Gravity

Único.

Tem cenas de violência, morte e coisas afins descritas, ー ou tentativas baseadas nas coisas que são vistas e ditas por aí. Recomendado não ler caso seja sensível. (São cerca de 500 palavras descrevendo a morte de cada um dos meninos). Fanfic feita para a segunda missão do Avengers (@.avengersdm no twitter). [ cr. @/zathuradm on twitter ]

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Uma e trinta e três da manhã, Haiti.

Perdido nas ruas escuras de Porto Príncipe, parecia fugir de algo e seus olhos de gatos demonstravam medos. A perseguição não parecia parar, suas pernas doíam e nada mais se enxergava direito, ー era um pesadelo. (Nem ele acreditava que era um pesadelo, mas, não, aquilo nunca poderia estar acontecendo com Taeyong). Passos eram ouvidos, uma risada estridente assustava todos que passavam por perto e não parecia mais nada como antes. A tortura que fazia de refém seu corpo pareceu desvanecer por aquele momento. (Era como uma brincadeira de gato e rato). Não havia mais tempo algum, se quisesse viver, tinha que correr.

Os pulmões corroídos pareciam implorar por uma pausa, queria um descanso. (Sabia que não podia, sabia que deveria continuar a tropeçar e ter lágrimas desnecessárias). A astenia era um baque do corpo, ー você quer parar, todavia, não pode parar de maneira alguma. O escuro parecia não ajudar, pareciam que os poucos postes de luzes não funcionavam ou só iluminavam o semblante que se aproximava. Era a agonia, era o medo. O que mais mata por dentro é o fato que jamais se poderia prever o que aconteceria. (Parecia que a esperança de sair com vida não existia mais, era uma farsa do mundo e nem suas preces mais gentis poderiam ser atendidas).

Em curvas, voltas, ondulatórias e retas, não parecia mais ter saída. Nenhuma casa tinha a luz ligada, nenhum lugar parecia estar pronto para acolher um jovem garoto que fugia da morte, ーa falta de escapatórias trazia as lágrimas quentes que escorriam pelo rosto do jovem. Ardiam, machucavam, poderia até dizer que era semelhante à um joelho ralado. A conformação com a morte dói, é um sentimento de surrealismo nato. Taeyong observou aos lados, não enxergava mais nada. (Tudo era borrado, parecia uma cegueira temporária).

(Os momentos bons vem do nada, recordações de pequenas coisas. As memórias de quando estava desencaminhado pelos pensamentos, classificando lugares em movimentos e escolas artísticas. Ruas sempre pareciam se encaixar nos ideais do surrealismo, ー os artistas tragavam no peito uma fumaça de sonhos, fantasias, devaneios, que tomavam a própria inconsciência num vício de produzir as obras mais estranhas. Longínquo ficava imaginando Magritte e seus pensamentos sobre humanos. "Somos obras individuais, nem todos podem perceber a profundidade dos corações tragos do berço de Paris. Os melhores intérpretes só pegam a superficialidade da visão alheia que traz um oceano de evidências, sentidos. É tudo fantasia").

Lee Taeyong parou por um momento. Ele parecia querer um descanso quando se apoiou em uma pequena parede, aquela que era fruto dos destroços de quem já passou por ali. Seus pulmões aliviaram com a chance de um pequeno descanso. (Seu erro estava ali, foi o único desvio que o fez escapar sem vida). Em uma piscada, ouviu os passos mais próximos e queria correr. (Não conseguiu, tudo estava escuro, todavia, sabia que era um beco sem saída). A noite era uma traiçoeira e o jogo de "Gato e Rato" parecia ter acabado.

Acabou quando o Lee sentiu os dedos em volta do seu pescoço, não tinha mais forças para reagir. (Talvez aquela tenha sido a estratégia mais certeira. Se você cansar uma gazela, ela não terá mais forças para fugir). O toque era agoniante, não era como se descreviam em livros eróticos sobre práticas de BDSM. (Na cabeça de Taemin, as coisas até que poderiam ser prazerosas, mas, não naquele ponto). Só restavam os gritos amordaçados que jamais conseguiriam sair daquela boca, as lágrimas que pareciam nunca cessar e a raiva daquele que estrangulava o mais novo. A raiva de predadores vem quando eles tem que depender, eles não gostam de depender, eles não gostam de estar naquele sentimento que são inferiores, ー só que acabam sendo, afinal, por qual motivo estão numa caçada eterna por indefesos seres que servirão de jantar? Ou somente servirão para agradar os desejos mais enraizados de sangue, morte e tortura?