Prólogo

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Pluckley, Kent - Inglaterra
25 de Setembro de 1475

      Thaddeus se debatia em sua cama, o suor frio descendo por seu corpo e molhando os lençóis já encardidos, Mary, sua mãe, com lágrimas nos olhos, tentava amenizar as dores e suores do amado filho com um pano, enquanto, Warlock, seu pai, esforçava-se para retirar as filhas mais novas daquele quarto, Thereza e Laura choravam com a visão da imagem debilitada do irmão mais velho.

    Faziam 5 semanas que o pobre rapaz de apenas 17 anos sofria de tremores e dores que só pioravam e o debilitavam cada vez mais, por vezes, o jovem gritava na tentativa de pedir por socorro e piedade por horas a fio até finalmente conseguir dormir. Os pais já quase não faziam nada além de cuidar do garoto, em sua pequena casa no vilarejo. Tendo, repetidas vezes, que amarrar Thaddeus para que o mesmo não se machucasse ao se debater em sua cama.

      -PAAI, POR FAVOR, PELA PIEDADE DE NOSSO SENHOR, FAÇA ISSO PARAR - Suplicava aos berros, os cabelos, antes tão alinhados, caiam sobre os olhos azuis esverdeados do menino enquanto, com dificuldade, sua mãe esfregava o pano, agora úmido de seu suor, em sua face pálida.

      -Meu marido, faça alguma coisa, não podemos perder nosso filho - Mary suplicava em conjunto ao seu primogênito, não suportando continuar a presenciar o sofrimento do filho. Warlock, suspirou, já não sabia o que fazer, há muito rezava para que Deus desse fim no sofrimento do garoto, mas o mesmo parecia não querer atender suas desesperadas preces. - Por favor, meu marido

      O homem de cabelos negros e olhos castanhos olhou da esposa para o filho e para a porta, agora fechada, mas onde antes suas pequenas filhas presenciavam a provação do irmão, por fim, respirou fundo e retirou-se do quarto, seguiu em silêncio até a porta, ainda ouvindo as súplicas de seu garoto, ajoelhou-se sob a cruz ao lado da saída, as palmas das mãos se juntaram, para uma prece que ele esperava que fosse atendida:

      -Não deixe-me ter arrependimentos por esta decisão, meu Senhor, me ajude a salvar meu garoto. - Sussurrou, logo em seguida, com a mão direita, tocou a testa, o centro de seu peito e os ombros formando o sinal da cruz. Ergueu-se novamente e capturou seu casaco, o jogando sobre as costas, para logo sair para aquela noite fria.

      Observou os outros residentes do pequeno vilarejo fora de suas casas, olhando com temor e compaixão na direção de sua casa, capturou o lampião que iluminava a entrada de seu lar e seguiu na direção contrária, ouviu muitos pareceram engasgar com o ar ao perceber sua decisão, Warlock Jauregui caminhava em direção a Floresta Gritante.

      O homem caminhou, pelo que pareceram-lhe horas adentro daquele conjunto de árvores, seus passos parecendo abafados contra a terra, levando em conta os silvos e uivos que o rodeavam. O patriarca dos Jauregui seguiu até se ver em uma planície, o que não durou muito tempo, pois o lampião, em perfeito estado, que ele segurava em sua mão direita, apagou-se.

     -Quem ousa adentrar meus terrenos sem minha permissão? - Uma voz, esta lhe parecendo agourenta, gritou de um lugar desconhecido ao simplório homem, que estremeceu de temor.

     -Me chamo Warlock, Warlock Jauregui, preciso de vossa ajuda - Retorquiu com a voz trêmula, a planície parecia esfriar a cada instante em que ele passava erguido ali. - Meu filho sofre, e Deus não lhe dá piedade, meu filho treme e sente dores há semanas, ele necessita ser salvo antes que pereça.

     O lampião voltou a se acender, dando visão a uma mulher, de cabelos loiros, o corpo esbelto e coberto por um tecido fino e que parecia frágil, seus olhos tão escuros quanto aquela noite analisavam o patriarca amedrontado.

Bloodline | Camren G!P {AOB}Onde histórias criam vida. Descubra agora