostava de jogar comigo e fazia de tudo para ganhar.- Eu preciso que responda às perguntas.

Suspirei.

— E eu preciso que você me deixe em paz, Morgado.

O sotaque pesado ao pronunciar meu sobrenome fez com que eu me perdesse do meu objetivo de fazê-la falar o que quer que fosse. Me senti umedecer quando seus olhos cruzaram com os meus, e para brincar com minha sanidade, colocou a ponta da língua para fora, deslizando entre seus lábios como um demônio faria para tentar um mortal.

Céus!

Meu autocontrole pedia ajuda. Enquanto minha cabeça tentava se concentrar no caso, minha boceta gritava, pedindo que aquela língua fizesse aquilo em mim.

Como uma resposta às minhas preces, uma batida leve na porta me fez despertar do transe que àquela maldita mulher me colocara. E ao olhar a porta, pude reparar no olhar insatisfeito de meu superior.

— Detetive Morgado.

Cumprimentou-me balançando de leve a cabeça, adentrando na sala de interrogatório.

— Delegado Stuart.

O homem mal conseguia passar pela porta sem ter alguma dificuldade, Stuart não era muito alto, mas sua largura se encontrava exuberante. Seu bigode parecia viscoso graças a algo que provavelmente acabara de comer e seu distintivo estava torto no peito de sua camisa mal passada, indicando que se trocou às pressas para estar naquele horário na delegacia.

Stuart caminhou até mim com a sua pose de superior, mesmo sendo menor que eu, olhava em meus olhos com prepotência. O delegado nunca gostou de mim, muito menos me parabenizou por qualquer caso resolvido mesmo que o ajudasse em seu futuro como prefeito.

— As chaves.

Pediu, esticando uma das mãos calejadas em minha direção.

— Mas, senhor...

Stuart ergueu uma sobrancelha e me encarou com fúria, não havia nada que eu pudesse fazer.

Meu orgulho gritava como se não quisesse que eu o silenciasse, como uma fera querendo se libertar. Minha vontade, na verdade, era acertar um soco na cara daquele filho da puta, mas para a minha infelicidade, o desgraçado era meu chefe e por isso, apenas lhe entreguei as chaves.

Stuart soltou as algemas de Camila, enquanto a mesma fazia uma cara de dar pena, massageando os pulsos, encenando como uma coitada inocente enquanto se levantava.

"Inocente"

Na última vez em que eu a algemei em uma cadeira não ouvi reclamação, muito pelo contrário. Se contorcia embaixo de mim, doida para que eu a tocasse, para que eu a fizesse relaxar.

Antes de sair pela porta, a maldita ainda teve a coragem de me lançar um beijo e só não fui atrás por conta do delegado, que havia batido com força a mão na mesa.

— Qual o seu problema, detetive?

Perguntou o Delegado, sentando onde antes se encontrava Camila.

— Meu problema, Senhor? Delegado, o senhor acabou de soltar minha suspeita!

— Lauren, você não tem provas. Tem noção do quanto essa mulher é poderosa?- Perguntou o homem levantando da mesa e vindo em minha direção, colocando uma das mãos em meu ombro.- Arranje as provas, se me fizer mais uma burrada, como trazer uma fuking empresária sem provas para minha delegacia. Se considere desligada deste caso.

Camren: The Secret Of The Perfect CrimeWhere stories live. Discover now