Capítulo 1

181 4 0
                                    

  "Steve! Acorda!" Gritou meu pai do outro lado da porta. "Estou acordado!" Respondi e não tive outra réplica. Levantei da cama em um pulo colando minha calça que estava jogada no chão, fiz minha higiene matinal trancado no banheiro e desci para tomar café da manhã. "Steve, tem pão em cima da mesa." Falou minha mãe concentrada lendo o jornal sentada no sofá da sala de jantar. "Cadê sua camiseta?" Perguntou meu pai descendo e batendo de leve nas minhas costas. "Hoje eu vou para uma conferência em Illinois, vou tentar apresentar meu projeto para o Thomp." Falou meu pai sorrindo colocando leite em seu copo e minha  mãe sorriu de volta para ele. "Quem é Thomp?" Perguntei sem entender. "É o chefe do seu pai, o Senhor Thompson. Ele escolheu seu pai para ir com ele." Respondeu minha mãe se levantando e vindo abraçar meu pai. "E que projeto é esse que meu pai vai apresentar?" Meus pais se entreolharam. "Coisas de adulto, Steve. Você não vai entender." Eles riram e meu pai segurou na mão da minha mãe.

Achando a situação estranha, eu subi e coloquei a primeira camisa que achei e voltei para o banheiro para olhar meu cabelo. Fiquei encarando a própria cara no espelho enquanto passava meu Farrah Fawcett Spray, deixava meu cabelo bom e mais volumoso mas se mais alguém soubesse que eu passava spray seria meu fim. Eu não era ninguém na escola até a oitava série, não tinha muitos amigos, não era popular nem muito menos bonito, o spray havia me mudado.

Peguei minha mochila jogada contra a parede perto da cama e desci novamente. "Que horas são?" Perguntei para meus pais que estavam no escritório conversando. "São 7:36 da manhã." Respondeu minha mãe.
"Valeu, Tchau!" Falei indo em direção a porta, quando cheguei lá fora entrei no meu carro e peguei a estrada.

Hawkins não era uma cidade grande, da minha casa para escola eram apenas 6 minutos de carro. Desci do carro e pisquei para 3 meninas do carro ao lado que estavam me encarando. Uma delas era Tammy Thompson, justamente a filha do chefe do meu pai, me peguei pensando se eu seria a razão pelo seu pai ter escolhido o meu para o acompanhar na conferência do trabalho. A outra garota do lado dela era Carol, a namorada do meu melhor amigo, quando eu piscava para ela, ela já sabia que era brincadeira na hora e só ria. E a terceira eu não fazia ideia do nome, eu acho que era Tobin, só sabia que era uma prima de segundo grau da Carol que pegava carona com ela e que fazia uma série abaixo da nossa, Tobin foi a única que não sorriu a minha piscada.

Entrei na escola e já no primeiro corredor estava a minha sala de física, sinceramente essa matéria não prestava, era uma merda, só o que eu fazia naquela aula era dormir.

Após dormir por dois horários de física e depois 2 de espanhol tivemos o almoço, eu peguei meu sanduíche e sentei na mesa de Nancy Wheeler, ela estava sentada com sua amiga ruiva que eu creio que se chamava Barb. Eu estava gostando de Nancy desde o verão, mas ela era muito certinha, não saia de casa, sempre estudava para as provas e era quase impossível de encontrar ela casualmente por aí. Mas era disso que eu gostava nela, ela não era fútil como as outras garotas, ela era difícil de se conquistar.

"Olá ladies" falei me sentando do lado de Nancy e pondo a bandeja na mesa.
"Oi Steve" Respondeu a Wheeler. "Oi" Respondeu Barb quase sem voz. "Então, como vocês estão?" Perguntei acenando para Tommy que me chamava da outra mesa. "Você quer vir sentar com a gente?" Falei sem deixar elas responderem a pergunta anterior olhando para Nancy, que parecia sem graça. "Podemos encaixar uma cadeira para Barb também." Falei olhando para a ruiva. Nesse mesmo momento, Nancy lançou um olhar para Barb como se estivesse perguntando se ela queria ir mas ela apenas respondeu que queria que eu as desse um minuto, então eu apenas assenti e fui para a outra mesa.

"Como está com a Wheeler? Vocês já...?" Falou Tommy uma merda. "Cala a boca, Tommy!" Eu o interrompi antes que ele terminasse a frase, ele e Carol me olharam com um sorrisinho safado e eu os cortei dizendo que precisava ir ao banheiro.

Passei pela mesa que Nancy conversava com a amiga para avisar que voltava já e sai do refeitório. Eu virei à esquerda e lá estava Jonathan Byers, aquela aberração, sinceramente eu acho que ele era maricas agora, era todo magrela e tinha mais ou menos 1,73m. Eu não falei "oi",mas também não falei "idiota", eu e ele tínhamos sido amigos quando éramos crianças mas quando a adolescência chegou tudo mudou na nossa escola. Ele estava virado para o seu armário e deixou cair umas fotografias no chão, fotografias bem escuras pelo o que eu pedi perceber, acho que fiquei tanto tempo tentando descobrir e entender o que era aquilo que esbarrei com a tal de Tobin do carro.

"Desculpa, Tobin." Falei já indo em direção contrária. "Quem é Tobin?" Eu virei para ela quando a escutei falar. "Você?" Falei sem graça, provavelmente o nome dela era outro. "Meu nome é ROBIN, tonto!" Falou ela me olhando realmente como se eu fosse a pessoa mais tonta do mundo. "Desculpa, ROBIN!" Falei sem paciência olhando para ela e ela foi embora, mas não pude ver a expressão no rosto dela porque ela estava voltando em direção ao refeitório.

Depois de fazer xixi, voltei para o refeitório e cinco minutos depois o alarme de incêndio tocou, e eu nem consegui falar com Nancy no meio da multidão desesperada. Ainda bem que esse alarme tinha tocado, porque eu teria uma prova de geografia depois do almoço que eu não tinha estudado absolutamente nada.

Fui para o estacionamento e entrei no carro. No carro do lado estava Carol se preparando para dirigir, Tammy no banco de passageiro do lado dela e a ROBIN atrás. "Não esperava por essa, e você?" Perguntou Tammy tentando dar em cima de mim enquanto eu ajustava as chaves. "Deve ter sido algum idiota que tocou o alarme". Falei. Não queria dar muitas esperanças para ela, eu estava a fim de Nancy, e a piscadinha no primeiro horário tinha sido mais para zoar com Carol mesmo.

Eu não queria voltar para casa pois meu pai me obrigaria a deixá-lo no aeroporto, e isso era a a última coisa que eu estava querendo. Resolvi passar na casa da Nancy, mas não sei, nunca havia sentido isso, me deu um medo de os pais dela não me aprovarem ou algo do tipo... Mas eu decidi encontrar com ela depois, só estacionei o carro no meio da estrada, e fiquei refletindo.

Steve Harrington: The babysitter Where stories live. Discover now