Prólogo - Lawrence.

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Sempre me perguntei como seria minha vida aos dezoito anos, mas nunca me perguntei o que seria de mim aos dezoito anos. Talvez mais alta, mais magra, com cortes, feliz, ou completamente destruída. Talvez eu morra sozinha, sem amor, com a frieza de um assassino.

Não sei como começar a escrever esta carta, mas eu me suicidei aos quatorze anos.

Nunca tentei ser legal como os outros adolescentes, na verdade sempre tentei deixá-los cegos sobre mim.

Como uma escuridão.

Os outros eram como uma luz, bem no último passo do túnel escuro.

Às vezes, passar pelo corredor era como ser arrastada para o fundo do oceano, a sensação de mil correntes se alastrava fortemente pelo meu corpo.

Mas talvez eu devesse ser uma pessoa melhor, ou não.

Era o último dia do verão quando tudo aconteceu.

Yeri e Jimin, dois irmãos, dois pecados e duas pequenas partículas de insanidade acharam que a melhor forma de afogar suas mágoas mútuas, seria festejando em sua enorme casa no leste da cidade, na qual banhava a rua com as cores roxas de néon.

Yeri descia as escadas enquanto colocava seus brincos. Desmanchava seu sorriso ao notar diferenças no ambiente da sala.

— Puta merda! Sabe que a mãe vai surtar quando ver o quadro dela fora do lugar, não é?

— Que se foda, Yeri. Eles nem se importam com a gente. Mamãe tá ocupada demais mamando o motorista enquanto o papai fode com a empregada, eles nem vão reparar o quadro.  - Jimin debocha da garota, logo, pega uma garrafa de Champanhe. -

A garota aproxima seu rosto ao pé do ouvido do depravado irmão e sussurra para o garoto.

— Essa é a última chance de mostrarmos que podemos ser emancipados! Se você foder com tudo, eu arranco o seu pau com as minhas próprias mãos. - Em seguida puxa brutalmente a garrafa virando tudo na boca. -

A casa estava tremendo, e tudo que parecia velho se tornava novo.

As luzes invadiam nossas auras, e mesmo vazios, por um milésimo de segundo nos sentíamos cheios, uma felicidade contínua que só poderia ser desfrutada através do pó branco de cocaína achado na prateleira da sala, ficávamos completamente chapados. Mas eu... eu estava me drogando no canto da sala.

Naquele momento da minha vida tudo estava uma merda, meus pais estavam se divorciando, minha irmã foi embora, e eu sentia que minha vida estava se acabando.

Era como se o trem da minha juventude estivesse passando e eu acabasse de perdê-lo.

Por um instante, observar as estrelas era o que me fazia bem, mas agora... apenas sob os efeitos da LSD.

Usar essas drogas para mim, era quase ter um infarto, e às vezes minha vida inteira era passada diante dos meus olhos.

Depois de alguns minutos, uma forte depressão me possuía.

Eu suava, me tremia, olhava para o céu e podia vê-lo desmoronar.

Eu conseguia até enxergar uma baleia jubarte atravessar a sala.

Então, sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto
e o medo de morrer se tornava maior.

E tudo acabava.

EpiphanyWhere stories live. Discover now