6378. | sanhwa

eu iria até o outro lado da terra por você

seonghwa, eu olho para seus olhos opacos e me pergunto o quanto você realmente sabe. o quanto você capturou de mim por todo esse tempo? você foi capaz de ver as sombras formadas nas minhas cortinas e ouvir trítonos que minha garganta nunca ressoou?

me pergunto se percebeu o que realmente preenche minhas lágrimas, porque não é apenas água e sal. todos os nossos universos e a distância entre nós estão contidos nessas gotas cristalinas que estilhaçam o chão debaixo dos meus pés.

me chamam de louco, seonghwa, mas eu vivo em você desde que nossos dedos se encontraram pela primeira vez. você me tomou inteiro para si, e apesar de parecer extremamente egoísta, foi o maior ato de amor que poderia existir. aqui é aconchegante, é seguro, é necessário, e é meu lar. tudo sobre mim se concentra em você. me chamam de louco, seonghwa, mas ninguém conhece o mapa da sua alma como eu, ninguém sabe de todas as suas encruzilhadas e ninguém aprendeu a armar pontos de defesa para defender seu santuário como eu.

mil amuletos estão espalhados por aí, e todos os incensos já estão acesos. você não percebeu, mas todas as carpas que um dia se tornarão dragões de fogo a voar no seu céu nublado foram esboçadas por mim.

eu ajoelharia diante da minha própria revolta, eu fecharia os olhos ao som da sua voz a me guiar, eu seguiria seus rastros ainda que você estivesse 6378 quilômetros longe de mim. espadas, sabres e flechas estariam apontados para você, e ainda assim você teria força suficiente para voltar para casa nos próprios pés, porque, seonghwa, eu seria seu escudo diante de um batalhão assassino, em quantas guerras fossem precisas para que estivéssemos só eu e você no mundo.

seonghwa, eu salvaria a sua vida em vez da minha.

eu não sei se algum dia você conseguiu traduzir minhas entrelinhas, mas agora você sabe que eu não me importo de cair desde que você esteja de pé ao meu lado. se tudo se apagasse para mim eu não teria medo se soubesse que você está iluminado pela luz da lua e dos fogos de artifício.

quando a sua boca se abre e parece querer dar vida a possíveis abstrações, minha respiração pesa, e meus olhos se perdem pelas vielas que já me eram tão conhecidas. eu espero, mas nada vem.

nada vem exceto um resvalar de suspiros que me marca para sempre. eu enterneço ao seu toque e tenho certeza de que nunca esquecerei dessa exata fração de segundo em que você me tocou da forma que cupido toca psiquê. como da primeira, a última vez; consumido por incertezas insaciáveis, louco pela tecedura do seu nome, e adormecido em um significado que é só seu.