Capítulo 1

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Uma mordida.

A mente é algo que não se pode brincar, porém ela brinca conosco.

Duas mordidas.

E essas brincadeiras mexem com todo o resto, podendo acabar com nossas vidas.

Três mordidas.

Mas talvez essas brincadeiras são apenas o que realmente somos. Afinal, por que temos que pensar em tudo, não é mesmo? Podemos só viver e acabou, fomos feitos para isso, ou não?

Terminei de comer minha maçã e a coloquei na bandeja junto com as embalagens vazias, o trem tinha parado e eu estava descendo para a minha nova vida. Ouvia "Why'd you only call me when you're high" da banda Arctic Monkeys e desembarcava naquele lugar frio e nublado. Ajeitei meu casaco branco e voltei a puxar minha mala de carrinho até a placa que dizia: TÁXI.

Indo até lá um senhor veio até mim com um sorriso gentil e ajudou-me a carregar minhas coisas, enquanto ele as guardava no porta-malas me acomodei no banco de trás, pegando o endereço em um pedaço de papel. Assim que ele entrou no carro entreguei-o a ele que olhou surpreso para o papel e depois olhou para mim.

— Vai para o Creedmore Asylum? Parentes? – ele perguntou com cautela já dando partida no carro, sorri para ele e ajeitei os óculos de sol.

— Sou o novo psiquiatra de lá. – desviei o olhar do olhar surpreso dele e olhei a paisagem de Creedmore, uma cidadezinha pequena e fria, porém muito bonita.

— Boa sorte! Sempre admirei os psiquiatras, sabe? Tentar conversar e curar aquelas mentes perturbadas de psicopatas almejando sangue.— comentou, dirigindo calmamente, respirei fundo e o olhei.

— Todos nós almejamos sangue, porém, só alguns de nós tem coragem o suficiente para suprir esse desejo. – respondi, retirando os óculos e os guardando na bolsa, ele mantinha seus olhos surpresos em mim pelo retrovisor sem ter o que responder.

Ficamos em silêncio até o local que era em um lugar bem afastado mesmo, mas eu já esperava por isso. Assim que ele estacionou, desci do carro e olhei em volta, ele era incrivelmente enorme. Só a floresta que ficava em volta que dava arrepios, mas isso era o de menos.

— Boa sorte, senhor. Há demônios aí dentro! – o motorista disse, deixando minhas bagagens ao meu lado, o olhei com um sorrisinho.

— E aonde é que não tem? – depois soltei uma risadinha.

— Está certo, mas o psicopata Zayn Malik vive aí e aquele ser até os demônios correm. – ele disse entrando no carro e deixando-me ali sozinho.

Uma mulher que aparentava ter seus quarenta anos descia as escadas apressadamente até mim, atrás vinha um homem com seus cabelos brancos. Ela sorriu pra mim assim que estava chegando.

— Doutor Styles, seja muito bem-vindo ao nosso lar. Perdoe-me por não ter te esperado aqui, é que hoje o dia está tão tranquilo que acabamos cedendo à tranquilidade. Mas vai acabar descobrindo que esse sentimento não é algo muito comum aqui! – ela disse sorridente, já me chamando para que a seguisse, o senhor carregava minhas malas.

— O tempo é quase sempre assim, sempre cinza e digamos que hoje ainda está um belo dia. – a senhora tagarela comentou, olhando para o céu e depois bufando, ri disso. Por dentro era bem melhor do que por fora, mas ainda assim era um lugar velho que aparentava coisas velhas, o bom é que não tinha cheiro de mofo.

Ela apresentava cada cômodo que passávamos, mas eram muitos, tinha muitas salas de descanso para os funcionários, o que eu achava um desperdício. A segui para a área onde eles estavam.Era uma sala branca desbotada com algumas mesas, poltronas e cadeiras. Os pacientes como algo bem óbvio vestido com a mesma roupa, calça de moletom e camiseta, algumas mulheres usavam regatas brancas. Eles pareciam calmos, alguns sentados lendo livros, outros jogando cartas.

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