His ripped jeans

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     Hoseok tinha deixado tantas marcas em Hyungwon, não físicas, mas emocionais. Marcas que doíam agora, e doíam muito. O relacionamento deles era bonito e verdadeiro. Quer dizer, isso era o que Hyungwon pensava, até aquele dia.
     Agora, ele andava de um lado para o outro no quarto, tentando não pensar no que havia presenciado. Sabia que desabaria em lágrimas caso pensasse muito e Hoseok não merecia seu choro, não depois de traí-lo.
     Foi ai que Hyungwon decidiu reorganizar o guarda-roupa para se distrair. Afinal, o mais velho já tinha pego seus pertences, então não haveria nada dele ali, certo? Errado. Enquanto tirava roupas de uma gaveta, ele encontrou o jeans rasgado de Hoseok, aquele mesmo jeans que ele usou no último dia dos namorados que passaram juntos.

                               ●
     Era um dia frio e Hyungwon acordou cedo se sentindo ansioso, no bom sentido. Ele vestiu um moletom e sentou-se sozinho à mesa da cozinha para tomar café da manhã.
     Seu apartamento era silencioso de manhã, algo que ele não achava ruim. Enquanto assistia um programa na TV, ouviu a campainha tocar e levantou-se para atender.
     Ao abrir a porta deu de cara com um Hoseok sorridente, segurando uma caixa de chocolates. Retribuindo o sorriso, Hyungwon saiu da frente da porta para deixar o namorado entrar.
     Hoseok deixou um beijo na boca do mais novo e começou a contar todos os planos que tinha feito para os dois. Mas é claro que Hyungwon não prestou atenção em uma palavra sequer do outro. Ele ficou apenas observando como o namorado era bonito, como o cabelo preto caia perfeitamente sobre a testa, como ele ficava ótimo vestido naqueles jeans rasgados e o casaco branco folgado. Tudo nele era perfeito para Hyungwon.
     — Wonnie? Você está prestando atenção? — perguntou Hoseok.
     — Claro que estou, vamos fazer tudo isso que você planejou, amor. — respondeu bobo e o beijou.
     Ele tentou se lembrar de ao menos alguma coisa que Hoseok disse enquanto ele o admirava. Não conseguiu, mas tudo bem, sabia que adoraria fazer qualquer coisa que Hoseok quisesse, estar com ele ja fazia tudo ficar bom.
     Hyungwon, deixou o namorado na pequena sala de estar e foi trocar o moletom que vestia por um jeans e um casaco preto, penteou o cabelo com dedos e voltou para Hoseok.
     Ele podia sentir que o dia seria incrível.
     E foi mesmo. Eles saíram para almoçar juntos no restaurante favorito dos dois, e depois foram ao cinema assistir um filme de romance. Filme o qual, nenhum dos dois se lembrava de alguns trechos, porque estavam ocupados demais trocando carícias e beijos.
     Tudo estava indo perfeitamente bem, eles eram um casal feliz. Hyungwon se sentia tão seguro e confortável com Hoseok, era algo surreal. O mais velho fazia ele sentir que a distância entre a terra e a lua não significava nada, porque todos os dias ele o levava para a lua, de certa forma.
    Um precisava do outro, e eles estavam la um pro outro, sempre e incondicionalmente.
     Enquanto andavam pelo parque, durante noite, e tomavam sorvete, Hyungwon atraiu a atenção do mais velho lhe chamando e Hoseok o olhou.
     — Hoseok, eu te amo. — disse abaixando a cabeça. Eles ja tinham dito essas palavras inúmeras vezes, mas Hyungwon ainda ficava envergonhado quando dizia.
     — Eu também te amo, Hyungwon. — respondeu beijando o canto da boca do namorado.
     Hyungwon ficou parado olhando as costas de Hoseok que continuou andando. O outro olhou para trás e riu estendendo a mão para ele.
     — Sua boca estava suja de sorvete. — falou.
     — Podia ter limpado com papel, em vez de me deixar paralisado. — respondeu Hyungwon lhe dando a mão.
     — Poderia, mas não ia ter a mesma graça. — riu.
     Os dois caminharam por mais um tempo antes de voltar para o apartamento de Hyungwon. E Hoseok, por algum motivo, quis entrar no apartamento segurando o moreno no colo. Hyungwon simplesmente não pôde impedi-lo.
     Eles fizeram o jantar juntos e comeram em silêncio. Mas não era um silêncio desconfortável, era bom, aconchegante.
     Eles se deitaram na cama abraçados para ver outro filme, mas Hoseok teve uma idéia melhor e não assistiram nada. Aquela foi uma das noites em que ele levou Hyungwon para a lua.
                               ●

     Quando percebeu, ja era tarde, estava chorando. Suas lágrimas molhavam os jeans que tinha em mãos. Como era possível? Tudo aquilo se dissolveu de uma hora pra outra? Ou aquelas palavras e ações tinham sido uma mentira?
     Como doía. O sentimento de traição fazia parecer que o haviam esfaqueado, ou talvez essa também não fosse uma boa comparação. Algumas dores emocionais eram indescritíveis e Hyungwon se encontrava sem expressões para aquilo.
     Enquanto ele estava ali sentado no chão, chorando, o celular tocou. Hyungwon sabia quem era, mas ele não iria atender, não daria esse gosto para Hoseok. O aparelho continou tocando, uma, duas... cinco ligações perdidas. E nenhuma foi atendida.
     Ele se surpreendia com Hoseok, queria saber de onde vinha a coragem do mais velho para ficar ligando para ele depois de fazer aquela merda. Hoseok tinha tentando se explicar mais cedo, quando foi buscar as roupas. Entretanto, Hyungwon não queria ouvir. Não tinha justificativa para o que viu.
     O celular parou de tocar, mas continuou apitando com mensagens. O moreno desbloqueou o celular e entrou no chat com Hoseok.

     Wonnie?
     Wonnie, por favor atende o telefone.
     Vamos conversar
     Posso voltar ai?
     Wonnie?

     Hyungwon enxugou o rosto com as costas da mão e, respirando fundo, respondeu:

     Não pode vir aqui, Hoseok.
     Não tem o que conversar, vai viver sua vida com ele.

     Ele leu a resposta, mas não respondeu. Dessa vez, Hoseok tornou a deixá-lo sem palavras quando disse:

     Mas, eu não quero...
     E não posso, porque
     Wonnie...
     Você é a minha vida!

     Hyungwon bloqueou o número, guardou a calça jeans e, deixando o celular na cômoda baixa, foi dormir para tentar esquecer. Não queria mais lembrar-se de Hoseok.
     Talvez ele se arrependesse disso depois, contudo, no momento, ficar recebendo ligações e mensagens do outro era a última coisa que precisava.

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