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     Assim que Rassul chegou em casa chamou pelo filho...

     _ Malik...?

     E não obteve nenhuma resposta. Ele logo entrou pelo corredor e sem bater entrou no quarto do garoto...

     _ Filho, eu...

     _ Eiiiiii... Eu tô nu, beleza?

     _ Você quis dizer quase, certo?

     _ Que seja, velho. Como que entra assim e...

     _ Quer parar com a frescura? Sou teu pai, já te dei banho e limpei muita coisa fedida de você, filhão.

     _ Passado, pai. Isso tudo é passado. O que você quer...??!

     _ Só avisar que cheguei, que foi um sucesso a posse e o coquetel, e também dizer que vou ter que viajar pelo menos por uns 10 dias e...

     _ Sabia... Começou a exploração, só porque teu salário aumentou. Como vou fazer pra ficar 10 dias sem você por perto, velho?

     _ Sério, isso Malik? Eu crente que você ia adorar ficar sozinho em casa... Por se livrar de mim.

     _ Outra vida, outros tempos, pai. Tu é um cara maneiro... Tô acostumado com você falando pelos cotovelos, dando bronca, me acordando cedo... Quem vai me chamar pra escola nesses dias todos?

     _ Aí que vaia entrar em cena o Malik super, hiper, ultra, mega responsável. Lembra o que vivia me dizendo sobre dar o fora, querer sua própria casa, mais liberdade? Faz de conta que isso será o primeiro treino pra isso.

     Rassul estava surpreso com a reação do filho ao saber da sua viagem de trabalho. Ele tava crente que o garoto ia aproveitar a curta liberdade e ia dar graças a Deus ele estar fora. Ele sentou na cama e o gesto do filho foi mais surpreso ainda... O garoto lhe abraçou.

     _ Poxa, filhão, se soubesse que ia ganhar um abraço desses, juro pra você que vou sempre querer viajar. As palavras do filho foram mais surpreendentes ainda...

     _ Eu tenho sido um cabeça dura por mais tempo que pude aguentar, Sr. Rassul. Desde que a gente veio pra cá, por conta da sua promoção na empresa, que eu penso que tô vivendo uma nova vida, e como quase coloquei tudo a perder porque tinha vergonha de você, de ser um rejeitado...

     _ Filho, eu...

     _ Deixa eu terminar, pai... Por favor.

     O homem mais velho se calou, Malik se afastou do pai e assim que este o viu, duas lágrimas desceram pelo belo e másculo rosto do garoto...

     _ Eu logo que voltei pra cá, coloquei na cabeça que teria que lutar com tudo e todos pra poder continuar vivo e protegido no meu próprio mundo. Só que ao longo de todos esses anos, eu pude confirmar que tudo que me foi dito de você... Era uma grande e maldosa mentira. Mamãe vivia dizendo que sua casa era cheia de garotos, e que eu tomasse muito cuidado com os homens que você arranjava. Só que nunca vi nada disso. depois eu fui me tocando de que você me queria sempre por perto, que programava muitas coisas pra gente fazer juntos, e eu temia ir no começo porque eu sempre pensava que numa dessas saídas, um outro homem faria parte dos nossos momentos. Hoje, eu fui lá no seu quarto e peguei aquele livro ali pra ler alguns capítulos de filosofia para um trabalho, e encontrei entre as páginas uma carta que ela te mandou e... Eu li todas as 03 páginas que ela escreveu. Se eu tive vergonha de você por ser o que você é, pai... Hoje eu tô com vergonha de mim por ter acreditado em tudo que ela me dizia, e que pra mim era a mais pura das verdades. A mamãe não tinha o direito de me envenenar contra você.

Ponto de Fusão  - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora