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_ SE VOCÊ NÃO DESCER AGORA, CHANTAL NETO, JURO QUE SUBO AÍ E TE ARRASTO PELA DROGA DESSE TOPETE...

     _ JÁ TÔ INDO, VÓÓÓÓ...

     Theodora Chantal virou-se já sorrindo e seguiu para a sala de refeições. Duas das colaboradoras já estavam a postos para servi-la e ao seu querido neto quando ela chegou ao lugar...

     _ Bom dia, D. Chantal. As duas disseram ao mesmo tempo.

     _ Bom dia minhas queridas. Estão ouvindo os galopes? Esse louco ainda vai quebrar a perna correndo nessa droga de escada. O ruim disso tudo é que terei taquicardia e vou ter que levá-lo pra algum hospital. Eu simplesmente odeio hospitais.

     _ O C. Neto tem muita energia, senhora, sem falar que ele é muito cuidadoso. Minha avó já dizia que formiga sabe a folha que corta, e o jovem C. Neto não ia querer se por em perigo. 

     _ Belo ditado, esse da sua querida avó, minha cara... Mais uma queda nesses degraus deve doer um bocado e causaria todas essas reações que acabei de descrever...

     _ Oi, Madame Chantal, Primeira e única na minha vida...

     Theodora virou-se e viu o neto descendo pela outra escada sorrindo e pulando os degraus de dois em dois... Sua mochila foi jogada no canto da parede e ele logo se aproximou da avó e a beijou no rosto. Ela retribuiu o carinho e pensou... " Inegável que esse garoto irá se tornar um belo homem com um futuro brilhante.

     _ O que a senhora está procurando em mim, vovó?

     _ Nada, meu querido. Só estou surpresa.

     _ E posso saber por que a senhora está surpresa?

     _ Você levou esse tempo todo pra se arrumar, e só conseguiu uma voltinha no topete. Tô decepcionada, C. Neto. Tô certa, garotas? As colaboradoras apenas sorriram.

     _ O que posso dizer sobre tal comentário, vovó? Esse é o cabelo da moda. Essa roupa é criação dos seus estilistas, e posso garantir que ainda hoje eu serei o garoto mais comentado de todos os 3º anos do São Paulo... Bom dia, dupla dinâmica.

     _ Bom dia, C. Neto. As colaboradoras responderam em perfeita sincronia e alargaram o sorriso.

     A avó logo mudou o assunto e disse:

     _ Você como sempre me enganando. Eu olhando pra outra sala, e você desce por aqui.

     _ Praticidade, vovó. Esqueceu que meu quarto fica nessa ala, e se eu furar esse teto vou danificar o colchão da minha cama? Olha a distância dali até aqui, e diga se ia andar sem necessidade...

     _ Que seja. Vamos nos sentar que o dia vai ser bem movimentado e se a gente ficar de papo vamos acabar nos atrasando. Preparado para o primeiro dia, C. Neto?

     _ Na verdade, vovó hoje, já é o terceiro dia de aulas, e por mim tinha ficado na cama por pelo menos mais um dia.

     _ Nem comece, garoto. Não vou aceitar essa história de relógio biológico de jeito nenhum. 

     _ Mesmo sabendo que ele existe e deve ser regulado para um bom funcionamento, D. Theodora? Já pensou eu dormindo na aula de Literatura?

     _ Bobagem, C. Neto... Todo mundo dorme na aula de Literatura. Já era assim desde o meu tempo...

     Enquanto os dois tomavam o delicioso café que lhes foi servido, colocaram mais algumas conversas em dia, e C. Neto falou das perspectivas do último ano na Escola.

Ponto de Fusão  - Romance GayWhere stories live. Discover now