Lembranças

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Desatando nós é um texto tirado de "Cartas para Benjamin".

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"Juntos eramos uma festa, e separados pensavámos que não saberiamos viver sem o outro."
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Um limpava a casa cantarolando, enquanto o outro fazia o almoço.

Música alta, devo ressaltar que a música era Break the silence, da banda preferida de ambos.

Um corta os legumes e tempera o restante dos ingredientes, o outro comanda as panelas e ponhe a mesa.

Hoje resolveram por a toalha de cor azul, para combinar com o ambiênte festivo de dois loucos.

Se encaravam em trocas de olhares que mais diziam do que proprias palavras.

Não entendiam a forma deles de se comunicar, mas eu sim!

Admirava portanto, a forma com que se relacionavam.

Eram amigos nas horas cabiveis, amantes nas horas de paixão.

A harmonia era grande, e deixava qualquer vizinho com os nervos aflorados de inveja.

"Eles não brigam nunca?" Perguntavam vez ou outra.

Brigar para quê, afinal, se ambos estavam em sintonia?

Mas naquela noite de lembranças, ela se recordou da noticia...

Ele tinha que ir embora para outro país, e não pretendia voltar tão cedo.

Pensou em comentar, mas não queria estragar o momento único que teriam juntos.

Talvez fosse o último, ela não sabia..

Mas eu sim!

Acabaram o jantar, tiraram a mesa, e subiram para o quarto.

Ali eram onde se entregavam de forma fiel, mas algo faltava essa noite..

Não sabiam dizer o que era, talvez ansiedade ou sintonia, mas estavam distantes, inertes eu presumo..

E quando o dia seguinte raiou seus primeiros raios de sol, ele foi embora, deixando assim ela dormindo, como um anjo em um altar no paraiso que se exista no céu.

Quando ela acordou, sentiu em seu peito um nó que se formou, sentiu uma batida descompassada atrás da outra em seu peito, como quando a vocês humanos sentem quando perde um ente querido.

É estranho pensar que, enquanto o falecido está ali na casa, mesmo que sua alma já não esteja lá, vocês sorriem e conversam, mas, quando o caixão se embanha em terra, vocês choram....

Eu não vejo graça nisso, se me permite dizer....

Ali naquela cama, agarrada ao lençol que tinha o cheiro de seu amado, Ela chorou, como se estivesse em um verdadeiro luto, e talvez estivesse mesmo no fim das contas...

Cada lágrima escorrida em sua face, cada grito que ela abafou, era uma lembrança que se entrelaçava em um nó a outro, formando assim nós, talvez cegos, talvez firmes, mas que ela precisava desatar!





*Aqui está a musica escolhida para esse capitulo, então sugiro que, se você não gosta de musica barulheta ou metal, é melhor pular para o segundo capítulo.

Desatando nósDonde viven las historias. Descúbrelo ahora