Capítulo 1

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Essa história foi escrita pra minha gêmea Manu (hoaexile) no amigo secreto do Ed Sheeran. Espero que goste, Manuzita :)

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00.

A vista da janela era desanimadora, era um dia quente, mas nem mesmo a visão do sol entre nuvens pela primeira vez em dias, famílias tomando sorvete juntas na rua e sorrisos juvenis trazia a casual alegria novamente para o peito de Tonks. O quarto composto por paredes tão brancas parecia tão mais sem vida agora, e a cama, ainda com a colcha e lençol de um verde brilhante não seria mais ocupada, então Tonks se permitiu chorar, conseguia ouvir a voz de seu pai em sua cabeça repetindo "não chore quando estiver triste, querida", mas Nymphadora Tonks nunca havia se sentido tão triste e vazia, se pegando sussurrando para o vazio um "me desculpe por chorar, mãe".
Com as mão trêmulas entre as lágrimas, Tonks alcançou o pequeno vaso no peitoril da janela, agora com flores murchas que ela havia comprado em um supermercado durante os últimos dias com a mãe, colocou o vaso juntamente com o álbum de fotos que a mãe amava folhear na caixa de papelão que carregava, em passos lentos até a cama, pouco a pouco ela começou a guardar a roupa de cama, os ursos de pelúcia que sempre vinham acompanhados de cartões de melhoras, todas as bugigangas de sua mãe que ela gostava de manter na cabeceira da cama e a manta de crochê amarela não finalizada, por fim, Tonks segurou entre seus dedos a varinha de sua mãe e a colocou no topo da caixa a fechando, se obrigando a jogar fora o resto de chá velho que estava na xícara ao lado de sua cama.
Quando acabou, Tonks pegou sua bolsa e a caixa, dando uma última olhada no quarto agora vazio, havia sido um longo ano ali, um longo ano que Andrômeda Tonks passou naquela cama e agora, ela não mais ocuparia aquele local, mas ao contrário do que Tonks tanto ansiava, sua mãe não retornava para casa consigo. Limpando as lágrimas que insistiam em rolar de seus olhos, Tonks fechou a porta atrás de si sussurrando um "adeus, mamãe".
O caminho até a recepção do St. Mungus já era conhecido e ela sabia que seu pai estava lá a esperando terminando de preencher a infinita papelada do hospital, ele se recusava a entrar naquele quarto para encontrá-lo sem sua Andy, o grande amor de sua vida e sinceramente, Tonks não o culpava, se pudesse, nunca mais entraria naquele local, se pudesse, nunca mais chegaria perto daquele hospital, mas sabia que esse último seria mais difícil.
O elevador era ocupado por apenas um garotinho, não muito longe de seus 13 anos, tentando esconder o próprio rosto ainda marcado por lágrimas. Quando ela entrou, talvez fosse bobagem, mas sabia exatamente o que se passava com ele, as bochechas coradas e as lágrimas contidas, o leve tremor e o medo, se não tinha perdido, estava perdendo alguém importante, assim como acontecera com ela.
- Meu nome é Tonks. - ela sussurrou. - E você?
- Neville. Neville Longbottom. - ela estendeu uma mão para ele, que depois de um instante ponderando aceitou. - Gostei do seu cabelo, mas ele parece...
- Desbotado? - ela completou e o menino apenas assentiu. - Metamorfomagia, ele geralmente combina como eu estou e bom, um hospital não é o ambiente mais alegre do mundo.
- Alguém que você gosta está aqui?
- Não mais. Mas neste momento, acho que eu agradeceria se estivesse. - ela disse indicando a caixa que segurava e o menino corou.
- Sinto muito. - ele encolheu os ombros e demorou um pouco até que tomasse coragem para voltar a falar. - Meu pai também está aqui... Sabe, ala psiquiátrica... Ele é auror, uma missão não saiu tão bem assim.
Então o choro do menino chegou e era aquele tipo de choro de quem guardava como estava mal há tempos, e Tonks se questionou por quanto tempo será que ele não foi forte com tão pouca idade, para agora desabar ali. Deixando a caixa no chão ela puxou o menino para um abraço, algo simples, mas quando os braços de Neville a rodearam ela soube que era isso que ele precisava, e ela não ousou soltá-lo, nem mesmo quando uma senhora entrou também no elevador os encarando desconfiada.
Apenas quando chegaram ao primeiro andar e as portas se abriram, lhes dando a visão de uma mulher jovem morena, com uma franja bem aparada e olhos castanhos que Tonks sabia que outrora foram brilhantes, eles se soltaram, pois o menino andou em direção a ela.
- Tonks? - ela questionou em um quase sussurro.
- Olá Alice. - ela murmurou, sabia que reconhecia o sonhenome Longbottom de algum lugar, é claro que já havia saído em missão com Frank Longbottom uma meia dúzia de vezes antes e isso apenas fez seu coração apenas se apertar um pouco mais. - Conheci seu filho Neville, ele é um amor.
- Ele é sim. - ela disse fazendo carinho no cabelo do menino. - Vamos querido?
Ele fez que sim com a cabeça e acenou para ela, enquanto Tonks apenas recolheu sua caixa e saiu em direção a seu pai, e quando o viu, alto como sempre e seu cabelo que ficava cada vez mais grisalho, foi a vez da mulher receber um abraço de conforto. Então naquele silêncio simples, ambos vagaram até o lado de fora do hospital, onde quatro figuras os esperavam.
- Fleur? Bill, Charlie, King? - Tonks questionou vendo a visão dos amigos encostados em um ford anglia azul.
- Olá rosinha. - foi Charlie quem começou, abrindo os braços para receber a mulher em um abraço.
- Não poderíamos deixar vocês sozinhos, não hoje. - Fleur disse abraçando Ted, que havia se tornado como um segundo pai para ela.
- Vamos levar vocês para casa e tentar deixar o dia um pouquinho melhor. - Kingsley completou tirando a caixa das mãos de Tonks.
- Obrigado. - Ted disse com um sorriso singelo. - Obrigado de verdade, por serem bons amigos para minha filha e por estarem aqui, espero que saibam, que amo a vocês como filhos.
- Sabemos. - Bill começou, se juntando ao irmão no abraço a Tonks. - E saiba que os consideramos família também
- E família permanece junta. - Kingsley continuou, encostando a cabeça no ombro de Tonks, já que as mãos estavam ocupadas.
- Sempre. - Fleur disse por fim.

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⏰ Last updated: Sep 02, 2020 ⏰

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