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     " Deus do céu, que beijo é esse? Que homem é esse? Por que eu me deixei domar tão fácil? Droga, porque tô pensando nisso se tô louco com tudo isso que tá acontecendo? "

     Essas perguntas foras sendo formuladas a partir do momento em que a entrega de Carlinhos e o belo e enigmático delegado Titular Cidrack Pimentel rolava numa parte bem isolada no imenso jardim do Buffet, onde a festa de 15 anos da bela Gisele estava super concorrida.

     Cidrack era super possessivo e os lábios e a língua do garoto não tiveram trégua alguma, até que ele se deu por parcialmente satisfeito e o deixou respirar.

     _ Sabia que você é delicioso, Luiz Carlos? A voz grave do homem foi entrando pelo canal auditivo do garoto e ele pôde sentir a força e o timbre da sua voz já mais sedutora e cheia de malícia...

     _ Carlinhos... Os meus amigos me chamam de Carlinhos, Delegado.

     _ Eu não sou seu amigo e nem quero ser seu amigo... Ainda. 

     E antes que o garoto pudesse falar mais alguma coisa, os seus lábios voltaram a serem tocados pelos do homem mais velho que rapidinho voltou a comandar mais um delicioso beijo. O corpo dos dois tinha quase a mesma altura, apesar do delegado Cidrack ter seguramente 18 CM a mais que o garoto. Disse a mesma altura, porque Carlinhos foi suspenso do chão e o homem lhe prendeu seguramente ao seu corpo másculo, forte e rijo. O garoto pôde sentir com muita certeza o tamanho do prazer que o homem estava sentindo ao lhe domar. E o bom disso tudo era o jovem Carlinhos também poder fazê-lo sentir o quanto que ele estava adorando tudo aquilo, pois sua ereção estava a ponto de explodir.

     Mais uma vez os dois foram separando com selinhos longos e cheios de desejos...

     _ Eu tenho que voltar...

     _ Tem certeza que quer sair, garoto? A decepção na voz do homem mais velho era quase palpável.

     _ Nós nos afastamos há um bom tempo, e...

     _ Tudo bem... Vai lá... Deve ter algum carinha de olho em você ,e você com certeza já estava com algum esqueminha armado. Só que...

     _ Não tem esqueminha nenhum armado, Delegado. Eu não tenho ninguém na minha vida, ok? Eu nem era pra estar aqui nessa festa. Só vim porque minha mãe praticamente me obrigou e a D. Celeste estava precisando de mais um garoto pra dançar a valsa no salão na hora que a Gisela fosse apresentada.

     _ Rsrsrsrsrs... Mais eu sou um idiota mesmo, né? Então o meu elogio foi em vão?

     Carlinhos olhou pra ele e abriu um lindo sorriso. Ele apenas coçou a cabeça e sentiu o corpo ser puxado novamente pelo homem mais velho...

     _ Quem é você, garoto? Quem é você realmente? Sabia que desde aquele dia há mais ou menos um ano atrás que venho virando essa Cidade de ponta cabeça e nada de te encontrar... Aí de repente você aparece diante de mim como um garoto lindo, arrumado, cheiroso - E o nariz do homem colou na curva do pescoço do garoto fazendo a pele de Carlinhos arrepiar ao toque - com o corpo de um homem num rosto de menino e me faz desejar você, querer você... Como eu nunca quis ninguém antes na minha vida...

     O belo e apaixonado Cidrack Pimentel separou do seu garoto e disse:

     _ Será que eu vou ter alguma resposta?

     Carlinhos lambeu o lábio inferior com os olhos cravados no belo homem e disse:

     _ Eu sou só um garoto que tá tentando voltar a ser o que foi um dia, Delegado. Cara de menino, corpo de homem como o senhor mesmo falou... Um garoto sozinho, com poucos amigos e uma mãe que me adotou e criou da melhor maneira que pôde. Era eu sim...Lá na rua das Esmeraldas... Eu te reconheci assim que você chegou mais perto... Desculpa se deixei uma marca em você. Eu fiquei apavorado quando você saiu detrás do arbusto do jardim no exato momento em que eu ia começar a pixar sua casa. Acho que tava vivendo o auge da minha rebeldia e tava andando com uma turma meio barra pesada. Garanto que nunca mais os vi, e já tive uma grande cota de perdas. Desde que descobri ser adotado que meu mundo virou de vez, e foi preciso um belo puxão de orelhas da minha vovó Chantal pra voltar a ver o que estava perdendo e o quanto de sofrimento causei pra D. Marina, minha mãe. E só pra finalizar, eu sou estudante do último ano no São Paulo, pretendo ser Dentista, e se tiver sorte, quem sabe eu não encontrei um grande amor...

