cold & warm hearts.

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Sábado era só mais um dia normal para Ben - ele acordava cedo para correr no parque, observar as diferentes espécies de pássaros que encontra no caminho, depois passava na cafeteria e comprava um combo de café com dois donuts e então voltava para o seu apartamento, pensando em qual seria o próximo livro que devoraria no fim de semana. 

Era solitário; finais de semana eram assim: correr, comer, devorar um livro inteiro porque não havia nada mais interessante para fazer (fora as exceções em que resolvia ir ao cinema na companhia de Hux, seu amigo desde a adolescência).

Desde que se mudou para uma cidade maior, Ben sentia certa dificuldade em fazer novas amizades; o seu trabalho era um tanto quanto solitário, e ele não era de falar muito com seus colegas na faculdade. Era tudo muito novo.

Até um tempo atrás ele tinha a companhia de seu irmão, Kylo, mas ele se mudou para o exterior há mais de um ano. Não havia solidão com Kylo, não havia segredos, nem o receio de ser sincero ou ficar à vontade. Kylo era 7 minutos mais velho, e essa "vantagem" constantemente irritava Ben, principalmente quando Kylo decidia incomodá-lo ou chantageá-lo com alguma coisa. Coisa de irmãos, quem sabe. Mas as coisas mudaram depois que passaram a morar sozinhos, apenas eles, juntos o tempo todo. Não era estranho compartilhar da mesma cama, não era estranho sequer trocar contato físico além de simples abraços. Era um vício, porém, as coisas evoluíram tão rápido e tudo ficou estranho e confuso. Kylo virou um estranho para Ben, e Ben nunca entendeu o porque, ou onde foi que começou a dar errado. Sé é que algo tenha dado errado.

Ben observava o céu que aos poucos se tornava nublado, o corpo totalmente repousado sobre o encosto do sofá, a mente perdida em algum lugar. Fazia mais de um ano que ele não entrava em contato com o irmão; quer dizer... Kylo tentou duas ou três vezes, mas Ben sempre recuava, e nem ele mesmo entendia por quê diabos fazia isso. A coincidência surpreende as pessoas, imerso em seus pensamentos, ele sente o celular vibrar no bolso do casaco. Kylo.

Kylo

Ei, Ben. Está na cidade?

Ben sentiu o estômago embrulhar, as extremidades congelarem e o seu olhar paralisou sob a tela do celular. Deveria ignorar, responder? Deveria... Como deveria responder? Antes mesmo que pudesse calcular as possibilidades e alternativas em sua cabeça, ele já havia respondido: "Sim". Poucos segundos e uma nova mensagem apareceu na tela do celular:

Kylo

Ótimo. Sei que odeia surpresas, mas... Estou na cidade também. Passarei aí mais tarde pra te ver.

As palavras ecoavam em sua mente, ele sempre lia no tom em que Kylo falava; calmo, firme e convicto, nunca hesitante. Mas a dúvida que ficava era... O que Kylo queria? Ben não conseguiu responder nada além de um "Ok". Seco e receoso.

O restante da tarde foi uma tortura; a hora não passava, ele já havia organizado tudo, ele havia até trocado a roupa de cama e assim que percebeu, levou uma das mãos ao rosto e bufou com si mesmo, "Mas quê diabos?!". Não estava nem um pouco fácil, muito menos tranquilo. Vestiu uma camisa jeans de manga comprida que Kylo havia lhe dado de aniversário no ano passado, calça preta e tênis branco - ele não costumava usar isso em casa, mas por algum motivo ele se arrumou. E esperou, e esperou, e adormeceu no sofá.

Três batidas na porta e então, a voz grossa e rouca de Kylo atravessou a mesma.

- Ben? Irmãozinho... Eu estou aqui.

Como num pulo, ou melhor dizendo, no susto - Ben levantou e abriu a porta, cruzando o olhar com Kylo imediatamente - desviando a atenção para a mala em sua mão, o casaco preto, assim como a camiseta e a calça; e o cabelo... o cabelo estava um pouco maior do que ele se lembrava. Era familiar, mas ao mesmo tempo estava diferente.

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⏰ Last updated: Feb 10, 2020 ⏰

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