Capítulo único

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Harry estava dormindo e de jeito nenhum queria acordar. Especialmente naquela noite em que havia demorado horas a pegar no sono. Perdera boa parte da noite se preocupando com as questões de trabalho e no que deveria fazer para achar a solução daquele caso. Havia alguém cometendo uma série de assassinatos e torturas contra trouxas e nascidos trouxas, provavelmente algum seguidor antigo de Voldemort, mas Harry de forma alguma conseguia achar uma ligação entre eles. E mal poderia contar com Ron, tendo em conta que ele e Hermione acabaram de ter Rose, sua afilhada e ele estava de licença por algumas semanas.

Para piorar, ele estava com um machucado horrível no abdômen. Este fora feito há cinco dias, em um duelo contra um bruxo das trevas que havia encontrado no meio de uma missão.

Então, claro que justo naquela noite, algum inconveniente resolveria tocar incansávelmente sua campainha. Harry se levantou da cama, colocou seus óculos e calçou seus chinelos, se dirigindo até a porta, xingando até a última geração de quem quer que fosse.

Se esforçando para fazer a cara mais rabugenta que conseguiu, abriu a porta, mas sua cara rabugenta se desmanchou na mesma hora ao ver Draco Malfoy parado em sua porta cheio de malas. Harry não teria estranhado o fato de Draco estar ali aquela hora, já que era algo que ele costumava fazer de vez em quando. Todavia, ele estar cheio de malas não podia significar coisa boa.

Ele e Draco nunca haviam sido amigos durante os anos de Hogwarts. Todas as brigas, duelos e insultos trocados estavam lá justamente para reforçar isso. Porém, toda a rivalidade que um dia tiveram, desapareceu no ano passado. Ano passado havia sido o ano em que Harry tinha começado a exercer na prática seu trabalho como auror. Coincidentemente, fora o mesmo ano em que Draco iniciara sua carreira no St Mungus. Harry tinha de ir constantemente ao hospital, devido os diversos acidentes que sofria como auror nos primeiros meses. E sempre era Draco que lhe atendia.

Depois das cinco primeiras vezes, eles pararam de se provocar e acabaram desenvolvendo uma amizade pouco a pouco cada vez que Harry ia até lá, até começarem a firmar a amizade fora do hospital também. Isso ocasionou nos dois saindo na primeira capa do Profeta Diário não muito tempo depois. Maldita Skeeter.

Estranhamente, entre seus amigos, Ron foi o primeiro a aceitar a amizade de Harry e Draco. Hermione foi a que ficara mais relutante quanto a isso, mas acabou por aceitar, posteriormente.

Embora os dois não chegassem nem mesmo a ter o mínimo de convivência com Draco, passaram a aceitá-lo por Harry. Que no momento estava ali, de frente para um Draco frustrado e cheio de malas em sua porta.

— Seguinte – Draco jogou uma mala na cara de Harry, que a pegou por reflexo.— Larguei minha mulher, sou gay e agora moro aqui. E você VAI lidar com isso.

Harry piscou repetidas vezes, olhando confuso para Draco, estático no lugar. Sentiu seu coração acelerar mas não sabia dizer qual das três bombas havia o deixado mais eufórico. Draco era gay? Draco largou a esposa? Ele era GAY? Ia morar com ELE? E ERA GAY?

Harry apoiou uma mão no batente da porta, pela repentina tontura que lhe atingiu. Droga de pressão baixa.

— Como é? – perguntou quase em um sussurro.

Draco bufou e fechou a porta do apartamento de Harry, após largar suas malas no chão.— Eu preciso beber.

Draco não disse mais nada, deixou Harry parado em frente a porta, segurando uma de suas malas e foi até a cozinha de Harry, aonde pegou uma garrafa de Firewhisky. Voltou para a sala e se sentou no sofá de Harry, que continuava parado no mesmo lugar.

Harry se virou devagar e olhou inacreditado para Draco que não parecia estar nem um pouco preocupado. Balançou a cabeça em negação e colocou a mala dele no chão.

Night changes  •  DrarryWhere stories live. Discover now