Too disgusting.

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Havia se passado quase uma semana e Zoro estava morrendo de raiva de pensar que teria que voltar àquele castelo mais uma vez. Aquele pacto era um erro. Não estava raciocinando direito no dia em que resolveu fazer aquilo. Estava fora de si, quase desmaiando, e aquilo se provou ser mesmo uma péssima decisão. Agora seria como um animal criado para abate, a comida daquele vampiro. O pensamento fazia seu estômago revirar.

Uma das coisas que sempre temeu por estar o tempo todo em contato com vampiros graças a seu estilo de vida, era terminar como presa de um deles. Quando quase havia morrido seu único pensamento era de que não queria virar comida de um sanguessuga maldito. E aqui estava ele, indo de bom grado em direção a um, se oferecendo tão docilmente ao invés de caçá-lo, já que não se permitiria algo tão indigno como matá-lo. Ao menos não enquanto não pagasse sua dívida.

Mas, o caçador estava com muito nojo desde que havia descoberto a identidade daquele monstro. Não queria nem olhar para ele. Muito menos que ele encostasse a boca nojenta que matou Kuina em sua pele. A marca da mordida anterior ainda estava bastante aparente em seu braço e fazia Zoro sentir ódio a cada vez que olhava para ela.

E pensar que havia chegado até a sentir um pouco de pesar ao vê-lo tão fraco depois de ter demorado demais para alimentá-lo da última vez. De ter, por um mísero segundo, se culpado por demorar tanto. Zoro pensava nisso amargurado enquanto entornava sua segunda garrafa de rum. O líquido escuro que queimava sua garganta estava quase acabando e Zoro teve uma ideia ao observá-lo dentro da garrafa.

Mais tarde naquela noite, tirou seu próprio sangue e meteu na garrafa vazia, obviamente se machucando no processo. Não era barbeiro tampouco médico e não fazia ideia de como deveria fazer aquilo. Só o fez displicentemente e teve sorte de não ter uma hemorragia grave. Depois enfaixou o braço machucado com um pedaço de pano e se amaldiçoou por aquilo. Mesmo que tivesse parado o sangramento a tempo, o ferimento provavelmente ainda afetaria sua maestria com as espadas. Maldita ideia estúpida. Maldito pacto.

Zoro se arrastou então àquele castelo mais uma vez, carregando a garrafa no sobretudo e as preciosas espadas no quadril. Ao ser atendido na porta, entrou antes de ser recepcionado, evitando olhar para a criatura que o recebia.

- Aqui. - Zoro empurrou a garrafa na direção do outro rudemente. - Para poupar seu trabalho.

O sarcasmo vibrava em sua voz. Como se fosse fazer qualquer coisa com o objetivo de ajudar aquele parasita, até parece.

O vampiro sorriu de forma gentil ao vê-lo ali parado em sua porta oferecendo seu sangue. Desde o mês em que Zoro havia ficado em seu castelo, Sanji estava cada vez mais se sentindo solitário, o que era bem estranho para alguém que abandonou o clã centenas de anos atrás e desde então nunca esteve com uma mesma pessoa por mais de um dia. Era doloroso se sentir dessa forma, aquela carência e necessidade não era algo que apreciava, especialmente por alguém que o desprezava e odiava. Se lembrar disso o quebrava ainda mais, como se fosse possível.

O silêncio no castelo o perturbava, então todos os dias ele tentou sair para festas e locais em que uma quantidade grande de pessoas se reunia. No entanto, mesmo com uma multidão a seu redor, parecia que ainda estava sozinho e de fato realmente estava. Ninguém ali o enxergava como quem ele era, se soubessem iriam desprezá-lo e tentar matá-lo... Pensando bem, até que não seria tão ruim ter finalmente uma libertação.

Durante todos os dias em que esperava pelo retorno de Zoro, sempre sem a certeza de se ele realmente um dia voltaria, Sanji ficava pateticamente ansioso, quase como se sua existência agora significasse apenas isso. Por mais que ele desejasse com todas as forças reencontrar o jovem, ao mesmo tempo orava para que ele não voltasse mais lá. Ele era só um vampiro que nasceu devido a um erro, que nunca deveria ter existido, sem contar que se nunca tivesse nascido, jamais retiraria a vida preciosa de uma pessoa e por isso jamais se perdoaria.

Caso Zoro não voltasse, encontraria sua libertação e o espadachim não precisaria mais sentir-se tão enojado só de vê-lo. Mas, no fundo, Sanji só queria vê-lo de novo. De novo. E de novo. Aquele castelo era triste, solitário e silencioso sem a presença de quem só deveria ser seu banco de sangue, só que não era apenas isso. A incerteza de se algum dia o veria novamente o fazia se isolar dentro de seu caixão no local mais profundo do castelo e passar horas lá, mesmo que não estivesse de noite ou dormindo.

Porém, assim que sentia o cheiro do sangue que amava tanto, parecia que se sentia capaz até mesmo de sair no sol sem entrar em combustão. E ele sorria. Sanji sorria de forma patética e ia imediatamente recepcioná-lo, ansioso para vê-lo outra vez. E era sempre doloroso ver a expressão de nojo e desgosto no rosto moreno, mesmo que soubesse que ela estaria sempre lá quando o assunto fosse ele. Ainda assim não se importava. O castelo, agora tão bem iluminado mesmo tarde da noite, parecia se tornar quente e aquecer seu corpo gelado. Só de ver Zoro por um segundo ele sentia vontade de viver.

Se aquilo que o garoto estava oferecendo fosse efetivo, sem dúvidas não se importaria em aceitar ser alimentado apenas daquela forma, se para o humano assim fosse mais confortável, tudo bem. Sanji aceitou a garrafa e a tomou em mãos. Diferente da última vez, ele não estava faminto, a quantidade de dias sem alimento até fora aceitável, então ele não agiu como um monstro sanguinário e virou o vidro em sua boca, era melhor evitar demonstrar seus instintos na frente do caçador.

- Eu realmente queria que minha fome fosse sanada dessa forma, infelizmente só vai me manter vivo por uma quantidade mínima de tempo... Sangue assim não tem o mesmo efeito do que tirado quente direto da fonte. - Era um tanto óbvio aquilo, ou ele teria um estoque de sangue de pessoas que morreram para não precisar atacar e machucar seres vivos.

Zoro não queria nem pensar nas palavras grotescas que havia acabado de ouvir, só queria se retirar dali o mais rápido possível. Sangue quente direto da fonte. Nem tinha certeza se aquilo era verdade mesmo ou se o vampiro apenas gostava mais daquele jeito terrível, gostava da sensação de enfiar suas malditas presas, de sentir que estava tirando um pouco da vida de alguém daquele jeito.

Pensar no prazer que uma criatura daquelas sentia com aquilo era um nojo. Lembrava de sua irmã morrendo e aquilo fazia seu estômago ficar doente, suas entranhas se contorcerem.

- Nojento demais. - Zoro se virou de costas antes que aquele ser começasse a beber seu sangue de forma faminta e asquerosa, piorando mais ainda a náusea que sentia. Saiu do castelo o mais rápido que pôde a passos largos, mas não foi o suficiente. Assim que fechou bruscamente o portão atrás de si, vomitou todo seu café-da-manhã e amaldiçoou aquele monstro nojento.

Your Blood Is My Wine - ZoSan Where stories live. Discover now