Eu ainda posso te amar?...

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Ei, você se lembra da primeira vez que nos encontramos?

Eu e meus pais tínhamos nos mudado recentemente para a cidade, alguns dias depois acabamos por nos encontrar em um parquinho perto do bairro, você estava sentado em um dos balanços enquanto encarava o chão, seu cabelo foi a primeira coisa que chamou a minha atenção, como uma criança de sete anos com muita vontade de fazer amigos eu me aproximei de você perguntando se queria brincar comigo, no mesmo instante você me olhou com indiferença, porém eu consegui notar um pouco de surpresa por debaixo daquela máscara, de primeira você negou mas eu passei quase toda a manhã insistindo até te deixar com raiva e acabar por ceder, passamos três horas brincando antes de um homem assustador chegar para te levar embora, você foi sem olhar para trás mas assim que entrou no carro e se sentou no banco traseiro olhou para mim, eu acenei freneticamente com o braço e um sorriso radiante estampado no rosto, mas você não retribuiu, porém, antes de se virar para frente eu pude notar um pequeno sorriso em seus lábios, fiquei tão feliz naquele momento que passei horas e mais horas contando toda a história para minha mãe, apesar dela ter presenciado tudo.

Aquele dia foi um dos mais felizes da minha vida, o momento em que eu encontrei você, senti que ficaríamos ligados até o fim de nossas vidas; me diga, você também sentiu isso?

Eu sempre ia ao parquinho na esperança de encontrar com você, porém sem sucesso, era frustrante pensar que talvez eu nunca mais te veria novamente, até que finalmente eu te reencontrei, sentado no mesmo balanço da primeira vez e encarando o chão, senti uma sensação estranha, mas ignorei, me aproximei pelas suas costas silenciosamente na tentativa de te assustar, como não estava esperando por isso acabou caindo de cara no chão acabando por se sujar com um pouco de terra, se levantando a raiva estava estampada em seu rosto, mas também vi felicidade por baixo, você disse que se vingaria a começou a correr atrás de mim, consequentemente eu comecei a correr de você rindo e pedindo desculpas; assim passamos o resto da manhã, brincando e conversando, foi ai que descobri que você tinha oito anos, alguns meses mais velho que eu, foi tão divertido!
Acabamos por marcar aquele parque como ponto de encontro, iríamos nos encontrar todos os sábados.

Ei... você também se divertiu tanto quanto eu?

Se passaram três anos e nos acabamos por virar amigos, não, melhores amigos, você sempre me contava tudo assim como eu te contava, não havia segredos entre nós, quando você me contou o motivo de tanta dor e tristeza eu também fiquei com muito ódio dele, depois disso eu coloquei uma meta na minha cabeça, faria o possível para te deixar sempre feliz!, tempos depois você me contou que tinha conhecido uma nova garota na sua escola, já que estudavamos em escola diferentes eu tinha poucas chances de conhece-la também, por isso você me contava todas as tentativas que ela fazia para se aproximar de você, acabei por escutar que ela lembrava a mim quando éramos mais novos, não entendi muito bem o porquê daquela sensação de tristeza e raiva, depois de ficar escutando você falar sobre ela por uns quinze minutos eu me levantei com raiva e gritei que se você achava ela tão interessante assim que fosse brincar com ela, rapidamente cheguei perto da minha mãe peguei a mão dela e a puxei em direção de casa, tinha certeza que você estava confuso e me olhando com uma cara estranha, mas não olhei para trás. Quando chegamos em casa ela me perguntou o que tinha acontecido e eu contei toda a história, também perguntei o que era que eu estava sentindo, ela quase deixou uma lágrima de felicidade cair quando saiu correndo pra falar com meu pai, eu a segui na esperança de saber o que estava acontecendo, escutei ela falando pra ele que a princesinha tinha encontrado o primeiro amor de infância e logo depois meu pai ficou carrancudo dizendo que não era possível e que tinha que nos proibir de nós encontrarmos, depois disso eles começaram um leve discussão, no momento eu não entendi muito bem, amor? Era o que eu sentia pelo papai e pela mamãe certo? Mas porque o que eu sentia por você não era igual ao que eu sentia por eles? Sem entender nada eu fui para o meu quarto e me enrolei na coberta esperando que as sensações passassem logo.
Depois desse dia eu não fui te encontrar no parque novamente.

Eu ainda posso te amar?...Where stories live. Discover now