Trejeitos

O início

Olá pessoas que podem estar a ler, queria dar um recadinho dizendo que as coisas descritas nessa fanfic não condiz com a realidade, beijos possíveis leitores espero que gostem
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"Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem, não sem dores
Aceita que tudo deve mudar

Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar."

São Paulo, 17 de Fevereiro de 2020

Eu acordei naquele dia sentindo minha cabeça latejar, óbvio que depois de uma noite passando de balada em balada na baixo augusta, bebidas e maconha eu acordaria nesse estado, pelo menos hoje eu não teria que mandar ninguém embora da minha casa.

Me olhei no espelho naquela manhã, e eu já não reconhecia mais uma pessoa quando me olhava no espelho, eu tinha olheiras fundas e olhos apagados, meu cabelo bagunçado implorando para ser cortado, eu estava pálido, era apenas a casca de um ser humano, não havia mais vida em mim.

E mesmo com todos os baixos da minha vida, eu consegui, finalmente eu poderia começar a mudar o caminho da minha vida, depois de muito estudar eu passei no ENEM e consegui uma bolsa para estudar na melhor universidade de São Paulo, a USP, não foi fácil, foram noites em claro estudando, dias trabalhando como um zumbi para não morrer de fome, e agora nos meus 19 anos eu finalmente estou conseguindo dar jeito na minha vida... ou pelo menos na parte profissional.
Eu vou cursar direito, e diferente de muitas opiniões, não, eu não quero ser advogado, eu sempre sonhei em ser delegado, e para os desinformados de plantão é necessário cursar direito.

E agora vocês me perguntam aonde eu estou querendo chegar, bom, eu quero chegar na minha história, vamos começar pelo passado, para vocês entenderem o porquê do meu atual estado de ressaca.

São Paulo, 03 de Março de 2000

"E-eu estou grávida.." disse a moça que estava soluçando.
"C-como?" O homem com barba por fazer, olhos vermelhos de alguma substância química, cabelos bagunçado perguntou com uma garrafa de vodka na mão que tremia, ele acabará de chegar em casa depois de mais uma noite no bar com seus amigos.
"Eu estou grávida" a mulher respondeu com mais firmeza, seus olhos estavam inchados de chorar, seu corpo tinha leves espasmos com os soluços, tinha apenas 20 anos, a vida tinha acabado de começar, namorava com o rapaz a 6 meses e tinha aceitado ir morar com ele, mesmo sob o protesto de seu pai, dizendo que o homem não valia nem um pão queimado, mas ela teimou, queria sua liberdade, a liberdade que seus pais não davam a ela. Foi o maior erro que cometeu em sua vida, o rapaz apenas bebia, fumava, e na última briga tinha lhe dado um soco.
Tremia de medo da reação do até então namorado.
"Como isso aconteceu? Eu sempre uso camisinha, SUA VADIA! VOCÊ ESTÁ ME TRAINDO!" Acusou o homem enraivecido, a garrafa de bebida escorregou de suas mãos se estilhaçando no chão, ele deu um passo em direção a mulher sentada no sofá, pegou ela pelos braços e a fez ficar de pé.
"Não! Por favor! Eu juro que não te traí. E-eu não sei como isso aconteceu" O homem chacoalhava o corpo magro enquanto gritava com a mulher, que lhe prometia que não o estava traindo, e em um momento de lucidez o homem a escutou, eles conversaram e tudo parecia ter ficado bem, ele aceitou a criança, parou de sair e de beber, arrumou um trabalho melhor, tudo estava calmo.

São Paulo, 15 de Dezembro de 2011

"Mãe, a gente já esta chegando?" O menino franzino no banco trazeiro do carro perguntou, a mãe tinha prometido que nesse aniversário iria levá-lo em seu restaurante favorito, e seu pai já aguardava eles lá, nesses 12 anos que passaram o homem tinha mudado da água para o vinho, tinha pedido a mulher em casamento, e se mantia fiel a ela, além de cuidar e amar o filho, tudo de ruim foi esquecido... até aquele momento, até aquele dia.
Enquanto a mãe ria e cantava com o filho no caminho para o restaurante um caminhão desgovernado veio na contra-mão bateu no guard rail e acertou o carro em que elas estavam, acertando apenas o lado do motorista e fazendo o carro girar na pista até capotar.
A ambulância com a polícia chegou no local 15 minutos depois, mas mesmo se eles tivessem chegado na hora do acidente a notícia seria a mesma.
"O lado do motorista foi totalmente prejudicado, o carro deu perda total, o carona sofreu lesões graves na cabeça e nas costelas, perfurou o pulmão, teve hemorragia interna e uma parada cardíaca na sala de cirurgia, nós sentimos muito mas, sua esposa morreu na hora da batida, e mesmo se ela tivesse sobrevivido ela teria ficado com sequelas graves demais." Foi isso que o homem ouviu, enquanto soluçava naquela sala esverdeada do hospital.
Saiu de lá correndo, e foi para o lugar que podia curar o buraco que tinha sido aberto no seu peito, nunca tinha se sentido tão inútil em toda sua vida.
Esperava sua esposa e filho no restaurante quando recebeu a ligação, ele esperava o pior, mas não esperava a morte da mulher que mais amava, e foi assim se afogando de bebida em bebida, sobrevivendo de drogas, que ele também esqueceu que um filho perdeu sua mãe, e agora perdeu o pai para a vida.