Vulcão

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Eu
Que conheço tão bem
Toda a trilha
Do Vesúvio, quente como o inferno,
Que arde enxofre
Que o diabo fuma
E depois apaga
na carnificina dos condenados
Eu
Que sei de cor
Todos os homens
Todas as casas
Que a lava invadiu
Que derreteu os dentes
Que alfinetou os olhos
Asfixiou
Com fumaça e brasa
Eu
Que tenho em mente
Todo grito de dor
Toda destruição
Paleta de horrores
Queimaduras irreversíveis
Na pele
Na alma
Eu
Que o vi mudar de forma
Tantas vezes
Modificar o rumo de até outros rios
Mas mesmo assim
permanecer o mesmo
Indiferente e impiedoso
Escaldante, que corrói a pele
Que desperta quando lhe convém
Sem aviso prévio; sem cuidados
Eu
Que sei de tudo isso,
Que reconheço
O abrasivo abraço dele;
A desrepeitosa boca dele;
A odiosa mão dele;
Ainda insisto
Em morar
Na trilha
Do imutável.

Eu era Pompéia e Herculano depois do desastre.

Ambas jamais foram reconstruídas

Para Cada Estrela Um PoemaWhere stories live. Discover now