Ponto de Fusão - Romance Gay

10

     O resto do dia de aulas na sexta-feira transcorreu na mais pura normalidade. Bem... Quase normalidade, melhor dizendo. Pela primeira vez em uma semana toda, C. Neto começou a acreditar no que o amigo Isao Kazuaki sempre lhe dizia sobre Malik o olhar quase sempre, e o tempo todo. Uma amiga pediu para o belo Herdeiro Chantal verificar uma resposta do trabalho de Física, e assim que C. Neto olhou pra trás, os olhos preto do belo novato lhe fitaram e praticamente perfuraram os seus. Era como se com esse pequeno e insistente gesto, o belo loiro não pudesse se libertar do olhar fulminante do másculo negro.

     C. Neto foi tirado do mundo dos sonhos quando a amiga perguntou...

     _ Tá certo ou não, C. Neto, essa droga de cálculo que esse desgraçado mandou a gente fazer? Eu sempre disse que esse Professor tem que transar mais com a mulher dele.

     Ele se assustou com a voz alterada da amiga e Malik apenas abriu um belo sorriso. Antes de verificar o cálculo da amiga, ele pôde ver quando Luiz Carlos falou alguma coisa com ele, e finalmente C. Neto respondeu à amiga...

     _ Tudo errado, doida. Só em ter as fórmulas já é meio caminho andado pra responder as questões, Silvana.

     _ O que adianta ter a porra das fórmulas e não sabe usar? Essa sou eu e a droga da minha burrice. Tô pra desistir disso tudo, miguxo.

     _ Nada de desistir. É como se só faltasse a reta final, e tu quer desistir logo agora? Não vou deixar isso acontecer. Presta atenção, e deixa a droga desse celular pra lá...

*

     _ Tá rindo do que, ou de quem, Malik? Foi a pergunta que Carlinhos fez ao mais novo e quase único amigo, já que decidiu se afastar dos idiotas do passado, assim que o viu sorrir na direção do Ex-Amigo C. Neto e da idiota da Silvana, uma menina pra lá de grudenta e burra de pai e mãe.

     _ Eu nem tava rindo, cara. 

     _ Cara, tu tava olhando pro mané e a idiota ali e sou capaz de jurar que você abriu um grande sorriso. E nem adianta me dizer que tô doido, que tô inventando coisas porque sei o que vi. O que tá pegando, Malik... Tá interessado no herdeiro Chantal é?

     A cara séria e o olhar frio do novo amigo fez com que Carlinhos desviasse o seu olhar assim que notou que tinha dito alguma merda. Antes de dizer alguma coisa, Malik deu uma nova olhada na direção do Herdeiro e achou que a garota tava mesmo muito perto do C. Neto. pelo menos nisso o Carlinhos tinha acertado. 

     _ Tu tá maluco, porra? Papo brabo é esse de tá interessado no herdeiro? Vou te mandar uma real, Luiz Carlos... Tenho nojo desse tipo de gente. Se disse o que disse na brincadeira é bom saber que não gostei dela, e espero que nunca mais esse tipo de pergunta ou brincadeira seja feita... Pro teu bem, beleza?

     _ Tava só tirando uma onda, cara. Agora vou te mandar uma real... Se tu não gosta desse tipo de gente - e Carlinhos apontou para o ex-amigo novamente - se afasta daquele ali, do Japa e do ruivo lá na frente. Gays de carteirinha. E a família sabe e todo mundo aqui na escola aceita e leva de boa.

     _ Sério, isso? O C. Neto, o Isao e o Dário são gays mesmo?

     _ De carteirinha.  Sei que passam por gente normal e todos tem cara de pegador. Mais são gays e tenho como provar. Se não acredita em mim, vai lá e pergunta direto pra eles, ou então pra qualquer pessoa aqui do São Paulo.

     Malik foi pra casa naquele dia se sentindo um completo idiota, por jamais ter notado nada que o fizesse ter certeza que 03 caras da sua sala, e principalmente o garoto que ao olhar pra ele o incomodava... Eram gays. Como que esse cara era gay se todas as garotas, inclusive as mais bonitas do Colégio, viviam grudadas nele? Enquanto seguia pra casa, C. Neto foi com ele por todo o caminho. Desde que o vira naquele terceiro dia de aulas, e por conta do que ele pedira ao professor Davi, que alguma coisa dentro dele havia quebrado e nunca mais ele tinha se sentido a vontade na presença do belo loiro. O fato de ser filho de um Gay, apesar de ser louco, já estava mais aceitável na sua cabeça. Agora... Ser um gay... Isso jamais poderia acontecer.