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- Por que tão longe? O balançar dessa carruagem me deixa enjoada.

- Pare de reclamar, Eleanor.
— Sua tia abriu o leque enquanto viu a sobrinha virar para o outro lado encostando a cabeça na janela.

Menos de uma hora depois sentiram os cavalos parando, haviam, por fim, chegado. O cocheiro desceu lhes ajudando em seguida.

O lugar era uma enorme casa, quase lembrava um castelo antigo. Lá funcionava um lugar para moças de dezessete até os dezenove anos aprenderem etiquetas e todo o necessário para agradar a seus futuros maridos. Um colégio para damas.

- Boa noite, Eleanor. — A voz séria fazia jus a ela, a secretária fiel da diretora do lugar, Ruth. — A diretora lhe aguarda em sua sala.

Ruth direcionou sua fala à tia de Eleanor, a senhora Augusta. Com suas malas em mãos e a contra-gosto, ela entrava pelas portas principais ouvindo vozes de canto em uma das sala fechadas.

- A senhorita espera aqui. — Ruth anunciou e Augusta entrou. — Me acompanhe, irá dividir o quarto com uma aluna.

Em silêncio, elas subiram a larga escada de madeira, parecia infinita, o peso do vestido parecia lhe inquietar, sua respiração já quase começava a agitar.

- Aprenderá também a lidar com o que uma senhorita precisa vestir para ficar apresentável e não cansada dessa maneira, fará esse percurso muitas vezes.

Ruth falava sem olhar para trás, quando chegaram, Eleanor notou o enorme corredor e logo pararam em um dos últimos quartos. Ruth o abriu.

- Aqui será seu armário e sua cama. São proibidas cartas que não passem pela diretoria. Você terá aulas alternadas de costura, pintura, etiquetas e todas em horários igualmente alternados. A noite terão aulas de leituras onde somente será lido o que for autorizado.

- Leitura com autorização? — Ruth olhou séria. — Desculpe.

- São proibidas cartas e visitas não autorizadas. Os almoços e jantares serão sempre nos mesmos horários, todas funcionarão como aulas de como se portar.

Eleanor respirou fundo e sentou-se de qualquer jeito na cama.

- Levante-se, provavelmente sua tia já saiu da sala e quer se despedir.

Elas desceram outra vez e de fato, Augusta já estava no corredor principal.

- Comporte-se, lembre-se de tudo que a ensinei, erga a cabeça, Eleanor! — Sua tia lhe deu um beijo frio na testa e saiu.

Sua sobrinha a viu partir e sentiu uma lágrima correr seu rosto, não que estivesse sentindo sua falta, mas era pelo medo que agora sentia.

- Oi! — seus pensamentos se esvaíram quando ela sentiu alguém lhe tocar a cintura, fazendo-a virar rapidamente. — Você é a menina novata, não é? Me chamo Vitta.

O jeito da menina parecia acelerado, Eleanor realmente estava surpresa.

- Me chamo Eleanor.

- Vamos dividir o mesmo quarto, acabamos agora uma aula de canto, vem, precisamos nos lavar que logo começa o jantar. — Vitta lhe segurava a mão arrastando-a pelas escadas.

No caminho, mais bem parecia uma competição de meninas subindo as escadas, todas falavam ao mesmo tempo, Vitta aproveitou para apresentá-la a mais uma amiga e logo elas se juntaram para o momento de se lavarem.

Novamente faziam todas ao mesmo tempo mas, dessa vez, de forma mais silenciosa, Ruth estava presente e mais parecia um general coordenando em duplas as meninas para banhar-se.

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