1° capítulo

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A garota de estatura mediana caminhava rapidamente pelas ruas chuvosas de uma cidade qualquer da Rússia, não pretendia ficar ali por muito tempo mesmo. Somente o necessário para conseguir uma boa quantidade de rublos russos e se manter em algum lugar, já faziam semanas, talvez meses, que a menina estava se virando na rua. Mesmo com a aparência de bruta, a garota estava assustada com tudo que estava acontecendo. Claro, como não estaria? Acabara de sair da infância praticamente, naquela época nem se sabia se ela podia ser considerada uma adulta. Mas a questão é que a menina não tinha a maturidade de uma.

Logo ela avistou um dos marinheiros que lhe arrumava trocados por limpar alguns peixes, o que pra ela era muito essencial no momento. Tendo como nova casa a rua, a menina teve que aprender a se virar nos trinta e isso resultou também em virar uma multitarefas. Doméstica, passeadora de cães, capinadora, limpadora de peixe entre vários outros bicos que a menina fazia para se virar nas ruas, mas quando nada dava certo vinha com um preço. O preço da fome. A garota se aproxima do bom e velho marinheiro, Tausv, com uma expressão ndiferente no rosto.
- Garota, consegue limpar esses peixes aqui? Cada um, um rubro. - diz o velho marinheiro mostrando os belos bagres que tinha capturado.
- Nossa! Faz anos que não vejo bagres, devem ser para alguém importante! - diz a garota abrindo as grandes orbes verdes que poderiam captar uma floresta enorme e densa dentro deles.
- É para a família do Grão-duque menina, agora ande! Vá limpar os peixes, quando terminar me encontre, estarei jogando algumas redes com uns companheiros. - diz ele pouco se importando com a menina curiosa.

Mesmo com o pouco conhecimento a menina conseguiu contar, com muita dificuldade é claro, quinze grandes e belos bagres. Depois de limpos, eles pareciam ainda mais formosos. Mas, mesmo limpando e admirando os grandes bagres, a garota não deixava de tentar especular sobre a família do Grão-duque. Ela sabia que ele não tinha nenhum filho, então com isso ela começa a crer que o Grão-duque não é casado, uma surpresa para ela. Já que geralmente depois dos quinze anos todo o Grão-duque ou filho dele já se casa, coisa que na mente da menina isso é loucura. "Como posso decidir com quem vou passar o resto da minha vida tão nova?" perguntava-se a menina com isso que o povo chamava de cultura e ela de insanidade. Mas, ela sabia que costumes eram costumes e ninguém podia modificar isso, uma pena. Por causa desses costumes, a garota que já passou por diversos lugares da Rússia durante sua pequena trajetória de vida, já vira garotas menores que ela, talvez com dez ou nove anos, se casando com grandes fazendeiros por apoio dos progenitores. A garota não era ingênua, sabia o que era sexo e sabia como funcionava, culpa da época em que trabalhou limpando tabernas e ouvindo meretrizes bêbadas contando sobre suas noites catastróficas. E era por esse motivo que sentia pena das meninas se casando tão jovens, ela pode ter crescido órfã e sozinha mas pelo menos não teve nenhum de seus direitos violados. Na verdade, tinha um que qualquer mulher da Rússia não tinha, ela tinha a liberdade.

Primeiro capítulo de "A sétima do grão-duque", pra vocês. As férias acabaram galera, e eu tô bem inspirada nesse livro.
Bjs
Iza

A sétima do Grão-duque Onde histórias criam vida. Descubra agora