Quero a cartinha

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 Em um dos colégios públicos de Seul, daqueles que precisavam fazer provas para serem admitidos, estava a professora de coreano sorridente e sonhadora admirando sua turma. Não poderia se manter no mundo da lua por muito tempo, pois precisava passar um exercício para todos e já sabia até mesmo o que passar.

-Alunos, eu quero que vocês escrevam uma cartinha. – a professora Choi, de Coreano, estava sorridente para sua turminha do sexto ano.

-Escrever uma cartinha? Mas pra escrever, tem que ter alguém pra ler. – Do Kyungsoo, o garotinho mais sarcástico da sala, ressaltou. O menino não era burro, mas era bastante preguiçoso e só de pensar que teria que escrever uma carta... Nem fazia ideia para quem escreveria, muito menos o que escrever.

-Muito bem observado, querido. – a professora concordou sem perder a animação. – Vocês vão escrever a cartinha pra quem quiserem. Pode ser pra mim, pra mãe, pro pai, pro amiguinho, irmão, priminho ou o seu primeiro amor. – suspirou ao final da última frase e deu um sorriso enorme. Estava apaixonada e prestes a ser correspondida, por isso toda a alegria.

Alguns alunos reclamaram que teriam que escrever, o pequeno Kyungsoo era um deles, enquanto o pequeno Kim Jongin – um dos alunos mais altos da turma e inteligente – se animou todo e abriu o caderno, já tendo em mente o seu destinatário. Sabia que a cartinha seria um gênero literário e que a professora iria avaliar a escrita através do que escrevessem, então não iria se preocupar com o que quer que expusesse sobre seus sentimentos, afinal, o aluno mais sarcástico e preguiçoso da turma não iria ler a cartinha mesmo.

"Do Kyungsoo, você sabe quem eu sou né? Infelizmente,..."

E Jongin escreveu a cartinha com toda a animação do mundo, além de se entregar totalmente em cada palavra escrita. Foi o primeiro da turma a terminar o exercício passado, isso não significava dizer que a folha em que escrevera era a mais limpa e bonita, e entregou a cartinha para sua professora.

Choi olhou seu aluno e percebeu que ele estava corado, então apressou-se em pegar a cartinha e ver o seu conteúdo, enquanto dava a permissão para o Kim ir ao banheiro – como o menino havia pedido. Mesmo com a letra em garrancho e a folha tendo alguns amassados, Choi não evitou sorrir ao perceber o teor daquela cartinha. Era uma carta de Kim Jongin para seu primeiro amor.

-Professora? – foi tirada de seus devaneios por um de seus alunos e mal pôde conter o sorriso ao perceber que o aluno era ninguém mais e ninguém menos do que o destinatário da cartinha que tinha acabado de ler. – Aqui minha "cartinha". – o garoto Do esticou o papel e esperou a professora pegar.

Choi dava aula para Kyungsoo e Jongin desde o começo do ano – já estavam em novembro – então conhecia-os bem. Jongin sempre era o dono das maiores notas e o aluno mais empenhado da turma, entretanto, era relaxado e a letra era um horror; todavia, Kyungsoo era o aluno mais sarcástico e preguiçoso, porém, era organizado e tinha a letra bonita. Era engraçado a antítese, aquela figura de linguagem que tinha acabado de ensinar e que se referia ao fato de colocar duas coisas diferentes ao lado uma da outra, causando um contraste - que Kyungsoo e Jongin eram quando justapostos, assim como era completamente interessante o fato do segundo nutrir sentimentos pelo primeiro.

-Kyung? – a professora chamou no momento que pegou o dever do menino e viu que o mesmo iria se afastar. – Posso falar com você?

-Já está falando, professora. – Kyungsoo ressaltou e a professora poderia até dar uma bronca pelo tom de sarcasmo, mas sabia que Kyungsoo só estava entediado como sempre ficava. De acordo com os pais do garoto, o mesmo ficava até tarde jogando video-game com o irmão mais velho e depois tornava-se a preguiça em pessoa para ir à escola, além de ficar completamente mal-humorado até chegar em casa e poder jogar novamente. Nada fora do comum para um pré-adolescente de 12 anos.

Futuros NamoradinhosWhere stories live. Discover now