     Ao dizer as últimas palavras, Carlinhos deu uma firme puxada no mais velho e o fez ficar quase da sua altura. Tanto que as palavras finais do seu breve relato biográfico já foram ditas com os lábios dos dois se tocando levemente. O garoto terminou de falar e foi bem ousado ao lamber com a ponta da língua os lábios do homem mais velho que apenas os abriu lentamente e lhe deu total passagem.

     Ambos voltaram pra festa em momentos separados...

     _ Onde você estava, meu amor? Marina perguntou ao filho, assim que ele apontou no salão onde o imenso bolo seria cortado em alguns instantes.

     _ Tava dando uma volta pelo lugar e encontrei alguns amigos, mãe. 

     Marina fitou o filho e deu uma boa arrumada nos seus cabelos, e na gravata. Quando ela passou as palmas das mãos abertas pelo belo peitoral do garoto...

     _ Tem certeza que foi apenas uma volta, filho, ou você tava rolando no chão? Olha como tá esse paletó, meu amor. Como se amassa tanto assim?

     _ Foi a tarada daquela garota que a senhora arranjou pra ser o meu par naquela droga de valsa. A menina só faltou me estuprar no salão. Notou não, mãe?

     _ Nossa. Quem diria que ela é assim, né? Depois a Celeste fica dizendo que a Gisela e as amiguinhas são anjinhos descidos do céu. Quem não conhece que te com pre. Agora vamos nos aproximar que o bolo será cortado.

     Assim que os dois se posicionaram - e mais uma vez os mesmos pares que dançaram a valsa tiveram que ladear a bela aniversariante no imenso salão - O olhar incisivo que Cidrack Pimentel lhe deu assim que o viu chegar com sua mãe, o fez sentir um pulsar mais acelerado do coração, e um formigamento nos lábios. O homem mais velho pegou um microfone e falou algumas palavras que jamais seriam lembradas pelo garoto, e assim que a bela Gisela partiu o bolo, lhe deu o primeiro pedaço e ele o comeu olhando diretamente pra ele, Carlinhos teve plena certeza de que essa história estava apenas começando.

     Já por volta das 02h30 da madrugada, os dois voltaram a se pegar no mesmo gramado e escondidos pelo mesmo imenso arbusto. A entrega foi mais intensa, até porque já havia uma saudade rolando nos dois corações. Assim que Carlinhos soltou a língua do Delegado e seus lábios o soltaram...

     _ Já vou embora. Minha mãe tá cansada e amanhã, quer dizer, logo mais nós iremos no Clube da Orla um almoço com nossos amigos.

     _ Sabia que sou sócio do Clube da orla? Será que ficaria muito na cara se eu de repente aparecesse por lá e fosse cumprimentar você e sua mãe?

     _ Não tem nada melhor pra fazer não, Delegado?

     _ Ver você, saber de você, poder estar perto de você, e com muita sorte... Voltar a sentir o teu gosto... É com certeza a melhor coisa que poderia fazer até o último dia da minha vida, Carlinhos. Agora sua vez... Você tem noção do que fez comigo? Do que colocou em andamento?

     _ Desculpa... Não. 

     _ Você simplesmente me deixou... E a voz do garoto voltou a ser ouvida novamente.

     _ Mais se você me der um tempo, eu posso descobrir... E vou querer descobrir tudo... Tudo...Sobre você e o que você me fez sentir hoje.   

     Nada mais foi dito e mais um delicioso, estonteante e pegado beijo foi trocado entre os dois, e por um minuto e meio inteiro.

     Já em suas casas, no conforto das suas camas, a última imagem que tiveram antes de dormir, foi o olhar e o sorriso do outro quando se despediram no hall de entrada do Buffet.

Ponto de Fusão  - Romance GayWhere stories live. Discover now