OP.20:Perfeição | vhope

Capitulo único: The Swan

Ele sempre foi meu tudo: suas expressões, sua dança, seu jeito extrovertido, suas complicações, seus problemas, tudo era algo que eu podia lidar, e daria meu máximo para ajudar, porque eu sempre o amei. Mas eu não sei, talvez isso nunca tenha sido recíproco.

Eu me apaixonei por ele desde que o vi pela primeira vez dançando naquela rua movimentada de Seul, mostrando todo seu talento guardado; uma pena que poucos se importavam com o que ele mostrava na época. O preconceito sempre impediu que as pessoas vissem o que era realmente admirável.

Admito, nem eu fui até lá por conta da dança, somente iria passar direto, como a maioria da multidão... se não fosse por conta daquela música, aquela música em específico, um clássico: Op. 20, do grande Tchaikovsky. Você sabe, sempre fui um admirador de música clássica e arte, então, era inevitável não me sentir atraído por aquela melodia tão familiar para meus ouvidos.

Quando cheguei perto o suficiente, foi como se eu estivesse nos portões do céu e tivesse conseguido a sorte de ver um anjo, e esse anjo... era você. Seus movimentos eram tão suaves e cheios de significados, era algo incomum e que eu nunca tinha visto alguém fazer igual. Era como se aquele garoto de cabelos vermelhos estivesse colocando tudo seu para fora, era como se ele não estivesse controlando seus movimentos, eles somente saiam conforme os seus sentimentos. A cada pirueta, a cada ponta, a cada espacate, era uma emoção pesada e triste dentro de mim, era como se eu sentisse a dor que seu personagem transparecia em seu ballet.

Bem, ele nunca me explicou por que decidiu conversar comigo depois daquela dança, entretanto, acredito que tenha sido porque eu fui o único que reparei na magnífica apresentação de rua que ele fez. E como eu já imaginava, uma amizade linda aflorou entre nós, e foi com ela que descobri que aquela apresentação de ballet era para um trabalho da escola de artes que ele estudava, além disso, ele me disse que eu fui filmado, e ainda, mesmo que eu nunca possa falar isso para o meu "Menino Vermelho", estou no aguardo dos meus direitos autorais de imagem.

Com o tempo, nossa amizade passou de meses para anos, e eu pude ser privilegiado com um ingresso maravilhoso de sua formatura, que aconteceu um ano depois daquele período. Contudo ele logo me presenteou com um papel dourado que continha escrito em negrito pequenas palavras, mas para mim, mesmo que fosse somente um pedaço de papel facilmente rasgável, eu me sentia feliz.

Ele sempre me dizia que seu ballet era o que mais importava na vida, e que nada poderia substituir seu amor por este. E saber que eu fui o escolhido, entre várias pessoas de sua convivência, me fez sentir alguém especial.

E eu sempre fui um bobo apaixonado por aquele garoto - garoto esse que era mais velho e mais responsável que eu, porém, lembrar de sua face de frustração ao lhe chamar assim, era motivo para risos e choros - de cabelos excêntricos e sorriso de coração, com uma luz envolta de si que alegrava e iluminava até mesmo as noites mais chuvosas.

Hoseok, desde que tomou grande intimidade comigo, distribuía fofura para cima de mim, me abraçava, me dava beijinhos na bochecha, trazendo cada vez mais uma imagem ilusória em minha mente. Eu não gostava, mas era inevitável. Inevitável negar que eu ligava para qualquer ato que ele fazia, inevitável não me sentir com o coração quente quando ele me fazia cafunés somente com palavras e atos quaisquer.

Em uma noite fria de terça-feira, você me fez sair da minha cama, meu refúgio quentinho, para ir ao seu "recanto da bagunça" como eu costumava dizer. Podia ter chegado lá com o nariz vermelho por conta da friagem, podia ter reclamado horrores com você, mas eu faria tudo de novo só para ver todos os sorrisos que você deu naquela noite e, principalmente, ouvir você dizer "eu te amo" pela primeira vez com aquele sorriso que parecia um coração, deixando tudo mais amável.