Caro pequeno garotinho de cabelos com ondinhas,
Naquela época eramos apenas crianças que haviam acabado de entrar no fundamental. Não me lembro de seu rosto muito menos de seu nome, não me lembro de quando você foi embora da minha vida e tenho poucas lembranças das nossas brincadeiras, mas por algum motivo os cachinhos do seu cabelo sempre estiveram presentes nas minhas lembranças. Me lembro de termos sido próximos. Por algum motivo do qual não me lembro (ou que talvez nem tenha descoberto) você dava todas as lembrancinhas que fazíamos na escola para minha mãe, ela adorava aquilo, ela te adorava, mas recentemente, quando a questionei sobre seu nome ela também não se lembrava, ela lembrava de você, claro, mas foi como se tudo a seu respeito tivesse sido apagado de nossas memorias e de nossas vidas.
Eu queria descobrir quem era você, procurei por possíveis fotos que talvez tivéssemos tirado e fui atrás das antigas lembrancinhas que você dava pra minha mãe, eu queria dar um rosto ou um nome as minhas lembranças, mas como você talvez possa imaginar, não consegui achar nada. Tanto eu quanto a mamãe achamos que as lembrancinhas foram jogadas fora pela minha irmã mais velha sem sabermos, quando penso nisso fico triste, graças a esse capricho dela, eu perdi a unica chance que ainda tinha de descobrir seu nome.
Apesar de todos esses detalhes você ainda permanece vivo em minhas memórias, e vai permanecer assim (a menos que minha memória seja apagada, risus). Sabe eu ainda tenho esperanças de que talvez ainda possamos nos encontrar no futuro ou que eu me lembre de seu nome, ou os dois. As vezes me pego pensando se já não nos reencontramos em algum momento, na rua, escola e por ai vai, se sim, estou triste por não ter percebido então me desculpe, mas se não, espero que ainda aconteça.
Eu me pergunto onde você estaria agora, se estaria bem ou feliz, espero que sim. Sempre que começo a pensar em você meu peito doí por não lembrar de nada a seu respeito. Por algum motivo sempre tive a impressão que seu nome começasse com J, mas nunca tive certeza sobre isso, provavelmente é apenas meu cérebro tentando relacionar você com alguma coisa.
Não escrevi isso esperando que você leia, na verdade eu não espero nem que você ainda se lembre de mim, mas, se o destino permitir, espero nos encontrarmos novamente.
Com amor, Aninha.
