Morte

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 Todos vamos morrer um dia e Isaias Patela não é exceçao. Em uma manhã fria para uma região tropical, Isaias acordou desorientado, não sabia quem era, de onde era, onde estava nem nada do tipo, só sabia que era um homem, que falava português e que deveria ser educado e gentil com as pessoas.

 Isaias estava em uma cama de casal embaixo de um cobertor branco, ao seu lado estava o retrato de uma mulher idosa que ele achou muito bonita, tentou se levantar da cama, mas estava fraco, ele já era um homem de idade avançada,seus cabelos eram cinza e suas rugas quase escondiam a cicatriz em sua testa , ao tentar gritar por ajuda só saiu de sua boca um sussurro, o silencio fez com que alguém escutasse do outro lado da única porta que tinha no quarto, uma jovem que parecia ter uns 20 anos entrou no quarto chamando Isaias de avó e perguntando se estava tudo bem.

 _Quem é você?_ perguntou Isaias.

 A moça colocou a mão na boca e seus olhos encheram se de lagrimas, ela foi até a porta e chamou por sua mãe avisando que seu avô havia acordado.

 _Bom dia, pai, dormiu bem?_ disse a senhora que entrou no quarto.

 _Eu sou o seu pai?_ indagou Isaias.

 _Sim, pai, meu nome é Isaura e esta é minha filha Laura. 

 Isaura não parecia estar tão abatida quanto sua filha, estava sim visivelmente mais triste, mas conseguia manter a compostura. Isaias estava preocupado, de alguma maneira ele sabia que poderia confiar naquelas mulheres e que se elas estavam tristes ele também deveria ficar. Uma lágrima escorreu de seus olhos, como se a tristeza fosse contagiosa, aquele senhor de idade era uma pessoa muito empática.

 _Não chore, pai_ disse Isaura enxugando suas poucas lágrimas e dando um sorriso _você não merece estar triste neste dia, todos estão aqui com você, todas as pessoas que você ama.

 No quarto entrou mais uma pessoa, desta vez um homem de jaleco branco, Isaias não se lembrava do nome que se dava para esse tipo de pessoa, só sabia que ele cuidava das pessoas doentes e feridas. O homem pegou um objeto colocou um lado em seus ouvidos e o outro lado no peito de Isaias.

 _Muito bem, Seu Isaias Patela, seu coração parece bem saudável para alguém da sua idade_ disse o homem_ Dona Isaura, poderia me acompanhar.

 Os dois saíram do quarto deixando Isaias com sua neta Laura que limpou seu avô, fez sua barba e escovou-lhe os dentes, ela parecia ter bastante experiência com aquilo, cuidava com amor daquele senhor de idade. 

 Do lado de fora do quarto, um pouco afastados do quarto onde Isaías e por consequência sua neta Laura não pudessem ouvi-los, dona Isaura e o homem de jaleco branco conversam.

 _Como ele esta doutor?_ perguntou Isaura preocupada.

_Creio que ele não passe desta noite_ disse o doutor _seu coração parece bom, mas o resto de seus órgãos estão falhando em um ritmo acelerado, não acha que deveria contar isso a ele? Para que ele aproveite as ultimas horas de vida?

 _Meu pai sabia que esse dia chegaria, não pelo dom dele, todos nós sabemos que um dia nossa hora vai chegar. Ele sabia que não se lembraria de mais nada pois não haveria um amanhã para ele prever e por isso pediu-nos para não preocuparmos-lhe com assuntos de morte.

 _Bom se vocês desejam assim, eu vou voltar para o hospital.

 Isaura voltou para o quarto de Isaias, sua filha estava tendo uma divertida conversa com o avô que parecia se lembrar das coisas mais com o coração do que com a cabeça. Ela sentou na cama ao lado de sua filha e abraçou seu pai dizendo o quanto lhe amava. Depois das duas chorarem um pouco, a manhã esquentou um pouco e a conversa voltou a ficar divertida. Elas lembravam seu pai e avô os momentos felizes que tiveram, mostrando-lhe fotos e objetos.

 A manhã divertida estava aos poucos dando lugar a uma tarde triste e depressiva apesar dos esforços de Isaura de deixar as ultimas horas de seu pai como ela queria.

 As 13 horas daquele dia, alguém bateu na porta, Isaura foi até lá abri-la e um homem que parecia ter a idade dela apareceu. Ele a abraçou, deu um leve beijo em sua boca, abraçou-a novamente mais forte e depois abraçou Laura. Isaias sabia que podia confiar naquele homem, apesar de se sentir desconfortável vendo-o beijar a mulher que dizia ser sua filha.

 _Boa tarde, Seu Isaias, como vai essa força_ disse o homem.

 _Ele já não está conseguindo falar amor_ disse Isaura, ao ver que seu pai olhara o homem em pé de maneira desconfiada ela continuou _parece que ele não gostou muito de te ver.

 _Isso é normal, ele acabou de me conhecer. Eu me chamo Alberto.

 Isaias não mudou sua expressão seria, mas fez um sinal positivo com o polegar sem levantar a mão que deixou Alberto menos preocupado.

 A tarde triste que os três se esforçavam ao máximo para deixa-la divertida para Seu Isaias, foi se passando e ele ficava cada vez mais fraco, era difícil saber se ele ainda estava consciente. De repente Isaias começou a tossir forte, Laura tentou chamar o doutor, mas antes que pudesse chegar já era tarde demais. Isaias morreu as 17 horas, numa tarde não muito quente e com poucas nuvens no céu.

 No entanto, esta história não termina aqui, ela continua trinta e seis horas antes da ultima batida de coração do nosso protagonista, quando ele acordou um pouco menos fraco sem lembranças e com apenas a visão de seu ultimo dia de vida.

Morte Vida e Nascimento de Isaias PatelaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt